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Xiaomi Mi Box S: não se pode acertar sempre — Review

Rodando Android TV, o Mi Box S é o set-top box da Xiaomi concorrente ao Google Chromecast e Amazon Fire TV Stick, mas que dá belos tropeços

5 anos atrás

O Mi Box S é o set-top box da chinesa Xiaomi que roda Android TV, vídeos em 4K e HDR10, é compatível com som Dolby DTS e traz o Chromecast embutido. Falando assim parece um baita negócio, mas o aparelho possui alguns problemas difíceis de ignorar.

Xiaomi / Mi Box S

Afinal, a caixinha esperta da Xiaomi vale a pena? Confira no review a seguir.

Design

O Mi Box S é um quadradinho de 9,5 cm de lado, menos de 2 cm de espessura e que pesa apenas 147 g, ou seja, minúsculo e leve. O kit acompanha o controle remoto com duas pilhas AAA, uma fonte e um cabo HDMI 2.0, estes dois bem curtos. Eu tive que quebrar a cabeça para posicionar a caixinha de forma que ela se conectasse à tomada e à TV ao mesmo tempo.

Na parte das conexões temos a porta HDMI 2.0A, uma porta USB-A 2.0 para diversas funções e uma saída de áudio, para ligar o set-top box a um sistema sonoro externo.

Xiaomi / Mi Box S

O corpo é todo em plástico fosco sólido, tornando-o bem compacto e fácil de transportar. Eu aconselharia entretanto dispensar o cabo HDMI que vem com o kit e usar um mais longo, enquanto seria interessante arrumar um cabo extensor para alimenta-lo; tudo para permitir que você possa coloca-lo onde quiser.

De qualquer forma, o Mi Box S é tão pequeno que fica fácil coloca-lo em qualquer canto de sua estante, e a comunicação entre ele e o controle remoto não fica prejudicada por usar Bluetooth; por outro lado, um sensor infravermelho seria muito bem-vindo para diminuir o delay.

Software

Xiaomi / Mi Box S

O Mi Box S roda o Android TV na versão 8.1 Oreo, e quem usou TVs da Sony, Vizio ou TCL já conhece o esquema, a apresentação é exatamente a mesma. Os apps instalados e seus conteúdos ficam dispostos à direita, enquanto a bandeja de aplicativos é acessada à esquerda; é dentro dela que está o app da Google Play Store, por onde você vai baixar mais apps e jogos.

A navegação é um tanto crua, sejamos francos. O design é simples e traz animações que dão engasgadas, fora um grande delay entre os comandos no controle e a resposta na TV (a caixinha também tem culpa aqui). De resto é um Android, com boa parte das funções que se espera encontrar em um celular adaptadas para funcionarem em uma TV.

Isso tanto é verdade que você pode não só instalar apps via fontes externas, como explorar as funções de desenvolvedor, que devem ser habilitadas da mesma forma de sempre: indo até as configurações, iluminando a versão do Android e apertando o botão central do controle remoto várias vezes. Ou seja, hackear o bichinho é moleza.

Hardware e performance

Ligar o Mi Box S se mostrou mais problemático do que deveria ser: primeiro ele não reconheceu o controle remoto de cara, se que conecta ao dispositivo via Bluetooth 4.1; foi preciso religar a caixinha e então fazer de novo o pareamento, que desta vez deu certo.

Após se conectar à rede Wi-Fi e entrar com sua conta do Google, a interface do Android TV é carregada. No entanto os problemas continuaram: por algum motivo bizarro o gadget achou que minha TV, uma LG de 2013 (ou seja, rodando NetCast e não webOS) de resolução Full HD era uma tela de 720p.

Xiaomi / Mi Box S

O Mi Box S foi simplesmente incapaz de acertar a resolução de cara, e mesmo nas configurações continuou sugerindo que ela seria melhor aproveitada em 1080p a 50 Hz, quando ela é plenamente capaz de rodar no limite de 60 Hz da caixinha (na verdade, ela vai até 120 Hz).

