Carlos Cardoso 5 anos atrás
A Ucrânia não dá muita sorte. Com o fim da Guerra Fria ela herdou um razoável percentual do arsenal nuclear soviético. Um esforço diplomático russo e americano convenceu o país a basicamente vender as armas, em troca de garantias que Moscou e Washington os protegeriam em caso de ameaças. Tempos depois os russos invadiram a Ucrânia, tomaram a Criméia e estão financiando uma guerra civil que pode acabar com a independência do país.
Pra piorar a Ucrânia se descobriu com um programa espacial sem nenhum lugar para lançar seus foguetes. Muito raramente conseguem um acordo com os russos e lançam de Baykonur, mas é um danado de um climão.
Esse problema já tinha sido previsto bem antes, mas para completar o azar, em 1995 eles tiveram a brilhante idéia de se aliar ao Brasil para realizar o sonho da base própria. Assinado por FHC em 1995, o programa previa a construção de um foguete por parte da Ucrânia e a construção da base por parte do Brasil. Como já demonstramos, o Brasil só conseguiu fazer um cimentado, e vendo que o Brasil não andava a Ucrânia também não fez muita coisa da parte dela.
O acordo foi encerrado em 2015 (mas ainda custa R$ 500 mil pro Brasil, ou seja, pra nós) e a Ucrânia ficou chupando dedo, mas não por muito tempo. Vazou hoje informação de que pelo menos desde 2016 Kiev vem dando idéia na Austrália.
A Ucrânia quer uma área entre 5 e 7 mil quilômetros quadrados no noroeste da Austrália, perto da Base Aérea de Curtain.
A área em questão é equivalente ao retângulo na imagem acima. Lembrando que a Austrália é basicamente um imenso deserto então não há risco de os foguetes caírem na casa de ninguém.
Segundo autoridades locais um estudo de viabilidade pode ser feito em dois anos e por menos de US$ 500 mil, o equivalente ao que o Brasil paga em 3 meses para manter quatro funcionários da estatal Brasil-Ucrânia que AINDA está aberta sem fazer nada.
Os ucranianos querem que essa base seja o principal espaçoporto para toda a Ásia e Oceania, com investimentos de governos, empresas privadas, todo mundo. Faz sentido, não sai barata uma obra dessas: o novo complexo de lançamento russo em Vostchny quando ficar pronto, no final do ano, vai ter consumido US$ 7,5 bilhões.
Fonte: Space Daily.