Galaxy Tab S9 Ultra: quase um laptop. Quase

O Galaxy Tab S9 Ultra é a versão avantajada dos atuais tablets topo de linha da Samsung. Com uma tela de 14,6 polegadas, ele é o maior de sua categoria e pode ser usado como um laptop, graças ao recurso Samsung DeX com interface próxima de um PC.

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Graças à caneta S Pen e a capa-teclado inclusos no pacote, e a um preço bem mais amigável, ele se destaca à frente de seu rival, o iPad Pro com processador Apple M2, mesmo com o Android ainda oferecendo muitos apps adaptados a tablets, muito menos a uma interface de desktop.

Afinal, o Galaxy Tab S9 Ultra é um substituto decente de um notebook? Eu o testei por duas semanas e conto o que achei dele a seguir.

Nota de transparência

Desde 2004, o Meio Bit publica análises opinativas com o intuito de ajudar os leitores a tomarem sua própria decisão de compra, seja de um gadget, um game ou um serviço/software/app. Nós somos francos em nossas opiniões e destacamos pontos positivos e negativos de igual maneira, não importando a natureza dos produtos, de modo a manter a integridade e transparência do site.

Ninguém externo à redação do Meio Bit teve acesso a este review de forma antecipada, bem como não houve nenhum tipo de interferência, pagamento, ou direcionamento da Samsung e/ou terceiros, em relação ao seu conteúdo.

O Galaxy Tab S9 Ultra foi fornecido pela Samsung em caráter de empréstimo; ele será devolvido à empresa após os testes.

Design

O Galaxy Tab S9 Ultra é um tablet grande, tipo, REALMENTE grande. A linha de 2023, assim como a Tab S8 lançada no ano anterior, se multiplicou com as variantes padrão, de 11 polegadas, o Tab S9+, de 12,9", e este, com impressionantes 14,6".

Os dois primeiros competem em tamanho com ambas versões do iPad Pro, mas o Tab S9 Ultra não possui paralelo entre todos os tablets disponíveis no mercado, sejam iPads ou dispositivos Android, no que tange ao seu tamanho. Por outro lado, suas dimensões avantajadas distribuem seus 732 g muito bem, em um corpo de 5,5 mm de espessura.

O acabamento em alumínio nas laterais e traseira, como esperado em um produto premium, completam o ar de sofisticação.

Se compararmos o Galaxy Tab S9 Ultra com outros tablets, ele é obviamente grande demais e um tanto desengonçado para ser manuseado, mas a Samsung especificamente voltou esta variante para competir com laptops intermediários, que possuem dimensões similares. Ele não é muito mais complicado de transportar que um notebook comum, mas é bem mais leve.

O Galaxy Tab S9 Ultra possui uma vantagem enorme contra o iPad Pro, a inclusão da capa-teclado e a caneta S Pen na caixa. Usuários do dispositivo que roda iPadOS são obrigados a adquirir os similares compatíveis oficiais, que incluem a Apple Pencil, ou de terceiros autorizados, de modo separado, o que implica em custos adicionais.

Já com o produto da Samsung, o usuário tem a liberdade de usá-lo como um tablet ou um laptop desde o momento que o tira da caixa, podendo aproveitá-lo da maneira que achar melhor, sem ter que gastar um centavo sequer a mais para isso.

O Tab S9 Ultra também é acompanhado de uma capa traseira, que acomoda o suporte para deixar o tablet em pé, quando usado no modo de laptop. Ele é bem rígido e firme, e pode ser ajustado na altura que o usuário desejar.

Os botões Liga/Desliga ficam na lateral direita, a mesma posição das câmeras frontais, para que ambos sejam posicionados no topo quando em posição paisagem; a porta USB-C 3.2 possui conector magnético, e a entrada para cartões microSD suporta modelos com até 1 TB de espaço.

Tela e som

O display presente no Tab S9 Ultra, assim como em seus irmãos menores, é um Dynamic Amoled 2X com, como já dissemos, 14,6 polegadas; a resolução aqui é a maior entre as variantes, de 2.960 x 1.848 pixels, proporção 16:10 e 239 ppi. Diferente do Tab S9 e Tab S9+, entretanto, há um notch para acomodar as duas câmeras selfie, algo que eu considero completamente desnecessário.

O display possui recursos interessantes, como o Vision Booster, que aumenta a visibilidade sob Sol forte, ideal para quem for usado em locais abertos, e um ajuste dinâmico da taxa de atualização, que oscila entre 60 e 120 Hz, conforme o conteúdo sendo executado.

