Carlos Cardoso 8 anos atrás
A SpaceX confirmou o tweet inicial do Elon, realmente a válvula engastalhada diminuiu o tempo de resposta causando o pouso fora dos padrões do Falcon 9. Tudo bem, faz parte, é assim que se aprende, e entre mortos e feridos salvaram-se todos, inclusive a barcaça Just Read The Instructions.
A estratégia de construir a embarcação com o mesmo material que usam para fazer Caixas-Pretas de aviões deu muito certo, fora algumas placas do tombadilho o resto dos danos é apenas estético. Estarão prontos pra outra, mas isso nem será necessário.
Gwynne Shotwel, a Presidente da SpaceX comentou que a próxima tentativa de pouso será feita em terra. em uns dois meses. O TurkmenÄlem 52E, primeiro satélite do Turcomenistão, será lançado em uma semana, mas como vai pra órbita geoestacionária cada gota de combustível conta, e não sobra pra tentarem o pouso.
Por mais que o bicho desça vazio, ainda é preciso bastante combustível pra fazer essa graça:
http://www.youtube.com/watch?v=44wZQUcuWUwRichard Coppola — SpaceX CRS 6 ASDS Landing
Convenhamos, não é preciso jogar Kerbal Space Program pra saber que uma das coisas mais anti-naturais é um foguete dar marcha-a-ré e pousar. Toda aquela velocidade horizontal adquirida na subida? Tem que ser zerada.
O pouso no solo provavelmente será dia 22 de julho, quando o Falcon 9 colocará em órbita o satélite Jason 3. A área de pouso já foi reservada. Diz Shotwel que isso facilita muito, o foguete não tem que lidar com uma base subindo e descendo o tempo todo, se bem que na Califórnia nunca se sabe.
Essa solução é paliativa, o Falcon 9 no futuro irá pousar em terra mas só algumas vezes, em outros casos não haverá combustível suficiente, os foguetes pousarão na balsa, serão reabastecidos e voarão pra base.
A tendência de criar foguetes reutilizáveis (e não recicláveis, jornaleiros) e baratear os custos atingiu todo mundo, inclusive a United Launch Alliance, a joint-venture da Lockheed Martin e da Boeing. O novo foguete deles, o Vulcan seguirá esse princípio.
Os caras pensaram: o mais caro nessa bagaça é o motor. Combustível sai na urina e o resto do foguete é só tanque, 65% do custo está nos motores. Dane-se o resto, salvemos eles.
Ao invés de pousar tudo, depois de cumprir sua função social o 1º estágio do Vulcan ejetará o conjunto do motor, que reentrará na atmosfera protegido por um escudo térmico, desacelerará, abrirá um pára-quedas e será recolhido, ainda no ar por um helicóptero.
Parece um enorme McGyverismo, mas não é nenhuma novidade. Nos Anos 60 os satélites espiões eram analógicos, fotografavam seus alvos com filmes. Quando o filme acabava, o conjunto era selado numa cápsula de reentrada e recuperado por um avião, em pleno vôo, evitando que caísse em território hostil (qualquer lugar a mais de 100 m da sede do NRO).
A invenção de câmeras digitais de alta resolução e algoritmos de compressão acabou com a necessidade desses vôos, mas quando um motor recuperado recondicionado e reinstalado sai 90% mais barato do que um novo, nada melhor que voltar aos velhos métodos.
Vai dar certo? Provavelmente, mas nem de longe é tão elegante e funcional quanto o Falcon 9. Claro, os clientes da ULA estão pouco se lixando pra elegância e funcionalidade, querem saber de kg/$ em órbita.
Tudo bem, mas é melhor correrem, quando o Falcon 9 estiver afinadinho e pousando como uma pluma a balança de custos vai pender forte pra SpaceX.