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Usuários consideram braço mecânico "fácil demais"

13 anos e meio atrás

O projeto foi criado por pesquisadores da University of Central Florida, com a melhor das intenções: Um braço mecânico controlado por computador para auxiliar pessoas deficientes em suas atividades diárias. O sistema é inteligente, tem um modo automático com reconhecimento de objetos e ações. Aparentemente o sistema era muito eficiente, eficiente demais, como descobriram já na segunda fase de testes, com voluntários deficientes.

Eles preferiram ignorar o modo automático, passando a usar o modo manual, onde comandos verbais ou digitados eram necessários para coordenar o movimento do braço. O resultado era uma movimentação bem mais lenta, com um resultado final pior que o modo automático, mas era assim que os voluntários preferiam.

O motivo? Psicologia, algo que escapou aos pesquisadores.

Quando foi lançada no Brasil a mistura para bolo instantâneo o fracasso foi TOTAL, as vendas pífias. Estudos mostraram que as donas de casa se sentiam excluídas, não achavam que estavam cozinhando, ao usar a mistura pronta. O fabricante então alterou as instruções, mandou acrescentar um ovo. Não alterava em NADA o bolo, não mexeram em nada na mistura mas o ato de adicionar leite (ou água), ovo e misturar era próximo o suficiente da idéia de "fazer bolo", assim a consumidora não se sentia excluída, e podia usar o produto.

No caso do braço mecânico, temos um aparelho que NÃO é uma prótese. Fica preso à cadeira de rodas, o usuário não o entende como parte de si. Ao comandar o braço com ordens simples, ele se exclui do processo. O robô que vai e pega o copo, coloca o canudo e leva à boca é muito parecido com a enfermeira ou o sobrinho ganancioso (UM MERGULHINHO!) que faz o mesmo. A sensação é de... invalidez, tudo que o sujeito não quer ser.

Quando o braço é controlado passo-a-passo há a sensação de realização, o usuário está fazendo algo, não sendo "carregado no colo".

Notem que se o sujeito fosse um amputado e o braço estivesse preso ao ombro, as reações seriam diferentes, a percepção mental seria de "parte do corpo", aí quanto menos esforço para movimentá-lo melhor.

Esse estudo foi um belo exemplo de como design de interface é algo complicado. Não adianta dar toda a facilidade do mundo, se você não entende como pensa seu usuário, e algumas vezes em nome da dignidade é preciso abrir mão dessa facilidade.

Fonte: Gizmag

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