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Sobre Microsoft, Activision Blizzard e a ampliação de mercados

Com a compra da Activision Blizzard, agora a Microsoft terá uma grande arma para explorar não só os mercados de consoles e PC, mas também o mobile

2 anos atrás

Como você já deve estar sabendo, na terça-feira (18) a Microsoft resolveu ir às compras e para a surpresa de muitas pessoas, dessa vez a empresa investiu numa gigante, uma ainda maior que a ZeniMax Media. Se tudo correr bem (leia-se, os órgãos reguladores não interferirem), até 2023 a Gigante de Redmond passará a controlar também a Activision Blizzard, um movimento que fará mudanças profundas em toda a indústria de games.

Microsoft - Activision Blizzard

Crédito: Divulgação/Microsoft

Por se tratar de um dos maiores negócios da história do entretenimento, as pessoas ainda estão tentando entender tudo o que envolve essa investida da Microsoft e os próprios números envolvidos servem para termos uma noção. Para começar, estamos falando de uma compra de US$ 68,7 bilhões, apenas US$ 2,6 bilhões a menos do que a Disney pagou pela Fox. Para colocarmos em perspectiva, a fusão do Discovery com a WarnerMedia foi avaliada em US$ 43 bilhões, enquanto a Casa do Mickey precisou desembolsar US$ 4 bilhões para comprar a Marvel e outros US$ 4 bilhões pela franquia Star Wars.

E com esta aquisição, a Microsoft passa a ocupar a terceira posição quando se trata das maiores companhias de games do planeta, ficando atrás apenas da Tencent e da Sony, com um faturamento anual que somado, em 2020 ficou na casa dos US$ 21,9 bilhões. Porém, o pesado investimento feito pela empresa comandada por Satya Nadella vai muito além de apenas um desejo de ostentar meia dúzia de marcas famosas ou garantir algumas exclusividades.

E que venha o mercado mobile (e de PC)

Desde que o anúncio da compra da Activision Blizzard foi feito, o que mais vimos nas redes sociais foi o aquecimento da velha (e estúpida) briga entre os fanboys. De um lado vimos aqueles que defendiam a Sony, do outro os que se vangloriavam por a Microsoft ter aumentado ainda mais o seu já vasto portfólio de estúdio. Com franquias como Call of Duty, Diablo e StarCraft estando no negócio, era esperado que tal embate acontecesse, mas o que muitos estão ignorando é o nome King.

Fundado na Suécia em 2003 e com sua sede atualmente estando localizada na República de Malta, esse estúdio pode não chamar a atenção de quem costuma jogar apenas no PC ou nos consoles, muito menos tem a tradição de uma Blizzard, porém, eles possuem algo valiosíssimo: o conhecimento do mercado mobile.

Com o seu catálogo contando com títulos como Farm Heroes Saga, Pet Rescue e Bubble Witch Saga, o grande destaque do estúdio é mesmo o Candy Crush. E foi de olho num mercado que vinha crescendo absurdamente que em 2015 a Activision Blizzard aceitou pagar US$ 5,9 bilhões naquela desenvolvedora. O negócio fez com que a editora passasse a controlar a maior rede de jogos do mundo, com o número de usuários girando na casa dos 500 milhões.

Activision Blizzard - Candy Crush

O fenômeno Candy Crush (Crédito: Divulgação/King)

Alguém poderá considerar absurdo olhar para a King como uma das principais vantagens ao se comprar uma gigante como a Activision Blizzard, mas os números estão aí para provar isso. Apenas no terceiro trimestre de 2021 o estúdio foi responsável por injetar US$ 652 milhões nos cofres da editora, sendo responsável pela maior parte do faturamento da editora.

Ou seja, por mais que as muitas marcas adquiridas pela Microsoft nesta compra certamente servirão para aumentar bastante a sua força, é com a King que a Gigante de Redmond poderá explorar um mercado onde ela ainda não deu muitos passos. Visando aumentar o máximo possível o seu número de “clientes”, Nadella não tem muitas opções que não seja espalhar seus tentáculos pelo mercado mobile e o que poderia ser melhor do que aproveitar todo o conhecimento daqueles que ganharam fama com um jogo em que devemos combinar doces?

Ao menos na teoria, em breve se tornará muito mais fácil levar para os tablets e smartphones algumas das principais franquias do Microsoft Studios (e da Double Fine, da Obsidian, da id Software, da Arkane Studios etc.), com as possibilidades sendo praticamente infinitas. Dinheiro para isso não deverá ser um problema e acho provável que logo a King se torne um estúdio muito maior do que já é, com o seu quadro de funcionários passando para muito dos mais do que os 2600 atuais.

Compre uma gigante, leve um World of Warcraft (Crédito: Divulgação/Blizzard)

Já a outra frente em que a Microsoft deverá se beneficiar bastante é no mercado de jogos para PC. A Blizzard sempre foi uma companhia com muita presença nesta área e por mais que os novos donos venham explorando a plataforma há décadas, inclusive controlando estúdios dedicados quase que exclusivamente aos computadores, é inegável que esse é o maior avanço da empresa para conquistar aqueles que preferem jogar no PC.