Como nem tudo é perfeito, não é possível selecionar uma taxa fixa diferente de 60 Hz. Para ter acesso aos 120 Hz, é preciso ativar o modo Dinâmico e executar qualquer coisa compatível, seja um vídeo ou um game. Isso foi feito para otimizar o consumo de energia, mas era mesmo necessário com uma bateria de 11.200 mAh?

A tela também acomoda o leitor de impressões digitais, e ele não falhou nenhuma das vezes em que foi acionado.

A qualidade das telas AMOLED da Samsung se destaca mais uma vez. Mesmo não sendo OLED, a presente no Galaxy Tab S9 Ultra possui cores bem definidas, um preto ótimo e um brilho forte, tornando-o excelente para execução e consumo de mídia. Filmes e séries ficam lindos nessa telona, bem como... HQs.

Claro que para problemas simples, soluções simples (aliado a pensamento fora da caixa) são muito melhores, adquirir um Tab S9 Ultra para ler gibis é um desperdício de dinheiro, é como usar um canhão para matar formigas. Dito isso, usar uma tela de laptop para consumir suas edições favoritas, sem um teclado a tiracolo, é uma experiência desconcertante.

O Galaxy Tab S9 Ultra entregou a melhor experiência em tablets para ler HQs que já tive, mas eu nunca o compraria só para isso.

O som é provido por 4 alto-falantes AKG, presentes nas laterais superior e inferior do tablet, com suporte a Dolby Atmos. O áudio é alto e com poucas distorções, quase dispensando caixas de som externas, mas estas ainda provêm uma qualidade sonora superior, assim como fones de ouvido Bluetooth (não há porta P2, como era de se esperar).

Teclado, S-Pen e Modo DeX

O teclado que acompanha os três Galaxy Tab S9 vem no padrão ABNT2 e conta inclusive com um touchpad, para uso completo como laptop assim que tirá-lo da caixa, dispensando um mouse Bluetooth se você não quiser usá-lo, ou não tiver um. As teclas são bem espaçadas e o ato de digitar é bem agradável, e a superfície touch é sólida ao clique bem precisa.

A fixação é magnética, e o usuário pode optar pela ativação do modo DeX uma vez que ele for conectado ao tablet, ou acioná-lo através da combinação de teclas Fn + DeX.

Também inclusa na caixa dos tablets da linha Tab S9, está a caneta S Pen. Ela conta com um suporte magnético na traseira do dispositivo, onde é carregada por indução, e ao ser desconectada, os submenus para escrita na tela e desenho são ativados em segundo plano.

No modo tablet, ela pode ser usada como qualquer outra stylus, tanto para escrever quanto para desenhar, enquanto no modo DeX, ela assume as funções de um mouse, habilitando o modo de operação pleno do Tab S9 Ultra como um laptop.

O modo de escrita é bem preciso, e o botão para apagar é firme, embora eu não tenha conseguido evitar cliques acidentais, mas isso diz mais sobre a minha forma de segurar um lápis ou caneta, que não é lá muito ortodoxa.

O Modo DeX, o recurso da Samsung que ativa uma interface de desktop em seus aparelhos móveis, foi bastante refinado em relação ao presente na linha Tab S8. O suporte a multitarefa é total, a navegação é suave, seja via teclado ou mouse/S Pen, mas o calcanhar de Aquiles da função ainda é o mesmo: o Android.

O sistema do Google continua carecendo de apps devidamente adaptados para tablets, a prioridade sempre foi e continuará sendo smartphones, não importa o quanto a companhia se esforce para mudar as coisas. O Instagram, por exemplo, só funciona com a tela em modo Retrato, e isso nunca vai mudar.

Embora o Google tenha se comprometido a adaptar seus apps para tablets, o mesmo não pode ser dito de grande parte dos devs mobile, que priorizam smartphones, e assim, a experiência com estes produtos no Galaxy Tab S9 Ultra, seja em modo tablet ou DeX, ainda é o da tela esticada.

Claro que se levarmos em conta o preço mais em conta, e o fato de que o mercado de PCs está se tornando cada vez mais de nicho, ter um tablet que pode ser usado como um laptop, gastando bem menos, continua sendo uma opção interessante.

Software e extras

O Galaxy Tab S9 Ultra conta com o Android 13, usando a interface One UI 5.1. A apresentação é bem limpa, a quantidade de aplicativos nativos pré-instalados foi reduzida ao mínimo, e a maioria deles pode ser desinstalada facilmente.

