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Por favor, deixem o Days Gone “descansar em paz”

Diretor do Days Gone afirma que jogo vendeu mais que o Ghost of Tsushima, mas que mesmo assim a Sony fez parecer que o seu desempenho foi uma decepção

2 anos atrás

Após passarem por desenvolvimentos extenuantes, o que uma editora ou uma desenvolvedora mais quer é que a sua criação venda o máximo possível. Por isso os primeiros meses após um lançamento são tão importantes, mas com o passar do tempo, as pessoas envolvidas viram a página e começam a se dedicar a novos projetos. Quer dizer, isso é o que nos acostumamos a ver, mas com o Days Gone a história tem sido um pouco diferente.

Crédito: Divulgação/Bend Studio

Lançado exclusivamente para o PlayStation 4 em 2019, o desenvolvimento daquele jogo teve início seis anos antes e por ter figurado em diversas apresentações da Sony, criou-se uma enorme expectativa em torno dele. Porém, a recepção por parte da crítica não foi das melhores, com o jogo de zumbis tendo alcançado uma média de apenas 71 pontos no Metacritic.

Tudo indicava que o Days Gone resultaria num fracasso comercial e quando Jason Schreier publicou um artigo no Bloomberg afirmando que a fabricante do PlayStation havia vetado a produção de uma continuação, a desconfiança ganhou força.

Naquela ocasião, o diretor Jeff Ross disse que a baixa venda não teria sido um problema para o jogo, chegando a garantir que o Days Gone vendeu mais cópias do que todos os jogos que o estúdio fez combinados” e a situação abriu espaço para uma declaração bastante polêmica feita por John Garvin.

Diretor de criação e roteirista do título, ele defendeu que se os consumidores querem que um jogo tenha continuação, eles deveriam pagar o preço de lançamento, sugerindo assim que a culpa por não termos um Days Gone 2 seria dos próprios fãs. Para Garvin, “não reclame se um jogo não receber uma sequência se não o apoiou no lançamento. É como se o Gof of War tivesse qualquer número de milhões de vendas no lançamento e, você sabe, o Days Gone não.

Como era de se esperar, a declaração repercutiu muito mal entre os jogadores, lançando sobre o título uma mancha que ele não merecia. No entanto, quando parecia que a história pós-apocalíptica vivida por Deacon St. John poderia aproveitar a tranquilidade de um jogo lançado há quase três anos, eis que ele novamente volta a ser assunto e pelo motivo errado.

Days Gone

Crédito: Divulgação/Bend Studio

Dessa vez quem decidiu exumar este morto-vivo — com o perdão do trocadilho — foi o próprio Jeff Ross, que desde 2020 não faz mais parte do quadro de funcionários do Bend Studio. Ainda claramente chateado com a maneira como sua criação foi tratada pela Sony, ele aproveitou a notícia de que o fantástico Ghost of Tsushima alcançou a marca de oito milhões de cópias vendidas para defender o Days Gone. Retweetando um artigo publicado pelo site Game Informer, Ross afirmou:

Na época em que deixei a Sony o Days Gone havia sido lançado há um ano e meio (e um mês) e vendido mais de oito milhões de cópias. Desde então ele vendeu mais e então mais de um milhões no Steam. A gerência local de estúdio sempre nos fez sentir como se [ele] tivesse sido uma grande decepção.

Jeff Ross ainda confirmou a um seguidor que esteve envolvido no planejamento de uma continuação e citou o Killzone como exemplo do que ele e sua equipe poderiam ter alcançado. Como o FPS da Guerrilla recebeu nota 70 no Metacritic e sua sequência saltou para 91, o game designer acredita que poderia fazer o mesmo com um novo Days Gone, já que, em suas palavras, “você precisa engatinhar antes de andar e andar antes de correr.

Bom, eu entendo toda a frustração que as pessoas envolvidas na criação daquele jogo devem ter passado, pois tenho certeza de que em momento algum eles pensaram em entregar uma experiência que ficasse aquém das expectativas. Ter a oportunidade de voltar àquele universo realmente poderia resultar em um título muito melhor e se o primeiro vendeu algo perto de 10 milhões de cópias, o desempenho comercial não deveria ser um impeditivo para isso ocorrer.

No entanto, eu não acho que seja um absurdo a Sony ter vetado o desenvolvimento de uma continuação e vejo diversos motivos para terem tomado tal decisão. De simplesmente não ter acreditado no conceito que lhes foi apresentado até o temor de que uma média relativamente baixa tenha queimado a marca, a empresa pode ter achado até que aquele não era o momento certo para dar o sinal verde a tal projeto.

Mas acima de tudo, o fato é que são eles quem controlam o dinheiro e se os executivos da Sony preferiram colocar o pessoal da Bend Studio para trabalhar em outro título, acredito que os funcionários deveriam acatar a ordem e esperar uma nova oportunidade para criar um Days Gone melhor que o anterior.

Crédito: Divulgação/Bend Studio

Enfim, me incomoda um pouco ver que algumas pessoas ligadas a aquele desenvolvimento parecem ainda não ter conseguido fechar este capítulos de suas vidas, com o agravante de sempre jogarem a responsabilidade no colo dos outros. Também não acho legal tanto John Garvin quanto Jeff Ross citarem os trabalhos de outras equipes para tentarem validar os seus, uma atitude que considero no mínimo antiética.

O que chama minha atenção é ver tantas lamentações em relação a um jogo que nem considero tão ruim quantos alguns defendiam, pois consegui me divertir bastante quando o experimentei. Sim, ele tem seus problemas, mas se o próprio público lhe deu boas notas no Metacritic e as vendas foram tão boas, aqueles que trabalharam na sua criação ainda precisam de mais motivos para se darem por satisfeitos?

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