Carlos Cardoso 8 anos atrás
Em ficção científica toda nave que se preza (nave, não cabine telefônica) tem um telão. Na vida real a ISS é controlada com patéticos notebooks de dez anos atrás, mas agora isso vai mudar. Em março subiu pra estação uma Soyuz e entre outros itens levaram um kit da Screen Innovations.
Sim, algo tão trivial quanto uma tela para projetor precisa ser especialmente… projetada. Telas normais dependem de gravidade para fixação e alinhamento, na Estação não há esse luxo. Também não poderia ocupar muito espaço, nem demorar para ser instalada. O pessoal da Screen Innovations aproveitou que um dos engenheiros deles tinha experiência na indústria aeroespacial e depois de alguma bateção de cabeça, conseguiram!
A tela, além de ser certificada pra Full HD, passou por um monte de testes, como absolutamente não ser inflamável, não soltar fragmentos, não ter cheiro e ser resistente a manchas, pois é comum na ISS restos de comida e outras nhacas não-identificáveis flutuando pela cabine.
Também capricharam no projetor. A lâmpada de um projetor normal dura com sorte 3.000 horas. Isso é muito pouco, quando 1 kg de carga até a ISS custa US$ 10 mil. Escolheram então um projetor a laser, certificado para 30 mil horas de uso contínuo.
O resultado é que os astronautas agora têm uma tela de 65 polegadas para treinar, visualizar informações importantes e, quando acabar o expediente, ver um filminho. Escolhido pelo Scott Kelly, nada menos que o excelente… Gravity.
Como todos ali são astronautas treinados, só ficarão apavorados com as liberdades tomadas pelo diretor, como a inexplicável morte do George Clooney ou como o Hubble, a ISS e a Estação Espacial Chinesa estarem impossivelmente próximas. Não, eu adoro Gravity, mas da mesma forma que filmes de submarino, se você for 100% fiel à realidade, o filme será um saco.
Assistir Gravity aliás poderia se tornar uma tradição na Estação Espacial, da mesma forma que os cientistas na estação polar Amundsen-Scott, na Antártica têm a tradição de uma vez por ano assistir ao clássico de John Carpenter, O Enigma do Outro Mundo.
Fonte: Screen Innovations e Popular Mechanics.