Carlos Cardoso 8 anos atrás
Antigamente eletrônica embarcada em automóvel se resumia ao acendedor de cigarros e ao rádio AM/OC1/OC2. Hoje em dia um carro topo de linha como uma Mercedes SLR tem mais linhas de programação embarcada do que um caça F22, e cumpre tarefas bem mais complexas. Essas tarefas, graças a sensores cada vez mais sofisticados estão se expandindo além do carro em si, e um dos novos players que entrou com tudo é a Honda.
Nos modelos do Legend que começarão a ser vendidos no final do ano estará integrado o sistema Honda Sensing, É um daqueles parangolés tecnológicos que os japoneses trouxeram do futuro ou do planeta deles, dependendo de qual teoria você defenda. Para quem está acostumado com carros que só têm banco, volante e motor porque o DETRAN obriga, o Sensing tem:
1 — Collision Mitigation Braking System (CMBS)
Um sistema de radar e uma câmera frontal identificam obstáculos, inclusive pedestres. Se aparece um no caminho, um sinal audiovisual toca. Caso o motorista não faça nada, o carro dá um toquinho no freio. O motorista ignorou? Quando chegar em cima o carro freará sozinho. Se você for fazer uma ultrapassagem em uma estrada de mão-dupla, e ele detectar que o carro vindo em sentido oposto está perto demais, soará um sinal audiovisual e o volante tremerá. Caso você entre na contra-mão, e o sistema detecte que uma colisão é inevitável, freará com força para diminuir a velocidade da colisão.
2 — Road Departure Mitigation (RDM) system
Se você começar a sair da faixa, e o sistema detectar que não é para uma manobra, apitará. Caso continue ele assumirá a direção e retornará o carro para a posição normal. Se você forçar, e ele perceber que você perdeu o controle e vai sair da estrada, freará para evitar que isso aconteça.
3 — Pedestrian Collision Mitigation Steering System
Detecta se você está desviando pro meio-fio e há um pedestre no caminho. Apita feito um desesperado e gira o volante em sentido oposto para tentar desviar do sujeito. Mesmo que seja sua sogra. Meh.
4 — Adaptive Cruise Control (ACC) with Low-Speed Follow
Para aquele engarrafamento anda-pára. O sistema assume freio e acelerador. O radar trava no veículo da frente e toda aquela punh-digo, burocracia de avançar, parar, avançar é controlada pelo computador.
5 — Traffic Sign Recognition
A câmera detecta sinais de trânsito e avisa nas telas internas quando abre e quando fecha. Caso você não goste de dirigir olhando pra frente, imagino.
6 — False Start Prevention Function
Esse é MUITO útil. às vezes você está no sinal, o carro da frente acelera mas ela é novata, e deixa o carro morrer. Você nisso já enfiou o pé no acelerador. Resultado, a frente do seu carro está no banco de trás do Chevette da frente. Com esse sistema o radar identificar que o carro não se moveu ou moveu pouco. Ele corta o acelerador e impede que você conheça biblicamente a traseira do carro dos outros.
7 — Lead Car Departure Notification System
Esse é completamente inútil. Em teoria ele detectaria que o carro da frente no engarrafamento já se afastou e você está parado, pensando na vida. Ele apitaria, piscaria e te acordaria pro mundo. Na prática no momento em que o carro da frente começou a andar, se em 0,0003 s você não se mover, o carro atrás de você (em geral eu) já está metendo a mão na buzina.
Dadas as implicações legais, esse tipo de tecnologia só chega na rua (literalmente) depois de muito, muito testada. Isso quer dizer que os japoneses atropelaram muitos bonecos antes de aperfeiçoar o sistema, o que não é simples. Humanos são ótimos em absorver microondas, e péssimas em refletir. A quantidade de processamento necessária para identificar uma pessoa também não é nada trivial.
Disso tudo nem me espanta carros mais inteligentes do que muitos robôs de ficção científica. O que me espanta é sermos capazes de criar carros que literalmente tiram o volante da sua mão e corrigem um vacilo seu, e não conseguimos criar computadores à prova de mães.
Fonte: EG.