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Exclusivo: Entrevista com a ComboGames.com.br

17 anos e meio atrás

Conversamos com Gustavo Caetano, CEO da América Latina da Samba Tech, empresa responsável pela ComboGames, o primeiro distribuidor de jogos em forma digital do Brasil.

Nos EUA, as vendas de jogos direto nas lojas têm declinado, ano após ano, lentamente. Alguns alarmistas questionam a viabilidade do PC como plataforma de jogos com os consoles tomando seu lugar. Em compensação, as vendas de jogos direto por download, têm aumentado, com várias lojas expandindo suas operações e oferecendo aos consumidores comodidade e preços mais baixos.

Antes, o carro-chefe das vendas eram jogos exclusivamente online, mas com a banda larga e serviços de Digital Rights Management, o mercado está cada vez mais apto a fazer o download dos títulos.

Testamos alguns serviços nos EUA, com sucesso, como Guild Wars, World of Warcraft, Dreamfall e Civilization IV. Ótimos títulos, mas com preços em dólar, salgado demais para o consumidor brasileiro. Outro serviço famoso é o Steam, da Valve Software, tão conhecido dos fãs de Counter-Strike.

Apostando no mercado brasileiro e na viabilidade do modelo de negócios, a ComboGames foi criada e agora, o Gustavo nos concedeu essa entrevista. Em tempo, ele é um leitor do MeioBit. 🙂MB: Fale-nos um pouco sobre a Samba Mobile e como e quando a ComboGames foi concebida?
Gustavo: A Samba Tech é uma empresa líder na distribuição digital de games para celular, com escritórios no Brasil, Chile e Argentina, e presença nas operadoras da Venezuela, México, Peru, Equador e Bolívia. Temos mais de 100 mil downloads por mês na América Latina através de operadoras como Claro, Oi, TIM, Movistar, Entel PCS, Telmex entre outras.

Entre os jogos distribuídos para aparelhos celulares estão grandes títulos como Predador, Tomb Raider, Hitman Blood Money, Thief, O dia depois de amanhã, A Múmia, Jurassic Park, Crazy Frog, Duke Nuken e Escorpião Rei. E foi à partir de uma conversa com a Eidos, nossa parceira na distribuição digital de games para aparelhos móveis, que surgiu a idéia de distribuir grandes títulos de PC de maneira 100% digital.

À partir daí montamos uma plataforma na California, que faz a gestão e delivery do conteúdo e uma na América Latina para gerenciar pagamentos e web. Essa operação nos custou um investimento de quase 1 milhão de reais.

MB: Os jogos são distribuídos por download, usando algum sistema de DRM proprietário ou foi licenciado? Funciona em qualquer sistema operacional?
Gustavo: Os jogos são para Windows e utilizam um sistema de DRM da empresa Americana Macrovision.

MB: O consumidor pode fazer o backup da imagem do jogo em uma mídia de CD/DVD?
Gustavo: Sim. A idéia é exatamente essa. O consumidor pode fazer o que quiser com seu jogo.

Inclusive, caso ele tenha formatado seu PC e perdido o jogo, é possível fazer um novo download do game de maneira gratuita.

MB: A ComboGames será uma Publisher de jogos, auxiliando pequenas empresas nacionais?
Gustavo: Sim. Temos muito interesse em desenvolver o mercado local de games, até porque a remessa de dinheiro aos publishers internacionais é cara e muito burocrática. Queremos ser uma plataforma onde o pequeno desenvolvedor possa lançar seu jogo com uma abrangência maior do que ele teria nas lojas físicas.

MB: Como estão os números atuais e quais são as projeções?
Gustavo: Ainda não lançamos o portal oficialmente, ele opera ainda em fase de testes. Por enquanto estamos tendo uma média de 500 downloads por mês, porém a expectativa é multiplicar por 10 este número quando o site for lançado em conjunto com os principais portais do Brasil, Chile, Argentina e México, o que deve ocorrer em algumas semanas.

