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Half-Life: de Oppenheimer e Einstein ao Arquivo X

Designer responsável pela criação do Gordon Freeman, Chuck Jones revela a inspiração para alguns emblemáticos personagens da série Half-Life

38 semanas atrás

Uma das principais qualidades da série Half-Life está nos personagens criados pela Valve. Mesmo sem a desenvolvedora ter entrado em muitos detalhes sobre seus passados, figuras como G-Man, Gordon Freeman ou Alyx Vance estão carregados de carisma e até mesmo alguns NPCs do primeiro jogo conseguiam se destacar. O que muitos não sabiam era a inspiração para alguns deles.

Half-Life

Crédito: Reprodução/Timmy Meyer/Villains Wiki

Passados quase 25 anos desde o lançamento do título que deu início à franquia, explorar hoje as instalações de Black Mesa pode parecer um tanto estranho, com diversos cientistas dividindo suas aparências devido às limitações da época. Já na época em que o Half-Life foi lançado, isso não impediu as pessoas de se apegarem aos personagens secundários, inclusive lhes dando nomes.

Deles, talvez o mais famoso certamente é o cientista que o jogo chama em seus arquivos como scientist_01. Inicialmente os jogadores se referiam a ele como Walter, o que chegou a dar origem ao diário Walter's World. Percebendo o interesse do público, a Valve optou por lhe dar mais importância na continuação, com o sujeito sendo batizado como Isaac Kleiner.

Outro caso interessante é daquele cujo arquivo foi nomeado scientist_04. Durante muito tempo a comunidade o tratou como Slick, algo que poderia ser traduzido como liso, macio. Agora, devido ao enorme sucesso do filme Oppenheimer, de Christopher Nolan, alguns fãs deram início a uma interessante teoria: e se aquele cientista tivesse sido inspirado no “pai da bomba atômica”?

Visualmente é possível notar alguma semelhança e para tirar a dúvida, o site TheGamer resolveu tirar a dúvida. O primeiro a descartar tal possibilidade foi o roteirista Marc Laidlaw, opinião essa compartilhada por Chuck Jones — simplesmente a pessoa que criou o design do protagonista da série.

Contudo, isso não significa que a equipe responsável pelo jogo não tenha buscado inspiração em figuras do mundo real. Segundo Jones, o scientist_02 foi um desses casos, mas ao contrário do que muitas pessoas pensavam, eles não miraram em Albert Einstein para criar aquele cientista.

“No que diz respeito aos cientistas, peguei o maior clichê visual do que um cientista poderia parecer e parti dali,” explicou o designer. “O que você mencionou que parecia o Einstein? Acho que me inspirei no George Washington (o estranho corte de cabelo) — não sei por quê.”

Crédito: Reprodução/VladimirRyan560/DeviantArt

Chuck Jones aproveitou para confirmar algo que algumas pessoas sempre desconfiaram: o G-Man foi realmente baseado no Canceroso, emblemático personagem que William B. Davis interpretou na série Arquivo X. “[O fundador da Valve] Gabe Newell mencionou que era isso o que ele queria ver. O Arquivo X era enorme na época, então o design o seguiu,” afirmou.

Por fim, o ex-funcionário da Valve falou sobre o arquivo que algumas pessoas encontraram no jogo e que seria para uma cientista. Inicialmente a ideia era fazer dela uma figura importante em Black Mesa, já que a mulher nos mandaria em uma missão para alinhar um satélite e depois nos entregaria para a força especial dos Estados Unidos, a Hazardous Environment Combat Unit (HECU).

Como sabemos, tal personagem nunca chegou a aparecer no jogo, mas o seu conceito acabou sendo aproveitado no Half-Life 2, quando uma personagem importante para o enredo muda de lado e nos vende aos Combine. Quem jogou deve lembrar de quem estou falando.

Half-Life

Crédito: Divulgação/Valve

Embora possam ser consideradas curiosidades que pouco adicionam ao universo do jogo, essas histórias servem para mostrar o enorme cuidado que a Valve tinha durante a produção, além do talento dos seus roteiristas para criar mundos extremamente imersivos.

Porém, para entender o impacto que o Half-Life teve no mundo dos jogos, é preciso contextuar o período em que ele foi lançado. Estamos falando de 1998, quando os jogos de tiro em primeira pessoa se preocupavam principalmente em nos colocar para atirar em tudo o que se movesse enquanto uma trilha pesada tocava ao fundo.

Esse é o tipo de obra que aqueles que tiveram a oportunidade de jogar na época em que chegou às lojas provavelmente percebeu que algo estava acontecendo, que a história estava sendo escrita diante de seus olhos. Por isso não acho exagero considerá-lo um dos jogos mais influentes de todos os tempos e se hoje temos FPSs muito mais complexos, devemos agradecer àqueles fantásticos profissionais da Valve.

No fim das contas, Black Mesa pode não ter sido criada com a ajuda de Einstein, não viu Robert Oppenheimer andando pelos seus corredores, mas quem se importa? Foi por lá que vimos Gordon Freeman vestir sua HEV suit e enfrentar um destruidor de mundos capaz de deixar até Vishnu boquiaberto.

 

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