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MH17 — é, foi um míssil russo mesmo.

Agora é oficial: até o fabricante do Buk confirmou, o avião da Malásia na Ucrânia (voo MH17) foi derrubado por um míssil. A polêmica que sobra: russos dizem que não foi deles, ucranianos dizem que foi dos rebeldes.

8 anos atrás

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Em 17 de julho de 2014 um Boeing 777 da Malaysia Airlines com 283 passageiros e 15 tripulantes foi derrubado sobre a Ucrânia. Foi a versão mundo real de dois irmãos que começam a brincar de brigar, a coisa fica séria, derrubam um vaso e aí ficam com cara de bunda.

A internet, claro, correu para acusar a empresa de voar em uma zona de guerra, mas estavam bem acima da altitude mínima recomendada, com todos os transponders e perfis de vôo de uma aeronave comercial. Seria preciso uma conjunção de fatores envolvendo azar e incompetência, e foi exatamente o que aconteceu.

Para Entender: post da época, com perguntas e respostas

Rebeldes bancados pela Rússia, sem muito treinamento ou responsabilidade estavam animados por ter derrubado aviões ucranianos nos dias anteriores. Como o MH17 aparece como um ponto no radar e sem treinamento o sujeito não sabe identificar se é amigo ou inimigo, o imbecil disparou um míssil SA-11, e a hagada estava feita.

Na época a Rússia ainda vendia a fantasia de que não tinha tropas na Crimeia, apesar de milhares de soldados com uniformes com as insígnias removidas e centenas de blindados com numeração pintada. Imediatamente Moscow questionou a existência de sistemas Buk na área, mesmo com os próprios rebeldes postando fotos e vídeos de um que eles capturaram.

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O cúmulo foram informações “vazadas” pelos russos que apontaram caças ucranianos “ou da OTAN” voando próximos ao MH17. A implicação era direta: malvados americanos derrubaram o avião para culpar os pacíficos russos.

Problema: a retórica de Moscow não convence no mundo real, as evidências todas apontavam para um míssil, incluindo os buracos no formato dos estilhaços da ogiva de fragmentação e… os próprios estilhaços.

O relatório final das investigações feitas pelos Países Baixos aponta um míssil de um sistem Buk como o causador da tragédia, e como seria demais negar a essa altura do campeonato, os russos concordam. Mais ainda: a Almaz-Antey, fabricante do míssil realizou uma investigação própria completa, incluindo a detonação de mísseis perto de cockpits de aviões. É legal, veja:

RT — 'MH17 crash' test simulation video: Il-86 plane cockpit hit with BUK missile

A conclusão? O relatório dos Países Baixos está errado, o míssil em questão foi um Buk mas um 9M38M1, um modelo antigo que não consta mais dos arsenais russos, mas que a Ucrânia tinha em estoque.

Como no discurso russo os rebeldes ucranianos são Guerreiros da Liberdade, convenientemente o relatório de Moscow diz que o míssil teria sido disparado de uma região controlado pelas formas do Governo, mas o Buk é bem mais versátil que isso, atingindo com 95% de chances de sucesso um alvo a 25 km de altitude a 140 km de distância.

O mais estranho de tudo é que em guerra a primeira vítima é a verdade. Ver todo esse esforço de investigação, a Almaz-Antey gastando uma grana considerável para provar que foi um produto deles que derrubou o avião é algo meio fora do comum.

Ah sim: questionado do porquê de o relatório da Almaz-Antey ter sido divulgado no mesmo dia do relatório dos Países Baixos, o representante russo explicou: “coincidência”. No final ninguém afirma categoricamente nada sobre quem disparou, filho feio não tem pai. Os russos insinuam mas não apontam culpados, rebeldes apagaram os posts, ucranianos desconversam, Lula diz que não sabia de nada e Aécio declarou que não tem nada a ver com míssil, o negócio dele é helicóptero.

Fonte: RT.

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