Pepinos à parte, falemos do hardware. Temos aqui um Amlogic S905X, quad-core com clock de 1,5 GHz e GPU Mali-450, 2 GB de RAM e 8 GB de espaço interno para apps, que pode ser expandido através de armazenamento externo; você pode configurar a porta USB para transferir arquivos (inclusive instalar apps) ou executa-los, alimentar o gadget ou reconhecer adaptadores Ethernet, habilitando a conexão via cabo de rede.

Todas essas funções são acessadas nas opções de desenvolvedor.

Xiaomi / Mi Box S

O controle remoto é espartano ao máximo, feito em plástico fosco e extremamente leve, com botões um tanto molengas e sem padrão. O Voltar e o da Google Assistente são elevados, diferente do de confirmação da Clickwheel (côncavo) e dos demais (retos). Ele dá a impressão de ser extremamente frágil, do tipo que vai virar paçoca na primeira queda.

A versatilidade do controle é questionável. O botão Live serve para controlar gravadores de vídeo digital (DVRs) e nada além disso, já o botão Netflix dedicado chama o app direitinho. O mesmo vale para o botão da Google Assistente, que não precisa ser segurado para funcionar, basta um toque.

Uma vez acionado, você pode pedir para a assistente virtual do Google dar informações sobre o tempo, fazer buscas específicas ou abrir conteúdos em certos apps, como rodar um vídeo específico ou iniciar uma lista de reprodução. Nisso o Mi Box S funcionou sem maiores problemas.

Xiaomi / Mi Box S

O hardware é exatamente o mesmo do Mi Box 4, e embora na teoria ele suporte 4K e HDR10, na prática a história é outra. Em testes com outra TV de maior resolução, o streaming foi feito com diversos recortes e perda de resolução, um resultado bem inconstante mesmo. No 1080p no entanto ele funciona sem solavancos.

O som também merece uma ressalva. Ele vem configurado de fábrica bem baixo, mesmo quando em 100% (os controles de volume do controle remoto são dedicados apenas ao Mi Box S, independente do HDMI-CEC configurado ou não); por outro lado, por ser compatível com Dolby DTS a performance final é bem satisfatória. De qualquer forma, não afaste o controle da sua TV.

Apps de streaming como Netflix, Twitch e Globoplay funcionaram perfeitamente, bem como Spotify e Deezer para áudio; entretanto, por duas vezes o Crunchyroll resetou sem aviso, sem que a fonte do problema fosse descoberta: se o app ou o set-top box.

Conteúdo, apps e Chromecast

A vantagem do Android TV é obviamente a força do robozinho do Google por trás. Por ser muito pouco diferente do sistema embarcado em celulares e tablets, é possível encontrar uma grande quantidade de apps, em maior quantidade do que em SOs de outros fabricantes de TVs.

Há os obrigatórios YouTube, Netflix, Spotify, Deezer, Globoplay, Twitch, HBO Go, Fox e Google Play Filmes, além de uma série de jogos como Valiant Hearts: The Great War e Horizon Chase: World Tour, entre outros. A maioria deles exige o uso de um controle, entretanto.

Como todo dispositivo Android TV, o Mi Box S traz o Chromecast embutido e habilita o compartilhamento de imagens e reprodução de conteúdo de seu celular, inclusive suportando apps que o sistema da caixinha ainda não tem. Entretanto a maior ausência permanece: o Amazon Prime Video não está disponível em nenhum set-top box com exceção do nVidia Shield (por questão de acordos com o Google) e o Chromecast não reconhece o app do celular, simplesmente não roda.

Embora a Amazon e o Google tenham se entendido e o app de streaming da lojinha do tio Bezos rode desde sempre em TVs com o sistema do Google, ele ainda está ausente de caixinhas dedicadas. Só que esse não é o único problema envolvendo o recurso: o Mi Box S não é capaz de se ativar para espelhar conteúdos quando entra em repouso, tanto se você a configurou para fazê-lo, ou se desativou o modo e desligou a TV ou mudou de saída de vídeo. Uma vez que a caixinha não está exibindo nada, ela dorme. Curiosamente o botão Liga/Desliga serve para o mesmo fim, colocar o gadget em repouso.

Assim, para usar o Chromecast você terá que ligar a TV e ativar o Mi Box S manualmente, o que é algo bem bizarro e diminui a utilidade do feature.

