Carlos Cardoso 7 anos atrás
Durante a Guerra Fria houve um desequilíbrio em uma área específica: vôos de espionagem. Os russos não tinham aeronaves especializadas realmente boas e, principalmente, não tinham estrutura de reabastecimento aéreo e locais de decolagem. A base mais próxima, Cuba, vivia cercada de bisbilhoteiros que avisariam assim que um MiG decolasse rumo a Miami.
Já os americanos investiram pesado e criaram maravilhas tecnológicas como o U2 e o SR-71, que sobreviveu a mais de 4.000 ataques de mísseis, e viu vários pilotos de MiG em ataques suicidas, colocando o avião em rota de colisão esperando acertar o Blackbird antes de cair sem controle e com o motor apagado.
Ah sim, para fins de registro os americanos dizem que o Blackbird nunca voou sobre a União Soviética, e todo mundo deve fingir que acredita.
Com o advento dos satélites aviões espiões perderam o charme e a utilidade, tanto que em 1992 vários países assinaram o Tratado de Céus Abertos, uma bobagem tão grande que nem o Brasil, que adora essas papagaiadas, participou.
A idéia é que “não temos nada a esconder”, então EUA, Rússia e outros permitiriam que aviões de observação de países “inimigos” sobrevoassem seu território, com direito a tirar fotos, usar radares, etc.
Na prática o tal tratado só entraria em vigor em 2002, os sensores usados devem preencher certificações específicas e o país que quiser fazer o vôo precisa avisar com 120 dias de antecedência. Ah sim, os dados colhidos devem ser compartilhados com os 34 membros do Tratado.
A função dessa bobagem é basicamente aporrinhar o outro país, e exercitar as unidades de engenharia das forças armadas e suas técnicas de camuflagem. Se bem que com 120 dias de aviso até eu consigo camuflar uma usina nuclear.
Os vôos hoje em dia são raros, e como sempre o Tratado não é respeitado: a Turquia negou uma solicitação russa para vistoriar uma região na fronteira com a Síria, e Putin proíbe vôos que passem pela Chechênia ou por Moscou.
Agora, apenas para chatear, os russos vão solicitar permissão para um vôo sobre o território continental dos EUA. Ainda bem que o Tio Sam tem 120 dias pra se preparar para os visitantes bisbilhoteiros.
Fonte: Free Beacon.