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Série sobre Dragon Age talvez não seja uma boa ideia

Para roteirista que ajudou a criar a franquia Dragon Age, transformá-la em uma série para TV não seria uma boa ideia e ele explica o porquê

17/04/2024 às 9:51

Além de aumentar consideravelmente o número de jogadores, o sucesso alcançado pela série Fallout também tem despertado outro fenômeno. Agora, o que muitos fãs querem saber é qual será a próxima franquia dos games que receberá o mesmo tratamento e uma que muitos certamente adorariam ver adaptada, é a Dragon Age.

Crédito: Divulgação/BioWare

Com o Dragon Age: Dreadwolf em desenvolvimento desde 2015, mas ainda sem uma data definida para ser lançado, uma série para TV poderia servir como uma bela forma de divulgação para esse novo capítulo. Porém, uma pessoa muito importante para os RPGs da BioWare jogou uma dúvida sobre se isso daria certo.

Tendo escrito o roteiro de jogos como Baldur's Gate II: Shadows of Amn e Star Wars: Knights of the Old Republic, além da própria franquia Dragon Age, David Gaider entrou para a BioWare em 1999 e por lá permaneceu até 2016. Em 2021, quando surgiu a possibilidade de uma série da Amazon baseada em Mass Effect, ele demonstrou seu descontentamento e além de ter citado os jogos dos dragões naquela ocasião, agora reforçou sua opinião.

Após ver antigo Twitter um questionando em relação a qual a próxima franquia que gostaríamos de ver ser transformada numa série, quando a pessoa mencionou as adaptações de The Last of Us e Fallout, Gaider disse: “Imagino que todo mundo poderia esperar que eu dissesse Dragon Age, mas essa seria uma ideia terrível. Quero ver o Disco Elysium em um estilo David Lynch (nas drogas). Ou talvez Banishers.”

Acho interessante o roteirista ter citado o Disco Elysium, jogo tão elogiado pela sua atmosfera e diálogos, o que me faz concordar que ele poderia gerar uma história na TV. Porém, enquanto o joguei, por muitas vezes lembrei de uma série que está entre as minhas favoritas, a True Detective — principalmente a primeira e a terceira temporadas.

Por isso, questiono se ao ser levado para a TV, o jogo da ZA/UM teria força para nos apresentar algo novo e se distanciar da criação de Nic Pizzolatto. Com uma abordagem mais David Lynch, talvez ela conseguisse se destacar, mas aí caímos numa possível semelhança com Twin Peaks.

Dragon Age: Dreadwolf

Dragon Age: Dreadwolf (Crédito: Divulgação/BioWare)

Enfim, após termos sido bombardeados com tantas adaptações de péssima qualidade, a preocupação de David Gaider é justificável. E uma explicação dada por ele para a chance de o Dragon Age não funcionar como série nos ajudar a entender esse temor.

“Você tira o elemento interativo e fica com uma história de fantasia bastante padrão,” defendeu o roteirista. “Seria necessário um mergulho bastante profundo para destilar os elementos de cada um [dos jogos] que os tornam únicos e interessantes. Não é impossível, mas seria necessário mais do que uma adaptação mecânica.”

Caso um dia algum estúdio queira se arriscar por este terreno, não será a primeira vez que o mundo de Thedas será levado para outra mídia. Além de livros e revistas em quadrinhos, a franquia da BioWare também deu origem a duas animações, sendo uma longa-metragem e uma série.

A primeira delas, produzida pela Funimation Entertainment em parceria com a EA, foi lançada em 2012 e recebeu o nome Dragon Age: Dawn of the Seeker. O filme conta um pouco da história da personagem Cassandra Pentaghast e não foi muito bem recebida, nem pela crítica, nem pelo público.

Dragon Age: Absolution estreou na Netflix no final de 2022, trazendo seis curtos episódios produzidos pelo estúdio coreano Red Dog Culture House. Apresentando alguns personagens inéditos, a série animada teve uma aceitação melhor, mas longe de causar o impacto que vimos em outras adaptações recentes.

Dragon Age: Dawn of the Seeker

Dragon Age: Dawn of the Seeker (Crédito: Divulgação/Funimation Entertainment)

Curiosamente, David Gaider afirmou a seus seguidores que nunca assistiu essas animações ou mesmo teve interesse em fazer isso. Para ele, não houve o devido cuidado com essas adaptações.

“Pelo que me lembro, nenhuma das pessoas que fizeram essas animações (pelo menos enquanto eu trabalhava na BioWare) estavam particularmente interessadas na autenticidade,” declarou. “A minha suposição (infundada) sempre foi que a propriedade intelectual havia sido imposta à equipe de animação por necessidade.”

Por fim, Gaider ainda respondeu (ironicamente ou não) a duas sugestões sobre jogos que poderiam render boas séries. Uma falava sobre o Wolfenstein, que para ele funcionaria se “situado nos tempos modernos, com todos os nazistas sendo nazistas que insistem que não são nazistas ‘reais’ e acusam o personagem principal de estar woke [alerta para a injustiça racial].”

Já o outro título seria o Animal Crossing, que poderia dar origem a um “tenso thriller político”. Segundo Gaider, “A Revolução dos Bichos disfarçado de Animal Crossing seria incrível,” levando as pessoas a discutirem nas redes sociais sobre o quão política seria a adaptação e até a interpretando literalmente.

É, pensando unicamente no engajamento e repercussão que essas ideias poderiam gerar, talvez elas realmente dessem certo.

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