Emanuel Laguna 9 anos atrás
No primeiro trimestre de 2013, os lucros do mercado de telefones celulares, mais especificamente o de smartphones “de verdade”, se dividiram entre Apple e Samsung de forma que a Maçã tinha 57 por cento dos lucros mundiais e a Samsung ficava com os outros 43 por cento.
Até ali beleza, cem por cento bonitinho, mas aparentemente todo último trimestre chegam as contas malucas que incluem os prejuízos de outras empresas e essas duas gigantes juntas chegam a mais de cem por cento. Em 2012, por exemplo, a conta maluca do último trimestre deu 103%. Cento e três por cento. Apenas somando Apple e Samsung.
Enfim, entre outubro e dezembro de 2013, a Apple obteve 87,4% dos lucros mundiais no mercado de smartphones. Ok, usando a iMaginação, o resto também conhecido como Samsung mereceria os 12,6% da percentagem mas não, a sul-coreana ficou com 32,2%. Somando temos 119,6%. Quase cento e vinte por cento.
De acordo com o CEO da Apple, Tim Cook, na entrevista da semana passada, poderíamos supor que o mercado de smartphones estaria encolhendo, mas, aparentemente, o ritmo de crescimento dos lucros dessas duas principais fabricantes de celulares, que tendia a parar, foi pouco alterado. Em especial no caso da Apple, pois a Samsung infelizmente teve ligeira queda nos lucros do quarto trimestre de 2013. Só que esta ainda obteve lucro: outras notáveis fabricantes de smartphones (e tablets) nem de longe tiveram a mesma sorte da sul-coreana de permanecerem lucrativos no ramo no último trimestre do ano passado. Lembrando: as festividades de final de ano são as responsáveis pelo melhor período de vendas no ano.
Os prejuízos das outras fabricantes que não a Apple e Samsung tornam possível estas duas somarem quase 120% de lucros no mercado, pois a participação negativa de BlackBerry, Motorola, Nokia, HTC, Sony, entre outras, chegou aos alarmantes 19,6% (no último trimestre de 2012 a participação negativa delas somadas era de apenas 3%). Isso quer dizer que comprar um aparelho dessas empresas é praticamente um ato de caridade. Devemos excluir dessa lista vermelha a LG, que ficou no zero a zero graças ao destaque na mídia de aparelhos como o LG G Flex e ótimas vendas em mercados como o brasileiro.
Como estão as fabricantes de smartphones no mercado norte-americano (Crédito: comScore)
Aliás, se formos imaginar mercados como os Estados Unidos, por exemplo, todos esses números revelam que o maior mercado do mundo (em termos de escala e poder de compra condizente) está saturado (ou bem próximo da saturação): não é que todo norte-americano já tenha o seu smartphone, mas podemos ter usuários de feature phones que preferem evitar a compra de um celular mais complexo e caro na atual crise econômica.
Enquanto isso, temos os países emergentes onde todo mundo quer comprar um smartphone e esbarra nos preços elevados dos aparelhos high-end e planos de telefonia, estes que aqui no Brasil a gente tem que tentar pagar pelo menos pior. Sem a oferta próxima do acessível de bons planos de dados, muita gente acaba por usar o smartphone “de verdade” como feature phone mesmo.
Bom lembrar que o tio Laguna, no presente texto, estava a falar dos lucros no mercado de smartphones. Se formos falar de telefones celulares em geral, a Samsung continua sendo a maior fabricante do planeta.