MB: Quais seriam os requisitos para um usuário adquirir um jogo? Quais as formas de pagamento? Pretendem trabalhar com a BrPay?
Gustavo: Uma boa conexão de internet é muito importante. O tamanho dos jogos é muito grande e por isso os usuários de internet discada vão demorar dias para baixá-los. O pagamento por ser feito por cartão de crédito (Visa, Mastercard, Dinners e Amex), Débito (Redecard/Maestro), Transferência bancária (Itaú) e boleto bancário, ainda em fase de implementação.

Pretendemos aumentar ainda mais as maneiras de recebimento. BrPay e Prepag estão na nossa lista. Lembrando que o valor dos jogos pode ser dividido em até 3x sem juros, dependendo do valor da compra.

MB: Quais os fabricantes e distribuidores estão em seu catálogo? Existem planos de expansão?
Gustavo: Trabalhamos atualmente com Vivendi/Sierra, Eidos, Codemasters, Ubisoft, Valusoft e outros desenvolvedores menores. Ao todos são 1500 jogos em nosso portfólio, mas nem todos estão no ar ainda por uma questão estratégica.

Estamos negociando com diversas empresas para aumentar ainda mais o número de jogos disponíveis. Já que esse é um projeto pioneiro na América do Sul, o convencimento ainda é difícil.

MB: Como é a infraestrutura da empresa? Rede, equipamentos, etc?
Gustavo: Temos 10 servidores rodando nos Estados Unidos e 2 no Brasil. Utilizamos um gateway de pagamento que gerencia nossas conexões seguras com as operadoras de cartão de crédito e bancos. Armazenamos, na Califórnia, quase 1 terabyte de jogos.

MB: No Brasil, o The Elder Scrools IV foi distribuído em espanhol. A comunidade resolveu fazer a tradução para o português e não há opção para comprar o jogo em inglês. A ComboGames teria como solucionar problemas como esse, fornecendo mais opções ao consumidor?
Gustavo: Temos negociado diretamente com publishers para conseguir jogos em português, inclusive com manuais na nossa língua. A Vivendi já se mostrou muito interessada no assunto.

MB: Jogos online têm sido lançados no exterior de forma sistemática, mas o pagamento em dólares assusta o brasileiro. Além disso, em jogos de ação, o ping baixo é essencial. Existem planos para tentar incluir o Brasil nesse mercado?
Gustavo: Em breve o ComboGames também terá bons jogos online, e com pagamento em reais.

MB: A pirataria é crônica no Brasil. O mesmo consumidor que não roubaria um pen drive, prefere comprar uma cópia pirata do jogo por 10 Reais ou fazer um download ilegal por p2p. Como isso poderia ser diminuído?
Gustavo: Realmente a pirataria é nosso maior inimigo. Porém, temos visto que diversas pessoas preferem a comodidade de comprar o jogo sem sair de casa. Outro benefício do Combogames é que conseguimos preços mais baixos.

Alguns jogos que são encontrados a 99 reais nas lojas, podem ser comprados no Combogames por 45 reais. Acredito que isso tem feito com que várias pessoas prefiram comprar jogos originais. Sobre os programas de P2P, vários usuários desistem de baixar jogos por lá principalmente pela enorme quantidade de vírus que vêem dentro dos arquivos.

MB: Apesar do reconhecimento do Brasil como pólo de desenvolvimento de software, ainda estamos fora do enorme mercado de desenvolvimento de jogos. Na sua experiência, o que têm dificultado essas empresas e quais os principais empecílios a ComboGames enfrentou/enfrenta?
Gustavo: O que falta são empresas de capital de risco (venture capital) investindo neste mercado. Algumas startups como a O2Games (www.gamegol.com.br), de Belo Horizonte e a Meantime, de Recife, já fazem parte do hall de empresas que têem produzido bons jogos por terem recebido investimento de Venture Capital. Dinheiro faz a diferença nesse mercado.

Produtoras menores não conseguem investir em design, música e efeitos especiais para os jogos, o que os torna pouco competitíveis no mercado. Acredito que para a criação de um bom jogo para PC no Brasil sejam necessários de 800 a 1 milhão de reais. --

As melhores perguntas serão enviadas por e-mail e será feito um follow-up dessa entrevista, respondendo as perguntas dos leitores.

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