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13 filmes cult que foram vexame de bilheteria

Muitos dos filmes cult que adoramos não foram muito bem nas bilheterias, em alguns casos fracassaram feio. Conheça algumas dessas obras...

4 anos atrás

Fazer lista de maiores bilheterias é fácil, qualquer idiota faz. Também é igualmente simples e satisfatório listar as piores bilheterias, mas e quando as estrelas estão desalinhadas e o filme que amamos foi um fracasso financeiro? Nesta lista vamos conhecer 13 filmes cult incensados pela crítica, amados por milhões, mas que na hora do vamos-ver, miaram bonito na bilheteria.

Regrinhas: Os filmes estão listados sem nenhuma ordem em particular. Os valores são da época do lançamento, não corrigidos. O filme não pode ser considerado ruim, nem esquecido. É preciso ser um filme que ainda seja comentado hoje.

1 – A Fantástica Fábrica de Chocolate

Na primeira versão do livro os Ooompa-Loompas eram uma tribo de pigmeus africanos contrabandeados por Willy Wonka para a fábrica. Sim, até eu acho isso problemático.

É um filme de Sessão da Tarde por excelência. Pelo menos duas gerações se apaixonaram pela história de Charlie e Willy Wonka, aquele estranho e quase mágico empresário e sua fábrica cheia de maravilhas, provando que com determinação, foco, boas ideias e trabalho escravo você consegue qualquer coisa.

Apesar de seu visual mágico, músicas contagiantes e personagens cativantes, o filme não deu certo, mesmo sendo baseado no extremamente popular livro de Roald Dahl. Talvez ele seja psicodélico demais, assustador demais, mas as pessoas simplesmente não foram aos cinemas. O filme custou US$3 milhões em 1971, mas só faturou US$4,5 milhões.

Ele foi redescoberto nos Anos 80, sendo reprisado nas TVs e se tornando um dos filmes cult da geração VHS, é referenciado em todo canto. Até Thor Ragnarok, aonde a cena de Thor no túnel assistindo ao Powerpoint do Grandmaster em Sakaar é referência direta à cena do túnel no filme de 1971, com direito até à música Pure Imagination.

OK pensando bem a cena é bem assustadora pra um filme infantil, RIP Marylou.

2 – Rocky Horror Picture Show

A parte menos estranha desse filme é ter um cientista louco que é um travesti alienígena disfarçado. RHPS é uma cria dos Anos 70, condensando todo psicodelismo, o punk, a rebeldia e a porralouquice de 1975, ao mesmo tempo parodiando os filmes de terror e ficção científica dos anos 50/60.

Considerado um dos melhores musicais de todos os tempos, é mais que um filme cult, é quase uma experiência religiosa, com fãs se reunindo até hoje para assistir e recitar as falas, mas nem sempre foi assim.

Lançado em agosto de 1975 em Los Angeles, o filme teve uma estreia razoável, mas nas outras oito cidades, a bilheteria foi quase inexistente. A estreia em New York foi cancelada, e o filme foi pra gaveta. Em 1976 um executivo da Fox percebeu que havia uma contracultura nascente e um fenômeno de sessões da meia-noite. Ele teve ideia de relançar o filme nessas sessões, que se espalharam pelo país.

Formalmente o filme nunca saiu de cartaz, Rock Horror Picture Show continua em cartaz até hoje em sessões da meia-noite espalhadas pelos EUA e pelo mundo. Custando US$4 milhões, já faturou US$140 milhões, mas só depois de fracassar monumentalmente.

3 – A Felicidade Não Se Compra

É um dos mais clássicos filmes de Natal, só perde para Duro de Matar. Dirigido por Frank Capra e lançado em 1946, é a história de George Bailey, um sujeito humilde em uma cidade no interior de NY. Apesar de ser uma pessoa muito boa o Destino não sorri para George, que se vê em várias dificuldades, até que decide que o mundo é um lugar melhor sem ele.

Um candidato a anjo chamado Clarence vem à Terra e mostra a George como seria a vida de seus entes queridos e amigos sem ele. No final, tudo dá certo. Menos a bilheteria. O público ainda na ressaca da 2ª Guerra Mundial não estava com vontade de ver histórias idealizadas e boazinhas, então o filme que custou US$3.18 milhões só faturou US$3.3 milhões.

