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Palworld: sucesso, recordes e polêmicas

Apesar das acusações de plágio e do uso de inteligência artificial em sua criação, Palworld é um “Pokémon com armas” que se tornou um enorme sucesso

22/01/2024 às 9:06

Vez ou outra um jogo é lançado por um estúdio menor e mesmo sem contar com uma pesada campanha de marketing, se torna um enorme sucesso. O primeiro a conseguir essa façanha em 2024 atende pelo nome Palworld, mas apesar do título já ter se tornado uma febre, não significa que seus criadores não estejam imunes a críticas.

Palworld

Crédito: Divulgação/Pocketpair

Desenvolvido pelos japoneses da Pocketpair, Palworld foi lançado no Steam na última sexta-feira (19) e desde então vem empilhando números expressivos. Com impressionantes cinco milhões de cópias vendidas em apenas três dias, o interesse do público só tem aumentado e a quantidade de pessoas jogando serve para demonstrar isso.

Segundo o ranking mantido pelo SteamDB, o título aparece como o quinto com a maior quantidade de jogadores simultâneos por lá. Enquanto escrevia essa matéria, ele era aquele que contava com a maior quantidade de pessoas jogando, mais de 1,2 milhão, com o pico das últimas 24 horas chegando perto de 1,3 milhão de jogadores simultâneos.

Alcançar uma posição tão alta no principal serviço de distribuição digital do PC já seria um feito e tanto, mas há um detalhe que torna essa colocação ainda mais importante. Se repararmos na lista, veremos que os quatro jogos a frente do PalworldPUBG: BATTLEGROUNDS, Counter-Strike 2, Lost Ark e Dota 2 — são distribuídos gratuitamente.

Ou seja, a Pocketpair conseguiu se tornar o segundo jogo vendido com a maior quantidade de jogadores simultâneos da história do Steam, ficando à frente de gigantes como Cyberpunk 2077, Elden Ring, Hogwarts Legacy e Baldur's Gate 3.

Nota: embora hoje o PUBG seja um jogo gratuito, quando ele alcançou o número de 3.257.248 jogadores simultâneos, ainda era vendido. Logo, ao contrário do que o texto afirmava anteriormente, ele ainda é o título que ostenta esse recorde.

Palworld

Crédito: Divulgação/Pocketpair

Tamanho interesse tem feito com que os servidores dedicados ao jogo sofram, mesmo quando se trata daqueles mantidos por terceiros. A demanda tem sido tão grande, que empresas como a G-Portal, que fornecem servidores para o Palworld, estão enfrentando instabilidades. “A maioria dos atuais problemas que você pode estar enfrentando (não conseguir comprar ou entrar em um servidor) se deve ao fato de termos uma demanda muito(!) alta pelos servidores,” diz o comunicado.

Mas afinal, o que no Palworld teria chamado a atenção de tanta gente? Bom, além dele se passar num mundo aberto que pode ser explorado por até 32 pessoas simultaneamente, a maneira como o título tem sido descrito serve para nos dar uma boa ideia do que o levou a tamanha popularidade: “Pokémon com armas”!

No jogo seremos jogados num lugar repleto de criaturas conhecidas como Pals e o nosso objetivo será lutar contra elas e capturá-las para formar uma equipe cada vez mais poderosa. Assim poderemos construir bases, viajar de um lugar para o outro e fazer o possível para sobreviver naquele ambiente hostil.

Por funcionar como um jogo de sobrevivência, as criaturas serão fundamentais para termos sucesso. Será com algumas delas que poderemos escavar minas ou colocar fábricas para funcionar e essa diferença em relação à franquia da Nintendo caiu no gosto dos jogadores.

Crédito: Reprodução/Barbie-Élite4/X

Mas enquanto muitas pessoas estão se divertindo com seus Pokémon-que-não-se-garantem-na-porrada e que no momento está sendo vendido por R$ 80 (muito menos que os jogos da Nintendo), alguns estão incomodados com a maneira como o jogo foi produzido, a começar pelas acusações de plágio.

No X é possível encontrar várias publicações (aqui e aqui) apontando as similaridades entre os monstrinhos presentes no Palworld e na série que claramente lhe serviu de inspiração. Mesmo estando longe de ser um conhecedor de Pokémon, foi só colocar os olhos em algumas dessas criações para perceber que aqui a distância entre inspiração e cópia é muito próxima.

O que também não está ajudando a desenvolvedora são algumas publicações feitas pelo CEO, Takuro Mizobe, incluindo uma afirmação sobre a utilização de inteligência artificial para driblar as questões de direitos autorais ao criar desenhos inspirados em Pokémons.

Embora isso não prove que algum monstro tenha sido idealizado com inteligência artificial, o próprio histórico da Pocketpair não ajuda. Entre trabalhos anteriores do estúdio temos, por exemplo, o AI: Art Imposter, jogo que utiliza um gerador de imagens por inteligência artificial em tempo real. Logo, se algumas pessoas se incomodam com títulos que foram criados usando esse tipo de tecnologia, imagine um que traz um gerador embutido?

Crédito: Divulgação/Pocketpair

Outro forte indicativo de que esses personagens podem ter sido criados com o auxílio de inteligência artificial foi dado por Mizobe, em uma publicação no blog da empresa. Nela, o executivo reconhece a inexperiência da sua equipe e fala sobre a artista que desenhou os monstrinhos, descrevendo-a como alguém recém-formada e que foi recusada nas 100 empresas em que tentou uma vaga de emprego.

O que dizer então do fato que quando eles começaram a desenvolver o Palworld, nem contavam com uma equipe de animação, já que o seu título anterior, o Craftopia foi desenvolvido usando apenas assets já disponíveis no mercado?

Enfim, concordar ou não com a utilização de inteligência artificial na criação de jogos é algo pessoal e mesmo com as acusações de plágio, nada disso parece incomodar o grande público, já que das mais de 41 mil análises do jogo feitas no Steam, 93% a classificaram positivamente.

Quanto a Takuro Mizobe e seus comandados, as críticas em relação à semelhança de suas criações não deverão parar no Palworld. Ainda no primeiro semestre de 2024 a Pocketpair deverá lançar o Never Grave: The Witch and The Curse, um metroidvania muito bonito e que no trailer abaixo fica clara a sua semelhança com o aclamado Hollow Knight.

E essa “busca por inspiração” é algo do que o game designer aparentemente não se envergonha. Em entrevista concedida ao Wired em 2022, ele disse: “Tenho desejo profundo de que o meu trabalho seja apreciado pelo maior número possível de pessoas e, para isso, se existem boas ideias no mundo, eu as pego e não necessariamente preciso ser específico sobre originalidade. Tenho pensado nisso. Quero criar de maneira mais casual. Acho que seria uma boa ideia criar algo assim, apenas pulando para o que está na moda (risos).”

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