A Samsung prometeu que todos os produtos da linha Tab S9, a versão FE inclusa, e a linha de smartphones Galaxy S23, receberão 4 atualizações de versão do sistema operacional, o que significa que eles são elegíveis a updates até o Android 17, que será lançado em 2026, além de 5 anos de updates de segurança e correções.

Os apps da Samsung são atualizados através da Galaxy Store, a loja proprietária, bem como alguns recursos de background, mas isso não chega a ser um problema. Esta loja também conta com alguns apps e games não presentes na Play Store because reasons, com o óbvio destaque para Fortnite, via instalação do cliente da Epic Games Store.

Desempenho e bateria

A linha Galaxy Tab S9 conta com a versão exclusiva de um dos SoCs mais poderosos da Qualcomm, o Snapdragon 8 Gen 2 for Galaxy. Otimizado com foco em desempenho, ele conta com um núcleo Cortex-X3 de 3,36 GHz, 4 de 2,8 GHz, sendo dois Cortex-A715 e dois A710, para tarefas intermediárias, e 3 Cortex-A510 de 2 GHz para o dia a dia.

O modelo testado conta com 12 GB de memória RAM e 256 GB de espaço interno; a versão topo de linha do Tab S9 Ultra vem com 16 GB e 512 GB, respectivamente.

Sendo direto, o Galaxy Tab S9 Ultra não possui rival entre tablets Android. Ele deu conta de vários jogos rodados sem demonstrar sinais de lentidão ou travamentos, entre os testados que foram Asphalt 9: Legends, Fortnite e Genshin Impact (jogos de mundo aberto consomem muitos recursos). Todos foram executados maravilhosamente bem, com controles touch ou usando joysticks emparelhados via Bluetooth.

Segundo a Samsung, a bateria, de 11.200 mAh, garante um dia de uso em diversos cenários. No meu teste, eu tirei o Galaxy Tab S9 Ultra da tomada às 10:00, rodei duas horas de streaming de vídeo, duas horas de streaming de música, duas horas de games (Asphalt 9: Legends e Azur Lane, uma hora cada), além de usá-lo para navegação e redes sociais, sempre com o brilho no máximo e conectado via Wi-Fi. Às 18:30, a bateria chegou a 30%, uma marca alinhada com as afirmações da fabricante.

Já a recarga é um ponto negativo: embora o tablet suporte carregamento de 45 W, a fonte inclusa na caixa é de 15 W, e o Tab S9 Ultra não conversa com fontes ultrarrápidas de outros fabricantes, reconhecendo apenas o modo rápido básico, devido a ausência do recurso PPS Fast Charging no acessório da Infinix.

Quer velocidade máxima? Compre o carregador oficial, que custa em torno de R$ 350 na rede varejista, ou outro compatível.

Com a fonte de 15 W, o Tab S9 foi de 0 a 100% em pouco mais de duas horas. Não é lento, mas podia ser melhor. Em notas adicionais, a bateria pode ser usada para recarregar smartphones, via cabo USB.

Câmeras

Eu já disse várias vezes que um tablet não é o melhor gadget para ser usado como câmera, e com o Galaxy Tab S9 Ultra, isso nunca foi tão verdade. Seu tamanho torna impraticável usá-lo como primeira escolha para tal, a ideia de sacar uma prancha de 33 x 21 cm da mochila e sair clicando por aí é absolutamente ridícula.

Assim sendo, óbvio que os sensores escolhidos são mais fracos que os presentes na linha Galaxy S23. O conjunto duplo traseiro conta com uma Wide de 13 megapixels e uma Ultrawide de 8 MP, mais que o suficiente para casos de uso padrão, como fotografas documentos e capturar códigos QR.

Mesmo assim, as câmeras seguram algumas extravagâncias, para usuários que não têm noção. Em locais abertos e muita luz, eles são capazes de captar cenas com qualidade, com pouca distorção nas bordas, e há inclusive suporte ao modo Retrato, para fotografar elementos desfocando o fundo.

De novo, o Tab S9 Ultra não é próprio para ser usado como câmera, mas na remota possibilidade de ter que usá-lo como tal, ele não faz feio.

As câmeras selfie, acomodadas no notch, receberam mais atenção para viabilizar chamadas online. Temos uma Wide e uma Ultrawide, ambas com 12 MP, com a segunda suportando um ângulo de 120º.

Para transmissões ao vivo e chamadas, elas são mais do que suficientes e entregam uma boa qualidade de vídeos a 30 fps, em 1080p ou 4K, assim como as principais.

