Meio Bit » Ciência » Uma câmera-pílula navegável para viagens insólitas

Uma câmera-pílula navegável para viagens insólitas

Novo modelo de câmera-pílula para exames internos pode ser controlada remotamente, ao invés de depender do trato digestório para isso

40 semanas atrás

Pesquisadores da Universidade George Washington, nos Estados Unidos, desenvolveram um novo modelo de câmera-pílula, que se difere de outros modelos por ser "navegável", podendo ser controlada magneticamente.

O dispositivo é um passo além para a realização de exames de endoscopia menos invasivos, e, ao mesmo tempo, que não dependam do próprio organismo do paciente para conduzir a câmera pelo trato gastrointestinal.

A NaviCam não é diferente de uma pílula, e não é a primeira câmera do tipo, mas esta pode ser conduzida magneticamente (Crédito: AnX Robotica Corp./George Washington University)

A NaviCam não é diferente de uma pílula, e não é a primeira câmera do tipo, mas esta pode ser conduzida magneticamente (Crédito: AnX Robotica Corp./George Washington University)

A endoscopia é um dos procedimentos diagnósticos mais invasivos e incômodos para o paciente que existe. Ele consiste na inserção de um longo tubo flexível, com uma câmera na ponta, garganta adentro do paciente, para visualizar o estômago, esôfago e duodeno. A colonoscopia, por sua vez, é voltada à análise dos intestinos grosso e delgado.

Ambos procedimentos demandam anestesia do paciente, mas são invasivos e causam diversas reações ao examinado. Com o tempo surgiu uma opção menos agressiva, a cápsula endoscópica. Trata-se de uma câmera em formato de pílula que deve ser ingerida, e uma vez no organismo, provê imagens do interior do paciente quase que da mesma forma que o tubo.

Só que a cápsula endoscópica possui uma desvantagem em relação à endoscopia tradicional, o controle fino. O tubo é manipulado livremente pelo médico, que aponta a câmera para o que ele deseja ver. Já a pílula depende dos movimentos peristálticos para navegar do esôfago ao estômago, e por não ser móvel, o sensor vai captar o que quer que esteja apontando.

Foi considerando essa desvantagem que os pesquisadores da Universidade George Washington, em parceria com a AnX Robotica, uma empresa de equipamentos médicos, desenvolveram a NaviCam, um modelo de cápsula endoscópica de 27 mm, equipada com uma câmera de 640 x 480 pixels, e o mais importante, navegável.

Feed da NaviCam exibe sinais de gastrite em estômago de voluntário (Crédito: Meltzer Et Al/IGIE/10.1016/J.Igie.2023.04.007)

Feed da NaviCam exibe sinais de gastrite em estômago de voluntário (Crédito: Meltzer Et Al/IGIE/10.1016/J.Igie.2023.04.007)

Uma vez ingerida, o paciente deve permanecer deitado em uma mesa especial, enquanto o médico responsável por realizar o exame, usa um console e dois joysticks para conduzir a cápsula, mediante um campo magnético induzido pelo equipamento externo.

A NaviCam é capaz de ser mover em todas as direções, o que é descrito no artigo (cuidado, PDF) como "movimentação 5D", linear em 3D e rotacional em 2D. A câmera, que possui campo de visão de 160º, permite transmitir um feed contínuo ao console, mostrando exatamente o que o médico quer ver, sem ter a necessidade de virar e remexer um tubo incômodo dentro do paciente.

Nos testes conduzidos, a NaviCam entregou dados com 95% de precisão, enquanto os pacientes foram submetidos à endoscopia tradicional depois, por questões lógicas (é um experimento, afinal). Claro, 80% deles preferem a pílula ao tubo, o que acho um número até baixo.

O experimento mais recente é similar à pílula navegável desenvolvida por uma parceria entre o MIT e o CalTech, apresentada no início de 2023, porém, este não tinha câmera, diferente da solução da AnX Robotica, que praticamente nasceu pronta.

Idealmente, a NaviCam pode levar à adoção de um método de endoscopia que envolve menores tempos de espera e recuperação, redução de custos com manutenção, e consequentemente, uma conta a pagar mais comportada para o paciente, ao menos nos EUA.

Já no Brasil, cápsulas endoscópicas tradicionais são usadas de forma limitada na rede particular de saúde (o exame não é coberto pelo SUS), e o custo é bem alto, entre R$ 3 mil e R$ 6 mil.

Referências bibliográficas

JOHNSON, R., WEBBER, C., THOMPSON, T.J. et al. Magnetically controlled capsule for assessment of the gastric mucosa in symptomatic patients: a prospective, single-arm, single-center, comparative study. iGIE: Innovation, Investigation and Insights, 9 páginas, 1.º de junho de 2023. Disponível aqui.

Fonte: ExtremeTech

Leia mais sobre: , .

relacionados


Comentários