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Immortals of Aveum — Magic DOOM com poucas novidades

Immortals of Aveum é um magic shooter que tenta inovar no cenário de FPS, mas mesmo sem se destacar muito, traz algumas ideias interessantes

33 semanas atrás

Immortals of Aveum é o título de estreia da Ascendant Studios, desenvolvedora fundada em 2018 por Bret Robbins, ex-diretor criativo da Sledgehammer Games, um dos estúdios responsáveis pela franquia Call of Duty. Exatamente por isso, as comparações entre o magic shooter e a série da Activision foram inevitáveis, ainda que o game penda mais para o lado de DOOM.

Immortals of Aveum (Crédito: Divulgação/Ascendant Studios/Electronic Arts)

Immortals of Aveum (Crédito: Divulgação/Ascendant Studios/Electronic Arts)

Além da estética, focada no fantástico e sobrenatural, algumas decisões de design, jogabilidade e progressão remetem ao FPS da id Software, embora o game também pegue emprestado conceitos de CoD, Battlefield e outros FPS, o que evidencia seu maior defeito: Immortals of Aveum é uma colcha de retalhos, que reúne ideias alheias sob uma skin mágica.

Guerra é guerra, com ou sem magia

O enredo principal de Immortals of Aveum é um tanto batido. O mundo de Aveum é assolado por uma guerra pelo controle da magia, que envolve as cinco nações do planeta. A população é dividida entre quem tem mais e menos afinidade com magia, e desnecessário dizer que os primeiros, os magni, são os nobres e exercem domínio sobre os sem-luz, os buchas de canhão.

Jak (Darren Barnet, visto recentemente no filme Gran Turismo) é um sem-luz que vive em uma favela debaixo de uma ponte no reino de Lucium, o único que ainda consegue resistir às investidas do reino de Rasharn e seu sanguinário líder, o grão-magnus Sandrakk (Steven Brand, o lorde Vitomir de Vikings: Valhalla).

Em uma dessas incursões toda a família de Jak vai para a vala, e claro, isso libera sua fúria incontrolável (cuidado, TV Tropes), no que ele lança um ataque mágico devastador nos seus inimigos.

Immortals of Aveum (Crédito: Reprodução/Ascendant Studios/Electronic Arts)

Immortals of Aveum (Crédito: Reprodução/Ascendant Studios/Electronic Arts)

Jak é então revelado como um "fortuito", um caso raro quando um sem-luz ganha acesso a uma quantidade enorme de poder, o equiparando a um magnus, mas nosso protagonista é ainda mais especial, um "triarca", e pode manipular todos os três aspectos (cores) da magia, no que a maioria só consegue dominar um. Sim, a piada pronta do Jak-of-All-Trades, e eu já disse para tomar cuidado com o TV Tropes.

Jak é então treinado por 5 anos por Kirkan (Gina Torres, a Zoe Washburne de Serenity e Firefly), a grã-magnus de Lucium, para se tornar um imortal, a elite da elite dos magni, e uma peça-chave para vencer a guerra e Sandrakk, antes que o próprio mundo de Aveum seja destruído, pelo abuso da magia.

Déjà vu mágico

Immortals of Aveum é um FPS com temática fantástica, mas definitivamente não é um Call of Duty com feitiços, como quase toda a mídia especializada diz ser. Ele usa uma série de convenções do gênero, mas sua cadência pende bem mais para o lado de DOOM, graças às suas mecânicas.

Não há um modo de foco de mira, por exemplo. O jogador precisa usar o direcional e posicionar a retícula perfeitamente sobre o alvo, o que aumenta um pouco a dificuldade para lançar feitiços de precisão, mas na maioria do tempo, você não vai precisar.

Immortals of Aveum (Crédito: Reprodução/Ascendant Studios/Electronic Arts)

Immortals of Aveum (Crédito: Reprodução/Ascendant Studios/Electronic Arts)

Graças a Jak ser capaz de usar todas as três cores da magia de Aveum, seu repertório de encantamentos e customizações é vasto. Os selos (braceletes) azuis fornecem tiros precisos a média distância e de poder mediano, os vermelhos contam com ataques de área poderosos, mas com baixa "munição" e de curto alcance, e os verdes entregam grande munição a longa distância e grande cadência, mas baixa precisão.

Basicamente os selos são rifles de assalto, espingardas, e metralhadoras respectivamente, mas há também outros equipamentos. Jak pode usar acessórios adicionais na mão esquerda, como um laço que puxa um adversário e abre sua defesa, e um desacelerador que aplica o efeito de câmera lenta, útil também para resolver puzzles.

Os equipamentos incluem anéis que melhoram seus status, e há também uma árvore de progressão que habilita novas magias, fortalece seus atributos, etc.

Immortals of Aveum (Crédito: Reprodução/Ascendant Studios/Electronic Arts)

Além dos selos, Jak pode usar feitiços com combinações de botões, quwe permitem quebrar os escudos de inimigos, ou atingir alvos a grandes distâncias com petardos teleguiados de média potência, além de sua habilidade especial (e limitada) que é basicamente um Kamehameha.

Passando à parte técnica, Immortals of Aveum ganha pontos pela construção de um mundo bastante original, com uma grande e rica mitologia que deixa muito a ser explorado no futuro, mas como um FPS, há pouco o que destacar. Tirando a temática e algumas ideias originais, boa parte de seus elementos vieram de outros games, dentro e fora de seu gênero. É como se a Ascendant Studios tivesse feito uma "sopa de pedra", ao jogar na panela tudo o que achou na geladeira.

O visual do game é bonito, mas não é nada impressionante e poderia muito bem se passar por um game do PS4 ou Xbox One. A trilha sonora usa temas instrumentais e outros mais modernos, para dar um ar cool aos combate, o que pode causar certa estranheza.

No mais, a localização por parte da EA foi feita direitinho, e temos desde todos os textos e legendas sem nenhum erro aparente, a um bom trabalho de dublagem.

Conclusão

Immortals of Aveum é um FPS curioso para o fim de 2023, e uma opção ao remake de Call of Duty: Modern Warfare 3. Embora não esteja no mesmo nível que a franquia da Activision, a estreia da Ascendant Studios mais acerta do que erra, mesmo usando várias ideias dos outros.

A meu ver, é um exercício de curiosidade e uma variação honesta do gênero, que foge do lugar-comum.

Immortals of Aveum (Crédito: Reprodução/Ascendant Studios/Electronic Arts)

No fim, Immortals of Aveum é um dos mais curiosos lançamentos de 2023, e mesmo que não seja memorável, ele abre possibilidades tanto para futuros títulos ambientados no mundo de Aveum, que merece ser melhor explorado, quanto para a Ascendant Studios, que merece entrar no radar do público.

Immortals of Aveum — Ficha Técnica

  • Plataformas — PS5, Xbox Series X|S e Windows (analisado no PS5, com cópia cedida pela Electronic Arts);
  • Desenvolvedora — Ascendant Studios;
  • Distribuidora — Electronic Arts;
  • Classificação Indicativa — 14 anos.

Pontos fortes:

  • Construção de mundo bem executada, e mitologia própria;
  • Enredo interessante, com vários plot twists.

Ponto fraco:

  • Tire a skin mágica, e restam poucas mecânicas inovadoras.

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