Carlos Cardoso 7 anos atrás
É triste perceber que a grade dos ditos canais de ciência tem tudo menos Ciência. São lenhadores, caçadores, serralheiros, lojas de penhores, garimpeiros, pescadores, vendedores de carros usados, gente atrás do pé-grande que nunca acha, gente atrás de fantasmas que nunca acha e aquele maluco do Alienígenas do Passado.
Dizem que isso é que garante a audiência que produz materiais inegavelmente excelentes como o Gigantes do Brasil, do History, mas será que é preciso uma relação tão desproporcional entre material ruim e o produto de qualidade?
O risco que corremos (ou melhor, nós não, esses canais) é que se tornarão irrelevantes na parte da ciência. A internet como sempre está fazendo essa gente da TV comer poeira. Veja este documentário:
Muito bem-feito, conta em 20 minutinhos a história do lendário Yamato, com direito a uma miniatura japonesa LINDA, especialistas locais, imagens de época, etc etc e mais etcs que você imagina encontrar em um documentário de qualidade.
Só que esse documentário não veio dos canais ocupados demais filmando Largados e Pelados, veio do… World of Warships, um jogo multiplayer free-to-play criado por um estúdio russo, e lançado em 2015. É bem-feito, bonito que dói e dá pra se divertir bastante mesmo sem comprar nenhum dos navios premium, você só vai ralar bastante pois começa basicamente com um bote de borracha. Seus inimigos costumam vir com o Bismarck, mas assim é a vida.
Com centenas de milhares de jogadores espalhados pelo mundo, o jogo (e seus pares World of Airplanes e World of Tanks) rende milhões de rublos para os criadores, e parte desse dinheiro é investido em documentários. O canal deles no YouTube tem a série Naval Legends, fora outros vídeos.
Estamos vendo um pessoal que fez um videogame perceber uma demanda por parte de um público entusiasta de história naval e estão suprindo essa demanda, ao invés de torrar seu dinheiro com mulheres rápidas e cavalos lentos, como todo bom magnata russo.
Descobrir esses documentários me deixou aliviado, percebo que há sim uma demanda por esse tipo de material histórico, e da mesma forma que não dependemos mais dos jornais para saber se amanhã vai chover, não dependemos mais do History para aprender História. Alguém perde nessa história e não somos nós.