30 anos depois A Felicidade Não Se Compra começou a passar na TV e angariou uma audiência de filmes cult, a população amou a mensagem positiva e a pureza de seus personagens. Hoje é considerado um dos maiores filmes de todos os tempos.

4 – Blade Runner

Essa é rapidinha pois não há filme mais cult do que Blade Runner, um clássico da ficção científica, com a cena mais erótica da história do cinema, não há quem não se apaixone pela Rachael soltando o cabelo. Só que não era isso que o público de 1982 queria. Com certeza não um filme complexo, filosófico, visualmente lotado de informação e com ritmo lento.

O filme faturou US$41,5 milhões, custou US$30 milhões e deixou Ridley Scott em uma bela saia justa. Já a crítica amou, Blade Runner vem sendo dissecado e exaltado por décadas, com gente achando até mensagens ecofeministas nele, seja lá o que for isso.

5 – Clube da Luta

A crítica não gostou muito do filme de 1999 de David Fincher baseado no livro de Chuck Palahniuk. Alguns disseram que o filme era irresponsável, carregado de masculinidade tóxica e violência, outros se melindraram com a mensagem anti-consumismo e pela promoção do terrorismo, e sendo realista dois anos depois Hollywood JAMAIS faria um filme aonde o “herói” dinamita prédios.

O público inicialmente não entendeu também a proposta meio confusa, e custando US$63 milhões, os US$101 milhões de faturamento não cobriram o investimento, pois além do orçamento da produção há todo um custo de marketing envolvido, e pra zerar as contas um filme precisa faturar 2,6x o que custou.

Aos poucos o público do DVD foi descobrindo Clube da Luta, que ganhou um inegável status de um dos melhores filmes cult.

https://youtu.be/j09qs3zB_Yk

6 – Cidadão Kane

Considerado o melhor filme de todos os tempos, a Obra-Prima de Orson Welles teve uma gênese complicada. Contando uma versão altamente fictícia da vida do mega-empresário de mídia William Randolph Hearst, o filme quase não saiu. Hearst proibiu seus jornais e emissoras de rádio de sequer mencionar o filme, e saiu ameaçando de processo qualquer cinema que pensasse em exibir o filme.

A produtora ficou com medo e adiou o lançamento, a ponto de Orson Welles ameaçar processar a empresa caso o filme não fosse para os cinemas. No final várias redes desistiram de exibir Cidadão Kane, que embora tenha sido reconhecido como um grande filme por muitos críticos, não entusiasmou o público, e vários exibidores tiveram prejuízo.

Em um ano Cidadão Kane estava esquecido, mas logo foi redescoberto e tratado como a obra-prima que é. (não, eu nunca assisti)

7 – O Mágico de Oz

Esse é complicado. Foi a maior bilheteria de 1939, faturando US$3 milhões, mas apesar de ter sido amado pelo público, criar as aventuras de Dorothy em Oz custou muito, muito caro, e como só a produção enterrou US$2.8 milhões (vai tentar fazer macacos voadores sem CGI pra ver se é barato) o filme causou um baque na MGM, que ainda por cima teve que lidar com o aumento no cachê da Judy Garland. Ou seja, é possível fracassar mesmo sendo o número 1.

8 – Highlander

Esse é especialmente triste. Highlander (1986) é um dos raros filmes cult que não soube a hora de parar, com uma sequência de continuações vexaminosa, e se formos honestos, um primeiro filme feito de forma porca. Há erros primários de continuidade, equipamentos visíveis e animações muito, muito vagabundas mas a história é ótima, Sean Connery está maravilhoso como um pavão espanhol, e a trilha sonora do Queen é perfeita.

O que matou Highlander, fora uma espada no pescoço: uma história diferente demais, difícil de explicar para os amigos, e diferente do que o espectador médio estava acostumado. Mesmo mantido vivo por fãs dedicados, Highlander nunca se recuperou de ter faturado US$12,9 milhões e ter custado US$19 milhões, e surpreendente foi isso não ter impedido a produção de:

  • Highlander 2 (1991) Custou US$34M / Faturou US$15.6M
  • Highlander 3 (1994) Custou US$34M / Faturou US$12.3M
  • Highlander Endgame (2000) Custou US$25M / Faturou US$15.8M

9 – Scott Pilgrim vs. The World

Ramona Flowers é minha manic pixie dream girl preferida.

