Valve comemora os 25 anos do Half-Life

No dia 19 de novembro de 1998, a Valve lançava um dos jogos mais importantes de todos os tempos. Nos colocando na pele do cientista Gordon Freeman, Half-Life não se limitava a ser uma galeria de tiro. Entregando um mundo imersivo, um enredo muito interessante e uma jogabilidade inovadora, o título mudou a maneira como passamos a ver os FPSs e seus criadores podem se orgulhar por terem criado um jogo extremamente influente.

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Passados esses 25 anos, a sua desenvolvedora aproveitou a data para comemorar e fez isso começando por oferecer o clássico gratuitamente. A oferta infelizmente só valeu até as 10h de hoje (20), mas como você provavelmente já possui uma cópia do Half-Life, não deve ter o que lamentar.

Passemos então para os outros presentinhos que a Valve preparou para o título que a colocou em evidência, com o principal deles sendo uma grande atualização. A lista completa, que pode ser conferida aqui, é extensa, mas um resumo das adições e mudanças é o seguinte:

• Half-life Uplink: foi adicionada a demonstração disponibilizada em 1998 em revistas e alguns hardwares. Essa minicampanha foi desenvolvida logo após a criação do jogo ter sido concluída, sendo o primeiro contato que muita gente teve com ele.
• Quatro mapas multiplayer: desenvolvido pelos designers de fases da valve, Contamination, Pool Party, Disposal e Rocket Frenzy levam a engine do Half-Life ao limite.
• Melhorias na parte visual: embora o título continue com a mesma aparência de 1998, agora ele funciona melhor com os monitores modernos. Isso significa, por exemplo, suporte a widescreen, melhor renderização no Linux e uma interface adaptada a resoluções mais altas.
• Suporte a controles e ao Steam Networking: possibilidade de jogar usando um gamepad e de convidar seus amigos para partidas online usando o sistema do Steam.
• Suporte ao Steam Deck: agora o Half-Life aparece como “Verificado” nos testes do portátil da Valve, o que foi beneficiado pelas melhorias de controle e interface.

A atualização nos deu acesso a alguns extras interessantes, como o icônico vídeo de abertura da Valve; o conteúdo multiplayer presente no raro CD Half-Life: Further Data; e a novos sprays.

Já um material que deverá fazer a alegria de quem gosta de conhecer os bastidores de criação, é o vídeo Half-Life: 25th Anniversary Documentary. Criado em parceria com a produtora Secret Tape, ele traz entrevista com várias pessoas que participaram do projeto e revela alguns detalhes muito legais.

Um deles fala sobre a importância que Karen Laur teve para o desenvolvimento. Como a equipe não tinha muita clareza sobre como as fases deveriam ser, várias pessoas começaram a trabalhar de maneira independente. Porém, num determinado momento eles precisariam unir tudo o que tinham criado e foi aí que entrou Laur.

“Primeiro de tudo, eu tinha um monte de texturas e sempre que eu criava uma nova, quem estivesse trabalhando em novos estágios dizia, ‘Oh, texturas novas, vou usá-las!’,” disse a artista. “Alguém que fizesse outro nível poderia começar a usá-las e eu pensava que não, isso é o caos, precisamos restringir isso. Então comecei a nomear os conjuntos de texturas pela fase para a qual foram feitas. Eu estava tentando forçar alguma coesão visual e aquilo realmente acabou funcionando.”

Ainda segundo Karen Laur, uma das fontes de inspiração para seu trabalho foi a cidade de Washington, onde ela cresceu. “[Lá] existem todos aqueles grandes e realmente banais prédios de escritórios e foi o tipo de direção em que segui,” explicou. “Começou se tornando uma instalação, então comecei a fazer aquelas placas de linóleo, o teto falso, a parede de blocos de concreto, o piso preto e branco...”

Vale lembrar que o primeiro Half-Life foi criado com a GoldSrc, que por usa vez era uma versão bastante modificada da Quake Engine. Porém, se a Valve tivesse optado apenas por aproveitar os modelos e texturas do jogo da id Software, teria certamente acabado com algo parecido com uma mera modificação.

E nesta parte apareceu o talento e dedicação de Laur, que inicialmente pintava manualmente cada textura que seria utilizada no novo jogo e a partir de um ponto passou a usar fotografias como referência. Para isso ela passeava por toda Seattle, fotografando cada lugar que tivesse objetos de metal enferrujados e pensando em que partes do jogo usaria aquele material.

Infelizmente o documentário não está disponível com legendas em português, mas se esse não for um impeditivo, recomendo fortemente que você reserve um pouco mais de uma hora do seu dia e o assista.

Já em relação às novidades trazidas para o primeiro Half-Life, por mais que elas tenham despertado o interesse de muita gente nos últimos dias, encará-lo atualmente não será tão agradável ou impactante quanto foi na época do seu lançamento. Duas décadas e meia é muito tempo quando se trata de videogames, com muito daquilo que o jogo implementou tendo se tornado padrão ou até mesmo superado.

Por isso que, caso nunca tenha jogado essa obra de arte, acredito que o melhor hoje seja dar uma chance ao Black Mesa. Embora tenha sido criado por um grupo de modders, esse remake contou com a autorização da Valve e embora traga melhorias em quase todas as partes, ele ainda consegue manter muito da atmosfera daquele ótimo jogo.

E se um dia você resolver conhecer essa nova versão, depois que terminar a campanha faça um favor a si e parta logo para o Half-Life 2 e suas expansões. Te garanto que encontrará muita diversão e qualidade ali.