Meio Bit » Games » Stadia mostra como deixar uma nuvem escapar pelos dedos

Stadia mostra como deixar uma nuvem escapar pelos dedos

Após Google fechar estúdio que desenvolveria jogos exclusivos para o Stadia, rumor diz que Yu Suzuki e Hideo Kojima estavam produzindo para o serviço

3 anos atrás

Quando o Google anunciou o seu serviço de jogos por streaming em 2019, a promessa era de que o Stadia estava chegando para revolucionar a indústria de games. Mesmo não sendo algo inédito, a infraestrutura da Mountain View poderia servir para levar jogos a pessoas que não estavam dispostas a investir em consoles ou computadores parrudos, mas passada toda a empolgação, a realidade mostrou que a teoria não seria tão fácil de ser alcançada.

Google Stadia

Crédito: Divulgação/Google

A ideia de poder jogar títulos de ponta em um dispositivo Android ou usando o Chromecast ligado a uma TV era bastante tentadora, com o controle vendido pela empresa parecendo uma ótima opção. Além disso, o Google parecia estar seguindo à risca a receita para transformar o Stadia num sucesso, com a criação de um estúdio em Montreal e outro em Los Angeles servindo para o desenvolvimento de jogos exclusivos.

Batizado como Stadia Games and Entertainment, a desenvolvedora já havia contratado mais de uma centena de profissionais, incluindo figuras bem conhecidas no meio, como Jade Raymond. Somado a isso tínhamos o vice-presidente da iniciativa, Phil Harrison, tendo um talão de cheques em branco nas mãos e o futuro parecia muito promissor.

Embora tal informação não seja confirmada pelos executivos, de acordo com o jornalista Jason Schreier, além do Stadia buscar a atenção dos jogadores com o lançamento de jogos desenvolvidos internamente, o serviço também teria se aproximando de grandes empresas para garantir a presença de títulos de peso como, um Red Dead Redemption 2. Para isso Harrison estaria disposto a pagar dezenas de milhões de dólares pelas versões desses games, fazendo com que as editoras se vissem diante do que podemos chamar de “uma proposta irrecusável”.

Mesmo assim, o fato do Stadia ter sido lançado sem diversos recursos e a política de preços adotada pelo Google fez com que a maioria dos inicialmente interessados dessem de ombros para o serviço e assim como já havia acontecido com o executivo quando ele estava na Sony na época do lançamento do PlayStation 3 e na Microsoft quando o Xbox One chegou às lojas, Phil Harrison novamente parecia a âncora que puxava um novo produto para baixo.

Journey to the Savage Planet (Crédito: Divulgação/Typhoon Studios)

Para piorar ainda mais a situação, aquilo que deveria estar sendo tratado como um dos principais alicerces do serviço — que era o seu estúdio interno — aparentemente não contava com o respeito e a transparência de Harrison. Relatos dão conta de que no final de janeiro de 2021 o executivo enviou um email para os funcionários do Stadia Games and Entertainment falando sobre o investimento que fariam durante o ano e os parabenizando pelo “fantástico progresso construindo uma equipe diversa e talentosa, e estabelecendo uma forte biblioteca de jogos exclusivos para o Stadia”. Cinco dias depois viria a notícia de que o estúdio seria fechado.

Embora aquilo não significasse o fim do serviço de streaming, afetou ao menos 150 funcionários, colocando um ponto final na ideia de desenvolvimento interno que poderia ser um dos principais chamarizes para o Stadia. A mudança nos planos foi tão drástica que atingiu até mesmo o Typhoon Studios, criadores do Journey to the Savage Planet. Recém adquirida pelo Google, a desenvolvedora ainda precisava fazer pelo menos uma correção crítica no jogo, mas como seus funcionários foram demitidos, restou a alguém da equipe do Google lançar um remendo para permitir que as pessoas continuassem jogando.

Os projetos (supostamente) cancelados

O que nunca ficamos sabendo exatamente eram os jogos que estariam sendo desenvolvidos pelos estúdios montados para esta iniciativa, mas agora um artigo publicado pelo site Video Games Chronicle surgiu para nos mostrar o que pode ter sido perdido com esta súbita desistência do Google. Segundo o autor, uma das apostas da empresa seria fazer parcerias com game designers famosos, como Yu Suzuki (Out Run, Daytona USA, Virtua Fighter, Shenmue) e Hideo Kojima (Metal Gear Solid, Death Stranding).

Embora não tenham sido revelados maiores detalhes sobre o que o primeiro poderia ter levado para o Stadia, o texto afirma que o segundo estaria negociando a criação de um jogo de terror exclusivo que seria lançado em episódios e que aproveitaria todo o poder da nuvem para inovar. Talvez não haja relação entre os acontecimentos, mas há cerca de um ano Hideo Kojima revelou que um dos seus grandes projetos havia sido cancelado e também vale citar que há alguns meses o mangaká Junji Ito disse que o game designer gostaria de criar um jogo com ele.

Além disso, dois jogos estariam em pleno desenvolvimento quando o Stadia Games and Entertainment teve suas atividades encerradas. Um deles atendia pelo nome Frontier e seria um jogo multiplayer dirigido pelo ex-produtor da franquia Splinter Cell, Francois Pelland. Já o outro seria justamente uma continuação para o Journey to the Savage Planet.

Por fim, o Google ainda teria fechado uma parceria com a Harmonix para a criação de um jogo musical. A diferença aqui é que, pelo menos oficialmente, este é o único projeto que não teve o seu desenvolvimento interrompido. De acordo com o CEO da desenvolvedora, Steve Janiak, eles estão “empolgados com aquilo que estavam trabalhando para o Stadia e se o projeto não for lançado para ele, nós o levaremos para outras plataformas.

Crédito: Divulgação/Google

Ao saber da publicação, um representante do Stadia entrou em contato com o VGC para dizer que eles não “possuem nada, nem anunciaram nada com Kojima ou Yu Suzuki” e que é comum na indústria empresas estarem em contato, o que de forma alguma significa que projetos tenham sido iniciados ou propostas tenham sido feitas.

Quanto a isso não há o que discordar, mas diante de tudo o que tem acontecido lá pela “divisão de games do Google”, será que devemos acreditar nas palavras que têm sido ditas pelos seus funcionários?

Fonte: Push Square

relacionados


Comentários