Emanuel Laguna 6 anos atrás
Enquanto o Windows XP ganha alguma sobrevida, outro produto lançado em 2001 não terá a mesma sorte: trata-se do Itanium, linha de microprocessadores da Integrated Electronics. Lá em 2001, quando a Intel lançou o primeiro processador Itanium para os servidores e workstations da Hewlett-Packard, ambas as empresas pretendiam popularizar a microarquitetura IA-64.
A arquitetura IA-64 deixava de lado todo o legado e as limitações do x86, ao tentar criar todo um ecossistema de aplicativos e software nativamente 64 bits. A ideia inicial era colocar 64 bits em cada desktop, mas começando primeiro pelos servidores. Deu certo?
Voltemos ao final do século passado, quando os engenheiros da Advanced Micro Devices trabalhavam numa arquitetura de 64 bits que não abandonava o legado do x86: o AMD64 simplesmente expandiu os registradores de uso geral para 64 bits e criou mais alguns outros, além de aumentar o endereçamento da memória principal (RAM) alocada para muito além dos 4 GB permitidos pelo x86 (32 bits).
Embora programar software nativamente em 64 bits tenha tido lá suas vantagens na época, o desempenho bruto dos processadores Itanium não era muito superior aos contemporâneos. E a arquitetura IA-64 tinha a grande desvantagem de ainda não possuir nenhum aplicativo desenvolvido para ela, ou seja: quem comprava os servidores da HP, ou de outras fabricantes parceiras da Intel, com o Itanium tinha todo um trabalho de portar o software ou mesmo desenvolvê-lo do zero.
Em 2003, enquanto a Intel e a HP tentavam vender servidores e workstations com o Itanium 2, a AMD surge no mercado corporativo com os processadores Opteron, primeira aplicação prática da arquitetura AMD64. Em resposta, a Intel usa as especificações da AMD e lança a primeira linha de processadores Xeon com o EM64T. O EM64T é a versão Intel do AMD64. Tanto o AMD64 quanto o EM64T formam o que apelidamos hoje de x86-64.
Com a popularização da arquitetura x86-64, o mercado de servidores e workstations IA-64 acabou por virar nicho. Nicho do nicho: para que comprar, desenvolver e usar software nativamente 64 bits que roda apenas em servidores específicos, se podemos usar máquinas minimamente compatíveis com a arquitetura padrão x86-64?
Não deu outra: por maiores avanços de desempenho que a linha Itanium teve ao longo desses 16 anos, a Intel decidiu que o Itanium 9700 (codinome Kittson) será o último processador enviado às fabricantes. Ou melhor, à fabricante: somente a Hewlett-Packard Enterprise encomendou tal produto ultimamente.
De certa forma, até os mais modernos x86-64 estão a virar nicho: o mundo mobile hoje é dominado pela arquitetura ARM e mesmo a Intel dos excelentes Atom vai investir pesado nos processadores ARM. O futuro é mobile. O futuro é ARM. O x86-64 vai continuar servindo, para usos mais pesados. Como games com gráficos cada vez mais foto-realistas em realidade virtual, usando uma senhora inteligência artificial.
Fonte: Engadget.