A meu ver, as câmeras selfie são o que se espera em um tablet voltado a produtividade e uso como um laptop... mas a Samsung não devia ter colocado um notch.

Conclusão

O Galaxy Tab S9 Ultra é um senhor tablet, tanto em desempenho quanto em tamanho, e ganha vários pontos ao incluir o teclado e a S Pen na caixa, o que se converte em uma significante economia em relação a usuários do iPad Pro, tendo que comprar os mesmos acessórios à parte.

Embora grande e um tanto desengonçado, ele é um produto ótimo para quem precisa de um display amplo e de qualidade, mas não quer gastar os tubos para isso, mesmo com o Android não tendo tantos apps otimizados para tablets.

A parte mais interessante é o preço, que despencou desde o lançamento. No momento em que este review vai ao ar, é possível adquirir o modelo topo de linha, com 16 GB de RAM e 512 GB de espaço interno, por R$ 6.299 na rede varejista, bem distante dos R$ 11.499 que o com 12 GB e 256 GB custava, na época do lançamento.

Se compararmos o iPad Pro M2 de 12,9" com o Galaxy Tab S9+, de mesmas dimensões, incluindo a Apple Pencil de 2.ª geração (R$ 1.515) e o Magic Keyboard (R$ 4.223) para igualar a experiência, temos R$ 18.414 contra mais gerenciáveis R$ 5.549, ambos com 512 GB de armazenamento.

Ipad Pro M2 de 11", com acessórios, vs. Galaxy Tab S9 de mesmo tamanho? R$ 15.836 contra R$ 4.699, os dois com 256 GB de espaço, sempre lembrando que os tablets Samsung vêm com teclado e S Pen na caixa.

Embora alguns digam (com razão) que o iPad Pro atual é bem mais potente que a linha Galaxy Tab S9, não há como rebater o argumento do preço, que chega a ser 3 vezes menor a favor da Samsung, e no fim do dia, o Tab S9 Ultra está muito além de qualquer outro dispositivo Android de sua categoria.

Para mim, isso é o bastante.

Galaxy Tab S9 Ultra — Ficha Técnica

• Processador: Qualcomm Snapdragon 8 Gen 2 for Galaxy (4 nm), octa-core com 1 núcleo Cortex-X3 de 3,36 GHz, 2 Cortex-A715 de 2,8 GHz, 2 Cortex-A710 de 2,8 GHz, e 3 Cortex-A510 de 2 GHz;
• GPU: Adreno 740;
• Memória RAM: 12 GB;
• Armazenamento interno: 256 GB;
• Armazenamento externo: expansível via cartão microSD de até 1 TB;
• Tela: Dynamic AMOLED 2X de 14,6 polegadas;
• Resolução: 2.960 x 1.848 pixels (proporção 16:10, ~239 ppi);
• Taxa de atualização: até 120 Hz (ajuste dinâmico);
• Câmera traseira: Conjunto duplo:
  • Principal (Wide): 13 megapixels, abertura f/2,0;
  • Ultrawide: 8 megapixels, abertura f/2,2;
  • Flash LED, HDR, grava vídeos em 4K ou 1080p a 30 fps;
• Câmera selfie: Conjunto duplo:
  • Principal (Wide): 12 megapixels, abertura f/2,2;
  • Ultrawide: 12 megapixels, abertura f/2,4, 120º;
  • Grava vídeos em 4K ou 1080p a 30 fps;
• Sensores: Proximidade, acelerômetro, giroscópio, bússola, leitor de digitais sob a tela;
• Recursos extras: Samsung DeX;
• Teclado (incluso): padrão ABNT2 com touchpad;
• S Pen (inclusa): controle de gestos, controle remoto;
• Conectividade: Wi-Fi 6E, Bluetooth 5.3, GPS, GLONASS, BDS, GALILEO;
• Bateria: 11.200 mAh, com suporte a carregamento ultrarrápido de 45 W (fonte inclusa de 15 W);
• Portas: USB 3.2 Type-C;
• Sistema operacional: Android 13;
• Dimensões: 326,4 x 208,6 x 5,5 mm;
• Peso: 732 g;
• Cor: Grafite.

Pontos fortes:

• Desempenho de ponta;
• Teclado e S Pen na caixa;
• Tela e som excelentes;
• Modo DeX aprimorado.

Pontos fracos:

• Por que um notch, Samsung? Por quê!?
• Android tem poucos apps que aproveitam uma tela tão grande;
• Sem seleção livre da taxa de atualização;
• Fonte inclusa podia ser mais rápida.