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Pokémon GO, eventos e como não tratar seu público

Pokémon GO vende passe para evento realizado em espaço público, e pede para quem não pagou não comparecer; claro, deu ruim

1 ano atrás

Pokémon GO, o game de Realidade Aumentada da Niantic que usa a mesma engine e princípio de Ingress, mas com os monstrinhos de bolso da Nintendo como tema, é ainda hoje um dos títulos para dispositivos móveis mais populares do mundo, com uma base instalada média de mais de 78 milhões de jogadores ativos (dados de janeiro de 2023), que se divertem em uma experiência de treinadores pokémon.

O game coleciona inúmeras histórias envolvendo os jogadores, algumas legais, outras não, e mesmo os desenvolvedores deram tropeços diversos desde 2016, o que nos traz à última presepada, envolvendo um evento em um parque, cobrança de passes, e jogadores que não pagaram sendo recomendados a não frequentarem um espaço público.

No ar desde 2016, Pokémon GO conta com mais de 78 milhões de jogadores ativos (Crédito: Divulgação/The Pokémon Company/Nintendo/Game Freak/Creatures Inc./Niantic Inc.)

No ar desde 2016, Pokémon GO conta com mais de 78 milhões de jogadores ativos (Crédito: Divulgação/The Pokémon Company/Nintendo/Game Freak/Creatures Inc./Niantic Inc.)

O caso em questão ocorreu nos Estados Unidos, entre os dias 18 e 19 de fevereiro, no Sunset Park, em Las Vegas. O evento fazia parte da turnê Pokémon GO Live/Fest, organizada pela Niantic em diversas cidades do mundo, atualmente centrada na geração de pokémons da região de Hoenn, introduzidos em Pokémon Ruby/Sapphire. A única edição realizada no Brasil foi em 2019, na cidade de Porto Alegre.

Realizado desde 2017, a Pokémon GO Fest oferece uma série de conteúdos exclusivos dos eventos, como achievements especiais e pokémons que não podem ser capturados normalmente, lembrando que muitos deles estão disponíveis apenas em regiões específicas do globo; um dos objetivos da Niantic com Pokémon GO, herdado de Ingress, é estimular o público a se movimentar, sair, explorar e, se possível, visitar outras regiões e países.

De 2016 para cá, Pokémon GO é visto como uma ferramenta para incentivar o povo a viajar, ajudando a movimentar a economia. Segundo a desenvolvedora, só em 2019 o game levantou US$ 249 milhões de receita com comércio e serviços ligados ao turismo, em Chicago, Montreal e Dortmund.

O que nem todo mundo sabe, é que a Niantic cobra pela participação oficial dos jogadores nos eventos Pokémon GO Live, mesmo estes sendo realizados em locais públicos, preferencialmente em parques. A inscrição custa em média US$ 25 quando realizada com antecedência, e US$ 30 ao se aproximar da data. Os cupons são limitados, para (em tese) controlar o número de participantes, o que raramente deu certo.

A Pokémon GO Live de Las Vegas teve um influxo de mais de 17 mil jogadores que não compraram o ingresso (Crédito: Divulgação/The Pokémon Company/Nintendo/Game Freak/Creatures Inc./Niantic Inc.)

A Pokémon GO Live de Las Vegas teve um influxo de mais de 17 mil jogadores que não compraram o ingresso (Crédito: Divulgação/The Pokémon Company/Nintendo/Game Freak/Creatures Inc./Niantic Inc.)

Não é preciso pensar muito para entender o que acontece: como os eventos da Niantic são realizados em lugares que todo mundo tem acesso, os Pokémon GO Live são "invadidos" por jogadores que não pagaram a taxa de inscrição, mas podem conectar, jogar, e ter acesso aos conteúdos exclusivos mesmo assim. E todo mundo sabe o que acontece quando muita gente em um mesmo lugar tenta usar serviços online em seus smartphones.

No evento de Las Vegas, a Niantic diz que mais de 17 mil jogadores regulares apareceram no último sábado (18), e a coisa degringolou completamente. Com tanta gente tentando conectar em Pokémon GO e garantir seus monstrinhos exclusivos, o game se tornou absolutamente injogável para todo mundo, especialmente para quem pagou pelo ingresso e esperava ter uma experiência divertida.

Nem a Niantic, nem o poder público, podem fechar um parque mantido com o erário para eventos fechados, e desde que o evento é realizado, a desenvolvedora se reservava a lidar com isso. Ainda assim, esta achou que seria uma boa ideia aconselhar seus jogadores, os que não compraram os ingressos, a não darem as caras em um parque aberto a todos no domingo (19), a fim de permitir que os jogadores pagantes pudessem se divertir.

Um passo muito errado, por sinal.

Claro que a resposta veio a cavalo, ou melhor, a Rapidash. Usuários do Twitter acusaram a desenvolvedora de Pokémon GO de hipocrisia, ao defender o game como uma experiência social acessível, enquanto busca limitar o acesso de jogadores, e do público geral, a um ambiente público, mantido pelos próprios jogadores com seus impostos, em uma das cidades mais movimentadas e cheia de turistas do planeta.

Outros propuseram que se a Niantic quer fazer diferente, ela tem duas opções: realizar os próximos Pokémon GO Live em locações privadas, com acesso limitado só a quem pagou, ou trabalhar para o game não "baleiar" com um número excessivo de jogadores tentando se conectar em um mesmo lugar. Ah, ela também poderia comprar o parque, o que for mais fácil.

Claro, há de se convir que a massa de jogadores regulares que apareceu no Sunset Park para aproveitar o evento sem pagar é um exemplo clássico da Lei de Gérson, que não é exclusividade nossa, mas isso não é desculpa para recomendar as pessoas a não frequentarem um ambiente público, para não incomodar uma parcela de jogadores pagantes.

Considerando que o mesmo aconteceu no evento original de 2017, e é uma constante nos Pokémon GO Live, em maior ou menor grau, talvez seja melhor para o estúdio investir mais no jogo, para que ele possa comportar mais gente em um mesmo local sem problemas, ao invés de sugerir que o público não deva ocupar locais... bem, públicos.

Fonte: Eurogamer

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