Dori Prata 2 anos atrás
A antipatia dos japoneses pelos consoles da família Xbox é algo notório e que pode ser explicada pela aversão do público de lá por qualquer coisa produzida fora do país. Romper essa barreira não é uma tarefa fácil e por mais que a Microsoft tenha se esforçado para mudar esse cenário, com o Xbox One a empresa descobriu que ainda teria um longo caminho pela frente.
Quem mostrou como se desenrolou a história da Gigante de Redmond no arquipélago nas última duas décadas foi a conceituada revista Famitsu. Ao publicar um artigo celebrando os 20 anos da chegada do primeiro console da empresa por lá, o periódico revelou que no total apenas 2,3 milhões de Xbox foram vendidos no Japão, detalhando os números de vendas de cada aparelho com a seguinte lista:
Há alguns detalhes que considero interessantes nessa lista, começando pelo relativo ótimo desempenho do Xbox 360 no Japão. Comparado com o seu antecessor, estamos falando de uma venda quase quatro vezes superior, o que poderia ser o indicativo de que a marca havia encontrado seu caminho.
Porém, a maneira como os japoneses ignoraram o Xbox One é algo que provavelmente acendeu um sinal de alerta nos escritórios da Microsoft. Talvez o público de lá tenha odiado a maneira como esse videogame foi apresentado, talvez a sua inicial exigência do Kinect não tenha sido bem-vista e talvez os jogadores simplesmente não tenham aprovado a biblioteca do console. Difícil saber ao certo, mas é possível também que tudo isso tenha contribuído para o insucesso comercial naquele país.
Algo que demonstra o quão fraco foi o desempenho do Xbox One no Japão é o número atual do seu sucessor. Segundo a matéria, o Xbox Series S|X já teria vendido 27 mil unidades a mais do que o aparelho da oitava geração, sendo que o atual videogame chegou às lojas há apenas pouco mais de um ano.
Ainda assim, é muito cedo para dizermos que a marca caiu nas graças dos consumidores japoneses, com a distância para o número de vendas do Xbox 360 ainda sendo muito grande e possivelmente não podendo ser alcançada. Digo isso porque com aquele console a Microsoft apostou pesado na criação de títulos exclusivos, com jogos como Blue Dragon, Lost Odyssey e Infinite Undiscovery certamente tendo lhes ajudado a vender algumas centenas de videogames.
E por falar em jogos, a revista também revelou os cinco títulos que registraram os melhores desempenhos no Japão. São eles:
Dentre eles, o mais impressionante certamente é o Dead or Alive 3, afinal 46% de todos que possuíam o primeiro Xbox acabaram comprando o jogo de luta da Tecmo e que foi exclusivo para a plataforma.
Mas seria possível a Microsoft reverter essa situação? Para algumas pessoas, a única maneira deles conseguirem uma fatia maior daquele mercado seria adquirindo uma grande desenvolvedora/editora japonesa, algo como a Sega, Capcom ou Square Enix. Em 2019 Phil Spencer chegou a declarar o interesse da sua empresa em tapar “um buraco” que eles tinham na Ásia, mas para o ex-editor da revista Edge, Nathan Brown, esta é uma possibilidade que parece pequena, dada a resistência dos japoneses a serem adquiridos por empresas de outros países.
Já para o Dr. Serkan Toto, CEO da empresa de consultoria Kantan Games, aquisições hostis são muito raras no Japão e “uma entidade estrangeira assumindo um estúdio de capital aberto contra sua própria vontade seria uma missão suicida: todos [os funcionários] sairiam instantaneamente.” O analista então brincou, dizendo que apostaria sua casa que isso não vai acontecer.
Isso quer dizer que uma grande aquisição por parte da Microsoft está descartada? Não necessariamente, até porque depois deles partirem para cima da Activision Blizzard, tudo é possível. Nós também não podemos dizer que, por ter vendido pouco no Japão o Xbox One pode ser considerado um videogame ruim.
Além de contar com mais poder de processamento que o seu concorrente direto (considerando o Xbox One X), o ecossistema fornecido pela Microsoft é fantástico, com uma assinatura do Game Pass servindo como um grande diferencial — principalmente para quem estiver chegando ao console agora e/ou não tiver muitos jogos na sua coleção.
O que não consigo entender é como esse videogame teve uma base instalada tão relativamente tão modesta. Segundo o site VGChartz, apenas pouco mais de 50 milhões de unidades do Xbox One foram vendidas, número bem inferior aos 85 milhões do seu antecessor e menos da metade dos 116 milhões do PlayStation 4. Na minha opinião, aquele o videogame merecia uma melhor sorte.
Fonte: Video Games Chronicle