Dori Prata 2 anos atrás
Chegando ao PlayStation 4 e PlayStation 5 com a pesada responsabilidade de levar a série de volta às suas origens, o Gran Turismo 7 foi bastante elogiado pela crítica especializada, mas há ao menos um elemento do jogo que tem deixado muitos jogadores irritados: o seu modelo de monetização.
Num jogo que se vende como uma homenagem à cultura automobilística, era de se esperar que teríamos a vida um pouco facilitada quando se tratava de podermos pilotar diversos bólidos, mas infelizmente a ganância da Sony parece ter falado mais alto.
Assim como muitos títulos hoje em dia, a criação da Polyphony Digital não se envergonha de tentar esvaziar nossas carteiras e assim que ele chegou às lojas, começaram as reclamações pelos valores cobrados para desbloquearmos alguns carros. Variando de R$ 13,50 (100 mil créditos) até R$ 104,90 (2 milhões de créditos), os pacotes até poderiam render uma boa quantidade de carros, mas a “inflação” imposta pela editora fez com que o nosso dinheiro perdesse muito poder de compra.
Um exemplo disso pode ser visto no Porsche 919 Hybrid 16, veículo que no Gran Turismo Sport era vendido por cerca de R$ 16, mas que no Gran Turismo 7 nos custará 3 milhões de créditos. Isso quer dizer que os interessados precisarão comprar dois pacotes de 2 milhões de créditos, fazendo com que o carro saia por pouco mais de R$ 157.
Há ainda casos mais absurdos, como o Aston Martin Vulcan ’16 e a McLaren P1 GTR ’16. No jogo anterior da Polyphony Digital, ambos custavam aproximadamente R$ 25, mas neste o valor do primeiro subiu para 3,3 milhões de créditos, com o segundo custando 3,6 milhões de créditos, o que significa termos que gastar R$ 226,20!
Tais valores já seriam considerados muito altos pela maioria das pessoas, mas há um detalhe que torna a situação ainda mais revoltante: o preço do próprio Gran Turismo 7. Para quem for jogar no PlayStation 4 será preciso despejar R$ 299,90 na sua compra. Já os interessados em ter uma cópia que também rode no PlayStation 5 precisarão gastar mais, com o valor saltando para R$ 349,90. Prefere a Edição Deluxe (que dá um carro, 30 avatares, a trilha sonora e 1,5 milhão de créditos)? Sem problema, basta investir R$ 449,50.
Alguém poderá defender a Sony dizendo que não somos obrigados a gastar um centavo para termos acesso aos carros, afinal eles podem ser adquiridos com as premiações que conquistamos correndo. O problema é que apesar de isso ser verdade, o aumento vertiginoso no preço de alguns veículos no Gran Turismo 7 não deixa muita dúvida de que a empresa estava decidida a nos empurrar em direção às microtransações.
Conseguir uma quantidade tão alta para adquirir um desses carros mais valiosos exige várias e várias horas de dedicação e embora eu concorde que um superesportivo não pode ser tão facilmente adquirível quanto um carro popular, não consigo ver diversão em sermos forçados a passar por um grind tão violento quanto esse.
Contudo, aquilo que já parecia muito ruim quando o jogo foi lançado, conseguiu se tornar bem pior. Percebendo que algumas pessoas estavam aproveitando algumas provas para ganhar créditos de maneira mais rápida, a Polyphony Digital lançou uma atualização que visa acabar com a festa.
Com isso, algumas corridas tiveram suas premiações cortadas significativamente e se antes era difícil nos mantermos motivados a continuar jogando para adquirir os carros lendários sem precisar colocar a mão no bolso, agora será preciso muito mais tempo e dedicação.
Para ilustrar melhor a situação, saiba que exceto pelas provas World Touring Car 800: 24 heures du Mans Racing Circuit e World Touring Car 800: Monza Circuit, cujos prêmios saltaram de 5 mil para 70 mil créditos, as reduções passaram a ser as seguintes:
Talvez aqueles que conseguirem adquirir os veículos mais caros do Gran Turismo 7 apenas jogando tenham alguma satisfação, afinal o trabalho será árduo e tais pessoas vejam o fruto de seu esforço como motivo de orgulho. O que fico pensando é como essa pessoa se sentiria após dedicar várias horas para montar uma garagem de respeito e visse que outro jogador conseguiu o mesmo em segundos, simplesmente por não ver problema em torrar o limite do cartão de crédito.
Eu até concordo com a ideia de que quanto mais opções tivermos, melhor. Nem acho que seja um problema a empresa garantir acesso a um carro ou personagem mediante um pagamento, mas a partir do momento em que para aumentar seu lucro ela começa a prejudicar a diversão daqueles que só querem jogar, não consigo defender a prática.
Tudo bem, existe ainda um possível atenuante de que esses carros raros entram em promoção de tempos em tempos, mas a verdade é que isso não passa de um incentivo a adquirirmos mais créditos, com os jogadores que não possuem a quantia necessária sendo levados a gastar por saberem que tão cedo não terão outra oportunidade como essa.
Uma estratégia tão rasteira como essa costuma me fazer perder o interesse por um jogo e mesmo gostando bastante da série, saber o que a Sony e Polyphony Digital tem feito com o Gran Turismo 7 me fez perceber que o melhor talvez seja esperar um pouco antes de adquiri-lo. Mesmo porque, além de toda essa questão envolvendo a progressão na campanha e as microtransações, há ainda o fato de o título só poder ser jogado ao estarmos online, o que infelizmente nos leva a problemas como ele ficar várias horas indisponível devido a seus servidores estarem passando por manutenção.
Due to an issue found in Update 1.07, we will be extending the Server Maintenance period. We will notify everyone as soon as possible when this is likely to be completed. We apologize for this inconvenience and ask for your patience while we work to resolve the issue. #GT7
— Gran Turismo (@thegranturismo) March 17, 2022
Fonte: Push Square