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Super Junkoid: transformando o Super Metroid num pesadelo

Usando o Super Metroid como base, Super Junkoid é um ROM hacking impressionante que nos leva para uma aventura inédita e muito bonita

24 semanas atrás

Se formos falar de jogos influentes, poucos podem ostentar esse título de maneira tão incontestável quanto o Super Metroid. A criação da Nintendo R&D1 e da Intelligent Systems segue cultuada mesmo quase 30 anos após seu lançamento, servindo como referência não só para jogos criados do zero, mas também para aqueles que se escoram sobre seus arquivos para dar vida a novas aventuras. E um desses casos atende pelo nome Super Junkoid.

Super Junkoid

(Crédito: Reprodução/P. Yoshi/Romhacking)

Criado por uma pessoa conhecida como P. Yoshi, Super Junkoid é uma modificação para a terceira aventura de Samus Aran, algo que nos videogames chamamos de ROM hacking. Porém, ao invés de apenas mudar a protagonista, o game designer nos entregou uma experiência bastante diferente daquela feita para o Super Nintendo.

No jogo seremos Junko, uma garota que se vê presa num sonho onde passa a ser adorada como uma deusa. Naquele mundo, ela terá que lidar com uma enorme serpente que passou a segui-la, além, é claro, de uma legião de monstros.

Para isso a menina contará com uma série de habilidades e armas, como a capacidade de se transformar num rato para assim poder passar por lugares estreitos ou fazer com que sua varinha consiga disparar tiros que congelem os inimigos, os transformando em plataformas.

Crédito: Reprodução/P. Yoshi/Romhacking

Mas se nas mecânicas o Super Junkoid não se difere muito do jogo que usou como base, é na parte visual que o trabalho de P. Yoshi se destaca. Da interface até os cenários, tudo ali foi alterado, com os monstros e ambientes em quase nada lembrando o que temos no Super Metroid.

Já no início da campanha é possível ver a pequena Junko acordando em sua cama, situação muito diferente do que temos no Super Metroid, com a nave pilotada por Samus. Depois a garota corre tendo uma cidade moderna ao fundo, entra em uma construção típica dos dias atuais, explora um lugar parecido com uma fábrica e se arrisca por uma espécie de laboratório.

Eu nem posso imaginar o trabalho necessário para fazer modificações tão profundas em um jogo conhecido pela sua complexidade. Alguém poderá dizer que, no fundo, tudo não passa de trocar os sprites já existente por outros, mas ainda assim, tudo parece se encaixar tão bem naquele universo, que se torna difícil não ficar babando pelo Super Junkoid.

Super Junkoid

Crédito: Reprodução/P. Yoshi/Romhacking

Porém, isso não quer dizer que eu tenha gostado de tudo o que vi nessa criação. Para mim, a maneira como as pernas da protagonista se move parece estranho, assim como o giro que ela dá quando salta. Acredito que isso se deva a uma limitação do jogo base, com o autor tendo sido obrigado a manter o estilo do original, mas achei que não combinou muito com o resto.

De qualquer forma, esse é um excelente exemplo do que a criatividade, dedicação e conhecimento podem gerar quando se trata de modificar um clássico. Talvez essa nem seja a intenção de P. Yoshi, afinal ele já havia feito um hacking parecido para o Metroid, mas fico pensando o que essa pessoa poderia fazer criando um jogo do zero e com algumas centenas de milhares de dólares nas mãos.

O provável é que um projeto assim nunca chegue a acontecer, mas se você quiser testar o Super Junkoid, ele pode ser baixado aqui. Eu ainda não tive a oportunidade para testá-lo no Super Nintendo, mas como já vi seu cartucho sendo vendido numa grande varejista chinesa, imagino que o jogo deva rodar tranquilamente também no console.

A magia do ROM hacking

Caso não esteja familiarizado com o termo, ROM hacking é a prática de modificar um jogo, alterando suas imagens, fases, jogabilidade ou qualquer outro elemento. Muitas vezes as pessoas fazem isso para melhorar um título antigo, mas não é raro que a técnica acabe dando origem a jogos completamente novos.

A própria série Metroid costuma ser alvo dessas modificações, com os fãs implementando estágios novos, adicionando mecânicas que não existiam nos originais ou partindo para aventuras que nada tem a ver com as de Samus Aran.

Um exemplo é uma modificação que coloca o Cuphead no lugar da caçadora de recompensas, mas em sites como o Metroid Construction é possível encontrar uma infinidade de ROM hackings, sendo um prato cheio para quem cansou de explorar os jogos originais e um ótimo ponto de partida para quem deseja produzir essas modificações.

Secret of Evermore, localizado para português (Crédito: Reprodução/Dindo/Romhacking)

Mas de todas as maneiras de modificar um jogo, uma das mais comuns e comemoradas pelos jogadores é aquela que se dispõem a traduzir títulos que não foram lançados numa determinada língua. Graças ao trabalho voluntário daqueles que possuem o conhecimento, hoje temos acesso a vários jogos mais antigos e que só estavam disponíveis em japonês, ou para aqueles que não se sentem confortáveis com inglês, agora podem experimentar, por exemplo, um RPG em português.

Outra maravilha proporcionada por essas alterações é a remoção da censura aplicada em algumas produções. Relativamente comum quando uma obra era lançada em outro mercado, alguns títulos ficaram famosos por diferirem bastante do original, fruto do receio das editoras ao levarem essas produções para outros países e com o esforço dos hackers, hoje podemos encarar tais jogos da maneira como eles foram idealizados.

Para quem se interessa por conhecer a criatividade dos fãs, encarar um jogo que tanto adora, mas com diversas melhorias ou poder entender o que sua história contava, esse é um campo fascinante e com uma quantidade de conteúdo praticamente infinita.

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