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Resenha — Zero1, o novo (e breve) programa sobre games da Rede Globo

Assistimos a estreia de Zero1, o novo programa sobre games e cultura pop da Rede Globo; descubra o que achamos dele.

7 anos e meio atrás

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Vamos admitir: a televisão brasileira NUNCA deu a menor importância a programas focados em games. Tivemos algumas iniciativas nos anos 1990 mas amargamos um bom tempo sem nada, até que uma parceria com o G4 e a Band rendeu o que hoje é o projeto mais duradouro: o MOK, apresentado por Luciano Amaral na PlayTV.

Fora isso mais nada. A ESPN matou o Game Up e hoje tanto ela quanto a SporTV se limitam a apresentar campeonatos de e-Sports vez ou outra. Programa fixo, necas. A Globo, que nunca deu muita bola também teve um programa por um curto espaço de tempo: o Madrugames, apresentado pelo jornalista especializado Gustavo Petró (ex-G1 e hoje na IGN Brasil), que se resumia a ridículos três minutos semanais nas madrugadas de sábado para domingo.

A verdade é que em tempos de internet acessível em todo lugar e inúmeros canais no YouTube com conteúdo relevante e linguagem acessível, vale a pena investir em um formato tradicional para falar de uma mídia que as emissoras em geral sempre ignoraram? A Globo acredita que sim, e assim temos o Zero1: um programa que abordará quadrinhos, cinema e cultura pop em geral, mas como foco nos games. Apresentado por Tiago Leifert, a estreia foi ao ar neste fim de semana. E aí, é bom ou não?

A Parte Boa

Sem entrar em polêmicas quanto ao desenvolvimento do programa (sorry crianças, é assim que o show business funciona; o projeto é da Globo e ela usa como quiser), Zero1 é uma proposta muito boa. A ideia é fazer da atração um hub de entretenimento com conteúdo para jovens e adultos, utilizando uma linguagem próxima do espectador acostumado com seus YouTubers favoritos.

Da montagem do cenário à edição (ou a intenção, mas já chego nessa parte), tudo reflete isso. Leifert também não é tão leigo no assunto: quando no comando do Globo Esporte (2009/2015) ele próprio fez várias inserções de games no programa. Ele é um jogador regular e sabe o que o público tem interesse em ver.

 

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Um dos pontos fortes do programa de estreia foi a participação de Wendell Lira, ex-jogador de futebol profissional que largou a carreira nos campos para virar YouTuber. O quadro onde os dois disputaram uma partida de FIFA 17 foi bem montado, com ambos falando sobre aleatoriedades e menos sobre o game em si, que todo mundo já sabe como é.

O trecho em que Leifert comentou sobre os filmes Rogue One: Uma História Star Wars e Logan também foi bom, embora curto.

A Parte Ruim

Esse aliás é um dos dois principais pontos fracos de Zero1: o programa é curto demais. São apenas 15 minutos semanais (com um intervalo), e embora possua cinco vezes mais tempo de janela que o finado Madrugames, mesmo a popularidade de Leifert não foi suficiente para convencer a direção da Globo que um programa sobre cultura pop e video games na madrugada de sábado para domingo (o horário mais infeliz de todos, entre o Altas Horas e a Santa Missa) não merece no mínimo 30 minutos.

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Isso seria contornável não fosse o segundo problema: Zero1 carece de foco. A edição do programa é confusa, com uma série de cortes um em cima do outro sem conexão entre os assuntos (no meio de um quadro Leifert atende uma "ligação" de uma oferta de uma operadora, uma piada perdida sem propósito algum), o que fez desse programa de estreia uma colcha de retalhos mal costurada, uma série de micro-programas colados uns nos outros.

A Globo tentou copiar a linguagem da internet para dar à atração um ar jovial, mas não soube calibrar a dose. O resultado final é meio perdido, embora o apresentador esteja a vontade e saiba o que está fazendo, não dá para acompanhar uma evolução natural das matérias.

Outro ponto que é preciso salientar: como estamos falando de uma atração da Globo você nunca ouvirá citação a marca alguma, sejam estúdios de games ou mesmo as plataformas em que eles foram lançados. Embora estivesse utilizando principalmente em PS4 em Battlefield 1 e FIFA 17, Leifert em nenhum momento cita seu nome e não falou uma vírgula sequer sobre a EA ou a WB Games Brasil, que distribui ambos (e Rise of the Tomb Raider, levemente mencionado quando no trecho dos 20 anos da franquia de Lara Croft) no país.

Conclusão

Zero1 não é uma atração ruim, mas não vou incensa-la por esta ser uma das duas únicas opções na rede aberta. Em 2016, com o YouTube ao alcance de qualquer um e com canais de extrema qualidade, tanto aqui quanto lá fora o novo programa da Rede Globo peca por ser curto e um pouco perdido. Pode melhorar? Sim, deve até para manter o interesse do espectador que ficou acordado até uma da manhã para prestigiar a única alternativa da Globo de um programa sobre games.

O quadro com Lira no entanto foi bem executado. Basta uma atenção maior ao foco, já que Leifert é um bom comunicador e tem carisma. Ele e sua equipe só precisam assistir mais canais no "popular serviço de vídeos na internet" para aprender como é que se faz. Ou o MOK.

Onde Assistir

Na Globo, todo sábado depois do Altas Horas ou na GloboPlay (por enquanto livre para não-assinantes).

Cotação:

3,5/5 Angry Video Game Nerds.

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