Eu não peguei essa fase dos videogames de 16 bits (Master Race, desculpe, desde o TK90X) mas sei apreciar o saudosismo, e Scott Pilgrim é tudo que prometia ser um filme com uma estética de videogame no bom sentido, dirigido pelo competente e inventivo Edgar Wright. O filme parece um celeiro da Marvel, cheio de nomes que alguns anos depois custariam uma fortuna, como Brie Larson, Chris Evans, Brandon Routh e Michael Cera. Não, brincadeira, ninguém liga pro Michael Cera.

A Internet está cheia de vídeos destrinchando os milhares de detalhes do filme, o do Movies with Mikey é especialmente bom. O filme é referenciado toda hora e a Polícia Vegana se tornou um meme eterno.

Mesmo assim Scott Pilgrim caiu no mesmo problema de Alita: É um excelente filme que só tem apelo para um segmento muito específico do público. A receita de um filme cult e de um fracasso de bilheteria: Custou US$85 milhões, faturou US$48.1 milhões.

https://youtu.be/dLpCZ8g5uK8

10 – The Iron Giant

O filme de 1999, dirigido por Brad Bird é uma das mais lindas histórias já animadas. Sensível, inteligente, filosófico, é comparado a E.T. mas o Gigante de Ferro consegue ser mais emotivo que a criatura de Spielberg. Ele foi a única substituição digna para Ultraman, em Ready Player One.

Incensado pela crítica, o filme tinha um elenco de peso, produção caprichada e orçamento nada desprezível de US$50 milhões, mas o marketing ruim da Fox, o medo de promover o filme e ele ser um fracasso e a inabilidade de vender seu peixe fez com que ele passasse em branco nas bilheterias, faturando apenas US$31.3 milhões. Felizmente Iron Giant foi premiado em todo lugar e angariou um status de filme cult como poucos.

11 – Labirinto

Jim Henson, Terry Jones, David Bowie e George Lucas se uniram em 1986 para trazer ao mundo Labirinto, um filme fantástico com Goblins, criaturas fantásticas e... Jennifer Connelly. A maior parte dos personagens são bonecos criados por Jim Henson, o que contribui para um visual fora do comum para o mundo mágico do Rei dos Goblins.

A química entre Connelly e Bowie é perfeita, a história da menina que precisa desvendar o Labirinto para resgatar seu irmão sequestrado por goblins cativou uma geração, ou melhor, uma pequena parte de uma geração. Embora seja um marco e tenha fãs fiéis até hoje, Labirinto custou US$25 milhões e só faturou US$12,9 milhões.

12 – Idiocracia

Esse documentário do futuro é um filme extremamente deprimente se você acompanha minimamente no noticiário. Lançado em 2006, o filme de Mike Judge conta a história de um sujeito totalmente mediano que passa por um experimento e é congelado por 500 anos, apenas para acordar em uma Terra aonde as pessoas mais burras foram muito mais bem-sucedidas que as inteligentes, e o QI médio está abaixo da temperatura ambiente. Em Plutão.

O filme tem momentos épicos prevendo coisas como vídeos de idiotas no YouTube, ou o Presidente Camacho. Idiocracia é uma distopia assustadoramente possível.

Infelizmente a 20th Century Fox não acreditou no filme, não investindo um centavo em divulgação. O filme não teve trailers, não foi exibido para a imprensa nem teve press kit. Foi lançado em apenas 135 cinemas e faturou US$444.093 com um orçamento de US$4 milhões.

Tempos depois Idiocracia foi descoberto pelo público do DVD, se tornou um filme cult e mais que se pagou.

13 – Ghostbusters 2016

Com um custo de produção e marketing somando mais de US$350 milhões, o reboot de 2016 da estimada franquia só faturou US$229 milhões em todo o mundo, mas isso não impediu Ghostbusters de se tornar um cul-nah, brincadeira, ninguém, absolutamente ninguém gostou dessa bomba. Às vezes um fracasso de bilheteria só quer dizer que o filme é ruim mesmo.

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