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F1 22 e a armadilha das franquias anuais

Embora tenha bom conteúdo, F1 22 não consegue se desvencilhar da sensação de "Mais do Mesmo" que assola franquias anuais

2 anos atrás

F1 22 é a versão mais recente da franquia de corrida baseada na Fórmula 1, o 15.º título da série desenvolvido pela Codemasters, e o segundo desde que o estúdio foi comprado pela EA, em 2021. Em termos de fidelidade, ele contém todas as alterações da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), nos carros, pilotos e pistas.

F1 22 (Crédito: Divulgação/Codemasters/Electronic Arts)

F1 22 (Crédito: Divulgação/Codemasters/Electronic Arts)

Como já temos um review completo no Tecnoblog, este artigo vai apontar apenas o que há de novo no game, o que não mudou, e principalmente, a política de lançamentos anuais, que pode ser tanto uma bênção, quanto uma maldição; no caso particular de F1 22, o jogo anda na divisa entre os dois territórios.

O que há de novo em F1 22

De cara, modificações nos carros foram implementadas para refletir as mudanças impostas pela FIA em 2022, como a volta do efeito solo, que mexeu na aerodinâmica dos carros, e o uso de pneus de 18 polegadas, para aumentar a estabilidade.

Na parte das pistas, temos a volta do circuito de Miami, bem como modificações nos traçados de Barcelona-Catalunha (Espanha), Albert Park (Austrália) e Yas Marina (Abu Dhabi), todas seguindo a temporada 2022.

F1 22 (Crédito: Reprodução/Codemasters/Electronic Arts)

F1 22 (Crédito: Reprodução/Codemasters/Electronic Arts)

Tecnicamente, alguns notarão que a mudança nos modelos dos carros, que ficaram ligeiramente maiores, pode causar um efeito contrário ao que a FIA sugeriu para as corridas reais, o de aumentar a ocorrência de ultrapassagens. Em F1 22, executar uma com sucesso ficou um pouquinho mais difícil.

Já a inclusão dos supercarros esporte foi uma novidade interessante. É possível participar de diversos desafios, que não estão trancados atrás de microtransações, dirigindo alguns dos carros mais desejados do mundo, de montadoras como Ferrari, Aston Martin, McLaren, Mercedes-Benz, etc. Dá até para dirigir os Safety Cars.

Há desafios de velocidade, drifting e muito mais, e dá para se sentir um piloto de testes pisando fundo em um supercarro nas pistas oficiais da Fórmula 1. Foi uma clara tentativa da EA para bater de frente com os rivais Forza Horizon 5 e Gran Turismo 7, mas nos seus termos.

Some say... (Crédito: Reprodução/Codemasters/Electronic Arts)

Some say... (Crédito: Reprodução/Codemasters/Electronic Arts)

Isso posto, o modo F1 Life, defendido pela EA e Codemasters como uma grande novidade, é meramente uma galeria de arte, ou melhor, um modo para exibir sua coleção de supercarros, alterar a mobília de seu lounge, e personalizar seu piloto original.

Outra novidade interessante é o modo Pit-Stop Imersivo, que coloca o controle para entrada nos boxes na mão do jogador. Se você for ruim de timing, sua equipe poderá cometer erros na manutenção, lhe custando segundos preciosos. Para evitar isso, é possível melhorar a capacidade de seu time com recursos ganhos in game, tornando-o mais eficientes.

Nem tudo são flores, e o ponto negativo de F1 22 que mais incomodou foi a remoção do modo História, ou "Ponto de Frenagem". Presente em F1 2021 (e em F1 2019, mas no modo Carreira), este era um conteúdo narrativo similar ao presente em jogos passados da série FIFA, onde você acompanhava a trajetória do piloto da Fórmula 2 Aiden Jackson.

