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Intel estaria se distanciando do mercado para usuários?

Compra da divisão de memórias NAND pela SK Hynix foi fechada em US$ 9 bilhões; Intel pretende concentrar esforços em IA e 5G

3 anos atrás

A Intel vendeu a divisão de memórias Flash NAND para a SK Hynix, a maior companhia de semicondutores da Coreia do Sul, a terceira maior do mundo na categoria e a segunda maior fabricante de processadores, só perdendo para a Samsung.

Enquanto a SK hynix comemora o negócio fechado em US$ 9 bilhões, que irá fortalecer a empresa no setor de hardware e microcomponentes, a Intel vem aos poucos se preparando para algo que décadas atrás seria uma solução impensável: investir mais na área de dados e menos em produtos para o usuário final.

SSD Intel NAND Série 660p (Crédito: Intel/Divulgação)

SSD Intel NAND Série 660p (Crédito: Intel/Divulgação)

Sai NAND, entra IA e 5G

A Intel está se desfazendo da divisão de memórias NAND em um momento curioso: em 2019 o mercado teve uma forte desaceleração como um todo, o que afetou a empresa e suas concorrentes, mas em 2020 houve uma retomada, principalmente pela alta de procura durante a pandemia.

Se olharmos para o cenário total, no entanto, a coisa muda de figura: o Grupo de Soluções para Memórias Não-Voláteis (NSG, o nome da divisão) respondeu por apenas 8% da receita da Intel no 2º trimestre de 2020.

Em comparação com o Grupo de Operações Programáveis (PSG), a divisão responsável pelas soluções FPGA para clientes corporativos, a NSG pode ser considerada um bem volátil, incapaz de prover lucro certo constante.

Não obstante, a oscilação constante no preço das memórias NAND e SSDs estaria deixando a Intel bastante descontente, sem contar que a empresa não possui uma fatia significativa do mercado, este liderado pela Samsung.

Participação da Intel no mercado de memórias NAND ao longo dos anos (Imagem: Statista/Reprodução)

Participação da Intel no mercado de SSDs ao longo dos anos (Imagem: Statista/Reprodução)

A NSG responde pela tecnologia NAND, que será repassada por completo para a SK Hynix; já a marca Optane e todos seus assets, igualmente administrados pela divisão vendida, serão mantidos.

A Intel informa que usará o capital levantado com a venda da divisão para ampliar seus esforços em dados, tais como IA, 5G e computação de borda. Este conceito em especial permite que micro data centers processem parte das informações localmente, ao invés de enviar tudo para a nuvem, e é focado em prover maior eficiência para a Internet das Coisas.

Intel e o usuário final

Embora este movimento seja válido para a Intel, já que não ela consegue se destacar no mercado de memórias NAND, a venda da divisão é a segunda de hardware feita em um ano.

Em dezembro de 2019, a Apple comprou a divisão de modems da Intel por US$ 1 bilhão, basicamente para se livrar de um peso morto. Quando a maçã e a Qualcomm pararam de brigar nos tribunais, esta não tinha mais para quem vender seus componentes.

Claro que a Intel sequer cogita abrir mão de suas soluções de hardware para empresas, em especial seus poderosos chips FPGA, assim como não considera deixar de investir em processadores para o usuário final, mas até quando este último consumidor justificará os esforços da empresa?

Vejamos a Apple por exemplo. Em 2020, a gigante de Cupertino anunciou a transição da linha Mac de chips Intel para ARM, desenvolvidos internamente. Isso significa que a médio prazo (2 anos, no máximo), nenhum novo computador da maçã sairá de fábrica com seus chips.

Arquitetura Apple Silicon (Imagem: Apple/Divulgação)

Arquitetura Apple Silicon (Imagem: Apple/Divulgação)

Ao mesmo tempo, a Intel vem se complicando há anos para otimizar o desenvolvimento de novas arquiteturas, o que levou a companhia a abandonar o ciclo “tick-tock” de dois anos. A partir dali, ela vem enxugando seus chips até o limite, lançando uma geração repaginada dentro de outra. Vide a de 14 nm, que durou muito.

Enquanto fabricantes de chips móveis já trabalham com chips de arquitetura de 5 nanômetros, e a concorrente AMD passeia sozinha nos 7 nm em desktops (embora as definições de nanômetro variem entre as empresas), a Intel já admitiu que os seus novos processadores vão atrasar.

O futuro da Intel

Isso não significa que a Intel irá jogar a toalha e vender a divisão de processadores para desktops, pelo menos, não agora. Por mais que a empresa venha tropeçando ao longo dos anos, esta é uma área importante demais para ser dispensada.

Ao mesmo tempo, é importante levar em conta que consequências o distanciamento da Apple vai causar. A Microsoft já tem o Windows 10 ARM, compatível com processadores Qualcomm Snapdragon, e sem querer bancar a pitonisa, fomentar a produção de laptops mais compactos não seria algo tão improvável.

Ironicamente, o Projeto Athena da própria Intel poderia dar o norte para equipamentos compactos e potentes, usando processadores ARM ao invés de x86, mas isso, só o tempo dirá.

Fonte: SK Hynix, ExtremeTech

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