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Na contracorrente, Wayfinder abandona o modelo F2P

Após passar por problemas no seu desenvolvimento, o MMO Wayfinder será transformado num jogo single-player e vendido por um preço único

16/05/2024 às 9:45

O mercado de MMOs é muito competitivo e restrito, com alguns gigantes deixando pouco espaço para outros jogos que buscam conquistar o público. Por isso, algo que se tornou comum é vermos títulos serem lançados cobrando uma mensalidade e com o tempo, passarem por uma conversão para o modelo free-to-play e se escorando nas microtransações. O Wayfinder seguirá pelo caminho contrário.

Wayfinder

Crédito: Divulgação/Airship Syndicate

Desenvolvido pela Airship Syndicate e distribuído pela Digital Extremes, o jogo teria versões para PC, PlayStation 4 e PlayStation 5, mas em 8 de abril ficamos sabendo que mudanças estavam por vir. Pelo X, o estúdio citou o fim da parceria com a editora e como eles assumiriam o controle do jogo, interromperiam sua distribuição até que um novo plano fosse implementado.

Pois agora sabemos que essa mudança de rumo será profunda, começando pelo modelo de negócios. Alegando que a indústria tem mudado nos últimos anos e com tantos jogos lutando pelo tempo e atenção dos jogadores, a desenvolvedora decidiu abandonar a distribuição gratuita.

Segundo a Airship Syndicate, hoje as pessoas estão mais dispostas a investir tempo e dinheiro em um jogo em que todo o conteúdo está disponível desde o início. Por isso eles optaram por acabar com as microtransações e cobrar um preço fixo pelo Wayfinder. O valor escolhido foi de US$ 24,99 enquanto o título se encontrar como em Acesso Antecipado e aumentando quando o lançamento final acontecer.

Outra mudança se dará na estrutura do jogo. Se antes ele era divulgado como um MMO de menor proporção, quando a atualização Echoes acontecer o Wayfinder poderá ser aproveitado como um jogo single-player, inclusive sem a necessidade de estarmos conectados. Já para quem prefere uma experiência cooperativa, será possível encarar a aventura na companhia de outros três jogadores.

O estúdio afirma que isso permitirá que o jogo permaneça funcionando indefinidamente, com o progresso sendo armazenado localmente e não em servidores da empresa. A jogabilidade ainda receberá melhorias, adotando elementos típicos de RPGs, assim como armas e itens que podem ser encontrados aleatoriamente e uma nova área três vezes maior que a última adicionada.

Wayfinder

Crédito: Divulgação/Airship Syndicate

Mas se essas mudanças podem soar interessantes para quem não jogava o Wayfinder, elas não caíram bem na comunidade. No Steam é possível ver muitas reclamações direcionadas a essa troca de estilo e se antes o jogo tinha 46% de aprovação por parte do público, agora ele tem apenas 20%. No geral, a insatisfação está principalmente no fato de as pessoas terem se interessado por um MMO e agora acabarem com algo completamente diferente.

O que agrava a situação é que, apesar da promessa que o jogo seria distribuído gratuitamente, para participar do período de testes era preciso comprar um pacote de fundador e como boa parte das pessoas vinham jogando há meses, a possibilidade de conseguir um reembolso pela loja da Valve parece pequena.

Passando para os consoles, quem também não deve estar muito satisfeito são os jogadores que apostaram em jogar no PlayStation 4. Isso porque a Airship Syndicate revelou que o suporte a essa versão será descontinuada e embora um upgrade para o videogame mais novo da Sony esteja garantido, nem todos já migraram de geração.

Além disso, as mudanças só serão feitas no PlayStation 5 mais para o final do ano, pois agora o estúdio precisa se concentrar em apenas uma plataforma para poder implementar as alterações o mais rápido possível. Mesmo assim, eles anunciaram que o jogo também chegará ao Xbox Series S|X.

Crédito: Divulgação/Airship Syndicate

Se mudanças tão grandes estão revoltando parte daqueles que haviam adquirido o Wayfinder, é preciso entendermos a situação em que o estúdio e até o próprio jogo se encontravam. O problema se tornou público em novembro de 2023, quando a Digital Extremes — que vale dizer, é uma subsidiária da Tencent games — acabou com sua divisão responsável por projetos externos.

Sem que o jogo recebesse atualizações significativas, o título que chegou a contar com mais de 24 mil jogadores nos primeiros dias viu o interesse despencar, chegando a apenas 21 jogadores simultâneos em 27 de abril. A impressão era que, a menos que algo fosse feito, o Wayfinder estava morto.

Se essa estratégia adotada pela Airship Syndicate será suficiente para salvar o jogo, teremos que esperar para saber. Por enquanto, o certo é que até o dia 31 de maio ele continuará funcionando como está e somente a partir de 11 de junho o título voltará a ser vendido no Steam.

Talvez por não conhecer o jogo como ele era, tenho que admitir que essa mudança no modelo de venda e até mesmo a aproximação a um jogo single-player me fizeram ter vontade de experimentar o Wayfinder.

Crédito: Divulgação/Airship Syndicate

O problema é que, como bem-dito pelo pessoal da Airship Syndicate, são tantos jogos disponíveis e tão pouco tempo para conhecê-los, que será que vale mesmo a pena investir nesse? Há ainda o agravante de toda a bagunça que foi seu desenvolvimento, independentemente de quem são os reais responsáveis por isso.

Logo, o correto neste momento me parece ser esperar. Com o passar dos meses e os prometidos aperfeiçoamentos que o Wayfinder deverá receber, talvez ele acabe entregando uma experiência divertida, mesmo que essa seja bem diferente daquela que muitos imaginaram que teriam.

Por mais que alguns fãs estejam atacando o estúdio e eu entenda a frustração dessas pessoas, torço para que o jogo reencontre o seu caminho e que exista um final feliz para essa história. No momento isso soa difícil de acontecer, mas como os responsáveis pela Airship Syndicate parecem dedicados a salvar o projeto, ainda há esperança.

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