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Need for Speed Heat — Review

Ghost Games aproveita algumas ideias de capítulos anteriores e apesar dos problemas, com o Heat entrega o melhor Need for Speed dos últimos anos

4 anos atrás

Com o seu primeiro capítulo tendo sido lançado lá em 1994, a série Need for Speed passou por muitas mudanças e por diversos altos e baixos ao longo dos anos. Como as duas últimas da Ghost Games (Need for Speed e Need for Speed Payback) falharam em conquistar o público, este ano eles fariam uma nova tentativa, mas teria o Need for Speed Heat conseguido recuperar o prestígio da franquia?

Need for Speed Heat

Esta certamente é a primeira pergunta que qualquer interessado pelo jogo fará antes de apostar nele e já nos primeiros minutos fica claro que retornar aos velhos tempos foi um objetivo traçado pelo estúdio enquanto desenvolvia o título. Mas antes de explicar porque ele não foi totalmente alcançado, vamos nos situar no universo do game.

Corra que a polícia vem aí!

Em Need for Speed Heat seremos levado a Palm City, uma versão fictícia de Miami e onde a polícia tem enfrentado duros problemas para acabar com a disputa de corridas ilegais. Como sempre acontece neste tipo de jogo, você será um novato que acaba de chegar a cidade e que precisará fazer o seu nome enquanto vence provas.

Com o passar do tempo você encontrará algumas pessoas dispostas a lhe ajudar, outras que servirão como adversários e ainda conhecerá os nervosinhos (e patéticos) membros da força policial que foi criada para acabar com a bagunça que tomou conta das ruas.

No fundo tudo não passa de uma desculpa para nos colocar para correr, com os diálogos e as atuações dos personagens passando longe de empolgar e muitas vezes nos obrigando a ouvir repetidamente os mesmos comentários sem graça. O enredo não chega a atrapalhar a experiência, mas na maioria do tempo se mostra no máximo dispensável — assim como em quase todo jogo de corrida, é verdade.

Miami Palm City Heat

Por falar em Palm City, é preciso elogiar o bom trabalho feito pela desenvolvedora na criação do mapa. Sendo muito bem construída e entregando um bom nível de variação para os cenários, a cidade consegue passar uma boa sensação de ser um lugar real, com os típicos neons de Miami iluminando as noites e as ruas do subúrbio lembrando muito aquelas da cidade norte-americana — incluindo uma irritante trilha sonora basicamente latina.

Com o mapa disponível sendo bastante vasto, poderemos visitar diversos distritos e conhecer desde uma região a beira-mar até outra mais isolada, remetendo a uma zona rural. Tendo como inspiração os mundos de títulos como o Most Wanted e o Underground, o jogo nos permitirá até visitar um centro de lançamento de foguetes.

O que não consigo entender é o fascínio que o pessoal da Ghost Games parece ter pela chuva. Embora o efeito seja muito bem representado no Need for Speed Heat, me incomodou a frequência com que ele acontece e assim como víamos no jogo que o estúdio lançou em 2015, aqui quando não está chovendo, as ruas quase sempre estão molhadas.

Esta observação a parte, visualmente o título é muito bonito, com os cenários podendo ser visto a uma longa distância e raramente mostrando quedas na taxa de frames, ao menos no Xbox One X.

Need for Speed Heat

Dia vs noite

Para nos incentivar a participar de corridas tanto de dia quanto de noite, o estúdio implementou um sistema de progressão diferente para os dois períodos. Quando o sol estiver no céu, o prêmio por vencer as provas será o dinheiro que poderemos usar para comprar carros, itens de personalização ou melhorias para eles. Será também durante o dia em que encontraremos boa parte das missões que darão sequência à história, assim como as provas off-road.

Já a noite acontecerão as corridas ilegais, o que significa que as provas contarão com tráfego na pistas e os policiais estarão mais atentos e agressivos. A recompensa para isso serão os pontos de reputação, que nos farão subir de nível e apenas desta maneira teremos acesso a novos carros ou peças melhores.

Porém, quanto mais corridas ganharmos após o pôr do sol, mais a nossa barra de procurado encherá e com isso passaremos a ser mais procurados pela polícia. O problema é que se formos pegos perderemos a reputação adquirida naquela noite e para evitar isso, a solução será fugir até um esconderijo.

Parecida com o que tínhamos no Need for Speed Rivals, essa mecânica serve para levar alguma emoção ao jogo, já que estaremos sempre arriscando entre a possibilidade de permanecer nas ruas e consequentemente multiplicar o ganho de reputação, ou resgatá-los numa oficina.

