Dori Prata 12 semanas atrás
Foi em maio de 1982 que Trip Hawkins, um funcionário da Apple, decidiu sair da empresa e fundar uma editora de jogos. Com o pomposo nome de Electronic Arts, aquela companhia alcançaria o topo do mundo, mas após quatro décadas e vários altos e baixos, chegou a hora dela entrar numa nova era. Eu lhes apresento, a EA Entertainment!
A novidade — que pegou muita gente de surpresa — foi comunicada pelo CEO da Electronic Arts, Andrew Wilson e faz parte de uma grande reformulação pela qual a empresa será submetida nos próximos meses.
“Essa evolução da nossa companhia continua a capacitar os nossos líderes de estúdios com mais propriedade criativa e responsabilidade financeira, para tomar decisões mais rápidas e perspicazes sobre o desenvolvimento e estratégias de mercado,” defendeu o executivo. “Essas etapas acelerarão o nosso negócio, impulsionarão o crescimento e agregarão valor de longo prazo para o nosso pessoal, os nossos jogadores e as nossas comunidades.”
Para chegar a este resultado, a EA Sports passará a atuar como uma empresa separada e o que antes conhecíamos como EA Games, agora assumirá o nome EA Entertainment. “Estamos construindo o futuro do entretenimento interativo sobre a fundação de franquias lendárias e novas experiências inovadoras, que representam oportunidades massivas para o crescimento,” declarou Wilson.
Assim, sob as asas da EA Entertainment ficarão estúdios como a DICE, Respawn, BiioWare, EA Originals, Ripple Effect e Ridgeline Games. Já a EA Sports cuidará de todos os jogos de corrida e de esportes, o que engloba marcas poderosas como Need for Speed, F1, Madden, PGA Tour e EA Sports FC, que substituirá a série FIFA.
Essa restruturação também fará uma grande dança das cadeiras no alto escalão da Electronic Arts. A principal delas será para Laura Miele, que deixará o posto de Diretora de Operações para assumir a presidência da EA Entertainment, Technology & Central Development.
Entre os que deixarão a Electronic Arts temos Chris Bruzzo, Diretor de Experiência que será substituído por David Tinson; e Chris Suh, então Diretor Financeiro cujo cargo será assumido por Stuart Canfield.
Porém, alguns postos não serão alterados, como é o caso da presidência da EA Sports, que continuará nas mãos de Cam Weber, ou de Vince Zampella, cofundador da Respawn Entertainment e que seguirá cuidando de franquias como Apex Legends, Star Wars e Battlefield. Quanto a Andrew Wilson, sua posição como CEO da Electronic Arts também será mantida.
Indícios de que a EA estava preparando esta grande reformulação vinham sendo dados há alguns meses. Isso pôde ser visto na desistência em renovar o contrato com a FIFA para continuar utilizando a marca da entidade máxima do futebol, até a confirmação de que a BioWare deixará o desenvolvimento do Star Wars: The Old Republic a cargo da Broadsword Online Games para focar nas séries Mass Effect e Dragon Age.
Contudo, o maior passo nesta direção foi dado em março deste ano, quando a Electronic Arts revelou a intenção de cortar 6% do seu quadro de funcionários, o que poderia representar 775 demissões. “À medida que focamos mais em nosso portfólio, estamos nos afastando de projetos que não contribuem para a nossa estratégia, revisando os nossos escritórios e reestruturando algumas das nossas equipes,” disse na ocasião, Andrew Wilson, que ainda admitiu não ser fácil lidar com demissões.
Será interessante observar se essa divisão terá impacto real no desenvolvimento de jogos, mas num primeiro momento, não consigo enxergar grandes mudanças. Por mais que as pessoas adorem odiar a Electronic Arts, várias das suas franquias continuam vendendo muito bem e desviar o caminho que elas vêm seguindo seria bastante arriscado.
Peguemos como exemplo os títulos publicados sob o selo EA Sports. O FIFA 23 precisou de apenas seis meses para superar as vendas totais do seu antecessor, já o Need for Speed Unbound teria faturado mais de US$ 14 milhões no Steam apenas durante o seu primeiro mês. Logo, se eles optaram por manter Cam Weber, imagino que o executivo esteja alinhado com os planos da editora e os jogos de esporte e corrida continuarão sendo produzidos sem muitas mudanças — leia-se, explorando as microtransações.
Agora, o que essa divisão deixa bem claro é o poder que a EA Sports adquiriu. Com boa parte do faturamento da Electronic Arts vindo dos títulos produzidos por este selo, fazer com que ele passe a atuar sob uma certa independência é um sinal do quanto Wilson confia em Weber e seus comandados.
Por outro lado, a criação da EA Entertainment pode ser um indicativo de que a empresa estaria pensando em esticar seus tentáculos para além dos videogames. Com as adaptações para o cinema e TV tendo conseguido sucesso nos últimos anos, pode ser que a empresa esteja cogitando apostar mais pesado nessas áreas e marcas poderosas para fazer isso eles possuem em abundância.
Por enquanto, o único longa baseado numa franquia da EA foi o Need for Speed: O Filme, lançado em 2014. Já as franquias Dead Space e Dante’s Inferno deram origem a algumas animações e para o futuro, espera-se que o It Takes Two e o American McGee’s Alice também sejam adaptados. Outro que deverá virar série é o Mass Effect, que em 2012 também virou a animação Paragon Lost.
Será, portanto, que estamos realmente prestes a ver uma nova fase da Electronic Arts? A conferir...
Fonte: Gamespot