Segundo Lee Mather, diretor criativo sênior da Codemasters, a desenvolvedora coloca muito esforço para desenvolver o modo História, assim, não é tecnicamente viável lançar um capítulo por ano. Segundo ele, "incluir uma história a cada dois anos é um ritmo gerenciável", logo, ele deve voltar em F1 23.

O que não mudou

O pacote gráfico de F1 22 é praticamente o mesmo de F1 2021, levemente polido e envernizado para parecer novo. As animações de circuitos, pódio, grid de largada, são as mesmas. O visual geral também pouco mudou, mesmo na versão para consoles de nova geração e nos ajustes mais exigentes para PC. Ainda assim, visualmente o game continua bem bonito.

F1 22 (Crédito: Reprodução/Codemasters/Electronic Arts)

F1 22 (Crédito: Reprodução/Codemasters/Electronic Arts)

A jogabilidade mudou para refletir as mudanças no regulamento, mas não há nada de outro mundo aqui. O jogador só tem agora o Carreira e os desafios dos supercarros como modos offline, e tudo o mais é online.

Na minha opinião, F1 22 é um sorvete de baunilha com uma calda diferente, mas sem os toppings mais gostosos. Falando nisso...

Vale a pena investir todo ano?

Esta é a pergunta de um milhão. Não é novidade que ao longo dos anos, as desenvolvedoras fizeram de tudo para capitalizar franquias que tivessem o potencial de serem atualizadas anualmente, no que os títulos de esporte e automobilismo são os mais óbvios, para seguir as mudanças e novidades das temporadas.

A EA deteve por muito tempo um contrato exclusivo com a FIFA, que desceu pelo ralo recentemente, e com a NFL. A FIA/Fórmula 1 voltou para o seu portfólio graças à aquisição da Codemasters, em último caso, servindo como uma compensação pelo fim da parceria direta com a federação de futebol.

F1 22 (Crédito: Reprodução/Codemasters/Electronic Arts)

No entanto, a crise financeira global pegou pesado, e muitos passaram a questionar se é sensato gastar o valor de um AAA todos os anos, apenas para dirigir os carros mais recentes, ou jogar com as escalações mais atuais possíveis de times e ligas, o que nem todo mundo considera justificável.

A Konami percebeu isso e tratou de transformar a série PES em eFootball 2022, um Jogo Como um Serviço (GaaS), mas tal abordagem tem sua própria cota de problemas. A EA, no que lhe concerne, está revendo o conceito de sazonalidade para FIF... perdão, a edição para 2023 de EA Sports FC.

F1 22 fica no meio-termo. A FIA introduz anualmente mudanças para a temporada, de modo a aumentar a competitividade e diminuir as diferenças entre as escuderias. As mais recentes são itens que os defensores da sazonalidade usam para justificar a existência do game. Por outro lado, muita gente sentiu a remoção do modo História, com o Carreira sendo agora o único modo de jogo de um jogador disponível; o F1 Life não é mais que um modo Galeria, e a possibilidade de dirigir carros esporte é uma opção mediana.

Para jogadores casuais, F1 2021 e F1 22 não são tão diferentes, na verdade, o mais recente peca por ter conteúdo a menos. Por outro lado, fãs da Fórmula 1 podem ficar satisfeitos com as mudanças introduzidas, de modo a tentar refletir as do mundo real dentro do game.

No fim, a resposta é "depende". No caso, do que você procura encontrar em F1 22, se fidelidade ou mais conteúdo.

F1 22 — Ficha Técnica

  • Plataformas — PS5, Xbox Series X|S, PS4, Xbox One e Windows (analisado no PS5, com cópia cedida pela Electronic Arts);
  • Desenvolvedora — Codemasters;
  • Distribuidora — Electronic Arts;
  • Classificação Indicativa — Livre.

Pontos fortes:

  • Modo Carreira reflete a atual temporada da Fórmula 1;
  • Desafios dos supercarros são divertidos.

Pontos fracos:

  • Adeus modo História;
  • Pacotes gráficos reciclados de F1 2021.

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