Conclusão

O Mi Box S é melhor que seu antecessor principalmente por trazer um controle remoto com Google Assistente. E é isso, nada mais; o hardware é um tanto fraco para executar 4K e mesmo no modo 1080p, apresenta erros estranhos tanto da parte do dispositivo, quanto da parte do software. Convenhamos, o Google se esforça muito pouco quando o assunto é o Android TV.

O gadget chegou oficialmente ao Brasil em junho através da Xiaomi custando salgados R$ 650, um valor que o torna inviável para o que entrega; a versão global, comercializada no Brasil através de importadores chega a sair por cerca de R$ 370, um valor mais atraente frente ao Chromecast 3 e o Amazon Fire TV Stick, ambos mais baratos (respectivamente R$ 199 e R$ 289) mas limitados a 1080p, embora o segundo seja também uma set-top box completa.

Depõem contra a caixinha da Xiaomi sua performance irregular, mas com as TVs modernas cada vez mais trazendo apps de peso e recursos desses dispositivos, inclusive o Chromecast embutido, esses aparelhos estão ficando um tanto datados: eles foram criados para suprir deficiências das telas não-Smart ou das conectadas que tinham SOs horríveis (céus, ninguém merece o NetCast), só que isso não mais reflete a realidade.

O que me leva a outra pergunta: vale a pena comprar um set-top box hoje?

Quase uma Imelda Marcos dos set-top boxes

Esses gadgets estão fadados a sumir a curto ou médio prazo, enquanto as TVs evoluem e absorvem todas as suas soluções. Hoje não é mais possível encontrar um televisor "burro" novo por mais que você se esforce, enquanto sistemas embarcados como o Tizen (Samsung) e webOS (LG) não são mais os desertos de outrora, trazendo grande quantidade de apps e recursos.

O ponto fora da curva é justamente o Android TV por ser um sistema pouco refinado, por mais que ele conte com uma gama enorme de apps e seja amigo das customizações e hacks. Quem ainda possui telas antigas como eu se beneficiará mais das caixinhas espertas, mas quando chegar a hora de aposentar o televisor velho, o próximo já deverá ter tudo que um set-top box faz, tornando-o absolutamente redundante.

Respondendo a pergunta, se sua TV é antiga, sim, ainda vale a pena investir num Mi Box S ou outro aparelho do tipo; se você está pensando em comprar uma TV nova e não pretende hackear a caixinha, não. A porta HDMI extra será melhor aproveitada para outros fins.

Xiaomi Mi Box S — Especificações

  • Processador: SoC Amlogic S905X, quad-core Cortex-A53 de 1,5 GHz;
  • GPU: Mali-450;
  • Memória RAM: 2 GB;
  • Armazenamento interno: 8 GB;
  • Armazenamento externo: suporte via porta USB;
  • Decodificador de vídeo: 4K a 60 fps, VP9, H.264, MPEG1/2/4, VC-1, Real8/9/10;
  • Formatos de vídeo compatíveis: RM, MOV, VOB, AVI, MKV, TS, MP4, 3D;
  • Formato de HDR compatível: HDR10;
  • Extras: tecnologia Chromecast integrada;
  • Decodificador de áudio: Dolby DTS;
  • Formatos de áudio compatíveis: MP3, APE, FLAC;
  • Decodificador de imagens: JPG, BMP, GIF, PNG, TIF;
  • Conectividade: Wi-Fi 802.11a/b/g/n/ac, Bluetooth 4.1;
  • Portas: Uma USB-A 2.0, uma saída HDMI 2.0A e uma saída de áudio;
  • Sistema operacional: Android TV (8.1 Oreo);
  • Dimensões: 95,3 x 95,3 x 16,8 mm;
  • Peso: 147 g.

Pontos fortes:

  • Porta USB suporta armazenamento externo ou conexão via cabo de rede;
  • Google Assistente e função Chromecast funcionam bem;
  • Grande quantidade de apps compatíveis;
  • É um Android, logo, plenamente customizável.

Pontos fracos:

  • Performance inconstante, com bugs esquisitos;
  • Hardware fraco para rodar conteúdos em 4K;
  • Incompatível com Amazon Prime Video de forma nativa;
  • Impossível usar o Chromecast quando em repouso.

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