O que não me agradou foi o fato de durante o dia praticamente não termos corridas do tipo sprint (de um ponto A a um ponto B), com elas estando presente em maior quantidade a noite. Como sempre preferi esse estilo de prova em um jogo de mundo aberto, é lamentável a Ghost Games não tê-las aproveitado mais.

Need for Speed Heat

Velozes, furiosos... e sem microtransações

Contando com mais de 120 veículos para serem comprados, a parte de customização do Need for Speed Heat é algo que merece tanto elogios quanto críticas. O lado positivo é que tanto a EA quanto a desenvolvedora parecem ter aprendido com os erros cometidos no Need for Speed Payback e se nele tivemos a experiência profundamente prejudicada por microtransações e loot boxes, aqui elas não estão presente.

Com todos os upgrades e veículos podendo ser adquiridos apenas com o dinheiro que ganhamos jogando e sem que eles nos sejam entregues aleatoriamente, é muito bom saber exatamente no que estamos investindo e as opções serão muitas. Desde motores mais poderosos até pneus, freios, sistemas de transmissão e mais variados itens visuais, com paciência será possível deixar qualquer carro com a aparência e o estilo de direção que mais lhe agrade.

O problema aqui está justamente na palavra paciência. Isso porque ganhar dinheiro no NfS Heat é algo muito lento, principalmente nas primeiras horas de jogo.  Por mais que você siga vencendo corridas, a sensação de progressão é muito pequena e quando finalmente tivermos dinheiro suficiente para comprar um novo carro, ficará a dúvida se não seria melhor não fazer alguns upgrades no que já temos.

Na minha opinião, uma das coisas mais legais em um jogo de corrida é poder ter a maior quantidade de veículos possíveis, mas aqui o esforço necessário para alcançar isso acaba nos desestimulando e como a variedade de corridas não é uma das qualidades do game, não demorará até nos sentirmos entediados por estarmos há muito tempo com um mesmo carro.

Need for Speed Heat

A “arte” da derrapagem

Mas se tem um ponto em que o Need for Speed Heat melhorou muito em relação ao seu antecessor, foi na jogabilidade. Pilotar os carros aqui é algo bem mais divertido do que tínhamos no Payback, com o jogo continuando pendendo para o lado arcade, mas nos passando uma melhor sensação de estarmos no controle.

Um detalhe importante é que dessa vez a Ghost Games preferiu apostar nos drifts, com a técnica de entrarmos derrapando nas curvas sendo parte quase fundamental da jogabilidade. O curioso é que, talvez para facilitar a vida dos jogadores, nem precisaremos frear antes de começar uma curva, bastando acelerarmos um pouco, virar o volante para o lado e voltar a acelerar depois.

No início essa mudança de estilo parece mais complicada do que realmente é, mas aos poucos nos habituamos a praticamente nunca utilizarmos os freios e dependendo do carro e da sua configuração, fazer as curvas a altíssima velocidade se tornará algo comum.

Para ser sincero, nunca gostei muito de provas no estilo drift em jogos e me incomodou ver que se o seu carro não derrapar muito, será mais difícil se sair bem no Heat. Porém, essa é uma questão de gosto e mesmo assim consegui gostar da jogabilidade do game.

No caminho certo, mas ainda longe da vitória

Com seus erros e acertos, Need for Speed Heat é um jogo em que fica evidente o esforço da desenvolvedora para atender os pedidos dos fãs, mas que peca pela falta de identidade. Ao reunir num mesmo produto as qualidade de diversos título bem sucedidos no passado, a Ghost Games acabou falhando ao dar uma cara própria ao novo jogo, fazendo deste um game um tanto genérico.

Porém, o que mais incomoda no Heat nem é sua história irrelevante, a inteligência artificial fraca ou uma progressão mais lenta, mas sim a falta de variedade nas provas. Isso poderá ser resolvido no futuro com a adição de corridas e eventos um pouco diferentes ou até mesmo com um editor de percursos. Contudo, até que algo assim aconteça, é bom se preparar para passar boa parte do tempo disputando as "mesmas"provas em circuitos, uma ou outra corrida de sprint e eventualmente tentando fugir da polícia.

Ainda assim, este é o melhor Need for Speed que vimos nos últimos anos, algo que pode não parecer muito ao olharmos para o passado recente da franquia, mas que ao menos mostra que a Ghost Games aos poucos parece estar encontrando o seu caminho. O problema é que enquanto isso, franquias como a Forza Horizon estão se distanciando na liderança.

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