Só por causa da Blizzard, agora a Microsoft terá sob o seu guarda-chuva todos aqueles que adoram a série Diablo; milhões que por anos vem se dedicando ao World of Warcraft e muitos outros que se divertem disputando partidas de Warcraft. Além deles, temos ainda os fãs de Overwatch e Hearthstone. Este é um público desejado por qualquer empresa do planeta e desde que os novos donos saibam tratá-lo, permanecerá fiel por muito tempo.

Além disso, não podemos ignorar o fato de que a Activision Blizzard é a responsável pela Major League Gaming, uma organização profissional de eSport fundada em 2002 e que se tornou uma das principais ligas do mundo. Hoje a competição tem como foco os títulos produzidos pela Activision Blizzard, mas alguém ficará surpreso se em breve ela adotar franquias como Halo, Gears of War, Doom ou Age of Empires?

Microsoft também poderá se beneficiar nos eSports (Crédito: Reprodução/SteelSeries/Flicker)

As (muitas) marcas sob os cuidados da Microsoft

Contudo, por mais que o conhecimento da King e da Blizzard de seus respectivos mercados sejam incalculáveis, são as propriedades adquiridas nesses negócios que pesaram na hora de bater o martelo. Sem passarmos muito podemos lembrar dos títulos citados aqui anteriormente, como as séries Call of Duty, Diablo, StarCraft, Warcraft e Candy Crush. Porém, há muitas outras propriedades intelectuais que pertencem à Activision Blizzard, como a Crash Bandicoot, Guitar Hero, Tony Hawk e Spyro the Dragon/Skylanders.

Já para os jogadores das antigas, temos ainda diversas marcas que andam adormecidas, mas cujos diretos ainda são controlados pela editora, o que consequentemente faz com que elas passem a pertencer à Microsoft. Quem fez um levantamento sobre esses jogos foi o jornalista Stephen Totilo, que descobriu pérolas como Hexen, Planetfall, Insterstate ’76, Pitfall!, Heretic, Gabriel Knight e River Raid.

Isso evidentemente não quer dizer que um dia veremos remasterizações, remakes ou até mesmo novas versões desses jogos, mas se não acontecer, será apenas por uma falta de interesse daqueles que deverão passar a controlar tais franquias.

Mas se com a chegada da Activision Blizzard ainda não ficou claro a variedade de séries e estilos que a Microsoft tem nas mãos, a lista abaixo talvez sirva para deixar isso mais claro. Compilada pelo site Gamespot, ela traz um bom apanhado da quantidade de estúdios e jogos que a empresa norte-americana conseguiu adquirir nos últimos meses.

Crédito: Reprodução/Reddit

  • 343 Industries: série Halo.
  • Alpha Dog Games: desenvolvedora mobile focada em jogos 3D.
  • Arkane Studios: Deathloop, DishonoredPrey.
  • Bethesda Game Studios: Fallout, Starfield e The Elder Scrolls.
  • Beenox: estúdio de suporte, principalmente à franquia Call of Duty.
  • Blizzard Entertainment: série Diablo, Rock n' Roll Racing, StarCraftThe Lost Vikings, WarCraft, World of Warcraft etc.
  • Compulsion Games: We Happy Few.
  • Digital Legends: desenvolvedora de jogo 3D para mobile.
  • Double Fine Productions: Broken Age, Costume Quest, Psychonauts
  • High Moon Studios: estúdio de suporte à série Call of Duty; fez anteriormente o jogo do Deadpool e dos Transformers.
  • id Software: Doom e Quake.
  • Infinity Ward: Call of Duty: Modern Warfaree CoD: Warzone.
  • inXile Entertainment: Torment: Tides of Numenera, Wasteland
  • King: Candy Crush Saga, Farm Heroes Saga, Pet Rescue etc.
  • MachineGames: novo jogo do Indiana Jones e Wolfenstein.
  • Mojang Studios: Minecraft.
  • Ninja Theory: Bleeding Edge e Hellblade.
  • Obsidian Entertainment: Avowed, Grounded, Pillars of Eternity, The Outer Worlds
  • Playground Games: série Forza Horizon e reboot do Fable.
  • Radical Entertainment: estúdio de suporte, criadores da série Prototype.
  • Rare: Banjo-Kazooie, Sea of Thieves
  • Raven Software: estúdio de suporte à série Call of Duty, tendo trabalhado ainda em jogos como Singularity e Star Wars.
  • Roundhouse Studios: ainda sem projeto anunciado.
  • Sledgehammer Games: Call of Duty: Vanguarde Call of Duty: WWII.
  • Tango Gameworks: GhostWire: Tokyo e The Evil Within.
  • The Coalition: série Gears of War.
  • The Initiative: Reboot do Perfect Dark.
  • Treyarch: Call of Duty: Black Ops.
  • Toys For Bob: Crash Bandicoot e Skylanders.
  • Turn 10: Forza Motorsport.
  • Undead Labs: State of Decay.
  • World's Edge: série Age of Empires (mas apenas como supervisora).
  • ZeniMax Online: The Elder Scrolls Online.

A quantidade de estúdios envolvidos e o monstro que a divisão Xbox se tornou impressiona. Agora, imagine a responsabilidade de Phil Spencer, que será aquele que em breve comandará todo esse pessoal. Mas como não sou pago para me preocupar com tudo isso, o que quero saber é quando os jogos da Activision Blizzard chegarão ao Game Pass.

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