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Unrecord: o FPS fotorrealista que promete causar polêmica

Com uma qualidade visual impressionante e um angulo de visão a partir de uma bodycam, Unrecord deverá reacender a discussão sobre violência nos games

52 semanas atrás

Conseguir criar jogos com a imagem mais realista possível é algo que a indústria tem buscados há décadas, desde muito antes do surgimento de telas com alta definição. Mesmo assim, tirando os títulos que utilizam vídeos com atores reais, o tão sonhando fotorrealismo nunca foi alcançado e um jogo que poderá se aproximar bastante deste Santo Graal é o Unrecord.

Unrecord

Crédito: Divulgação/Studios Drama

Revelado por Alexandre Spindler em outubro de 2022, o projeto imediatamente chamou a atenção de algumas pessoas — incluindo o cineasta Neil Blomkamp — justamente por não parecer um jogo, passando a impressão de se tratar apenas de um vídeo gravado a partir de uma câmera localizada no corpo de uma pessoa.

Porém, como um pouco de cautela e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém, parte daqueles que viram o vídeo permaneceram céticos, preferindo não criar expectativa em relação a algo que talvez nunca saísse do papel ou que talvez fosse apenas uma forma de chamar a atenção.

Bom, nós ainda não sabemos se e quando poderemos colocar as mãos no jogo que Spindler está criando, mas o fato é que o projeto deu um passo importante. Agora batizado como Unrecord, ele ganhou uma página no Steam e junto com ela passamos a ter mais informações sobre o que podemos esperar.

Crédito: Divulgação/Studios Drama

Unrecord é um jogo de tiro tático onde os jogadores podem esperar uma experiência imersiva e narrativa,” diz a descrição oficial. Ainda segundo o Studios Drama, o título trará mecânicas inovadoras para a jogabilidade, nos colocando diante de difíceis dilemas morais e proporcionando um sistema de tiro único.

Pois essa promessa de que o título não focará apenas nos tiroteios é um dos aspectos mais interessantes. No papel de um policial, em Unrecord teremos que investigar diversos crimes, com o jogo funcionando como uma história de detetive ou um thriller. “O enredo e a apresentação serão centrais para a experiência de jogo e os jogadores poderão participar de uma série de sequências de jogabilidade, assim como de inúmeras reviravoltas na história,” afirma o Studios Drama.

Sobre essas decisões que teremos que tomar, no trailer divulgado pela desenvolvedora é possível ver alguns momentos em que elas nos serão apresentadas, inclusive durante o confronto com suspeitos.

No entanto, por mais que esse foco na narrativa possa fazer com que o Unrecord se diferencie dos demais FPSs, não há como negar que o grande destaque está na parte visual. Graças ao ângulo de visão, os movimentos realistas das mãos do personagem e as diversas técnicas de pós-processamento, como distorção de lente, bloom e até mesmo os rostos pixelados, a impressão é de estarmos assistindo um daqueles vídeos capturados pelas câmeras que alguns policiais carregam em seus uniformes.

Mas enquanto o realismo visual servirá como principal ponto de venda do Unrecord, ele também deverá chamar a atenção de todos aqueles que continuam enxergando os videogames como fomentadores da violência. Também não duvido que o título seja apontado como uma maneira de glorificar os atos cometido por policiais em todo o mundo, afinal é difícil assistir ao trailer e não lembrar dos assassinatos cometidos nos últimos anos e que foram registrados por bodycams.

O fato é que ao propor um jogo assim, Alexandre Spindler e o Studios Drama optaram por adentrar um terreno pantanoso, um que envolve liberdade de expressão, interatividade, a própria busca pelo realismo nos game e a arte no geral. Na página do jogo eles até afirmam o jogo não será um simulador, com ele podendo “ser descrito como uma mistura de Firewatch e Ready or Not” e “que o realismo não é uma obsessão, mas parte integra do universo.” Mas convenhamos, alguém acredita que os críticos lerão as letras miúdas?

Unrecord

Crédito: Divulgação/Studios Drama

No fim das contas, pode ser que a provável (e iminente) polêmica em torno do Unrecord nem se justifique. Com o projeto ainda em estágio bastante inicial de desenvolvimento, os responsáveis pela sua criação ainda estão à procura de uma editora e de investidores. Logo, pode ser que a ideia nunca saia do papel, mesmo porque não deverá ser muito fácil encontrar alguém disposto a associar seu nome a um jogo com potencial para irritar muita gente.

Particularmente fiquei curioso em ver como tudo isso funcionará, principalmente por desconfiar que os tiroteios não serão tão divertidos quanto podemos imaginar. Tudo bem, a tensão nessas partes deverá ser bem alta, mas a aparente falta de precisão na mira poderá deixar os confrontos um pouco aleatórios e como os criadores falam que não haverá espaço para erros, temo que ser obrigado a repetir algumas partes diversas vezes prejudique a experiência.

Mas tudo isso não passa de especulação. A certeza por enquanto é que Alexandre Spindler e seu companheiro de estúdio, Théo Hiribarne, conseguiram — merecidamente — seus 15 minutos de fama. Como eles aproveitarão isso e se saberão lidar com a pressão que poderá cair sobre o projeto, teremos que esperar para ver.

O fotorrealismo ajudando o terror

Crédito: Divulgação/Digital Cybercherries

Enquanto o Unrecord tentará nos fazer imergir num mundo virtual nos colocando na pele de um policial, existe outro jogo que também se valerá da ideia de uma bodycam para fazer algo parecido, mas numa ambientação muito mais assustadora.

Com o sugestivo nome de Paranormal Tales, esta criação da Digital Cybercherries tem previsão de ser lançada ainda em 2023 e se você não consegue assistir filmes do tipo found footage por achá-los muito aterrorizantes, é melhor passar longe desse jogo.

Assim como no título do Studios Drama, esse também tem no fotorrealismo uma das suas principais características, com a Unreal Engine 5 mostrando o quão poderosa pode ser quando se trata de tentar recriar a realidade.

O interessante é que por mais que a atmosfera sobrenatural do Paranormal Tales possa servir para quebrar um pouco da noção de realismo, a ideia do jogo funcionar num ritmo mais lento e sem confrontos diretos poderá fazer com que a sua jogabilidade pareça mais natural. Alguns poderão até classificá-lo como um mero walk simulator de terror, mas desde que a tensão seja elevada, não vejo problema nisso.

Não sei você, mas se mesmo com gráficos menos realista jogos como o Amnesia: The Dark Descent ou Outlast já conseguiam me assustar, imagina o que poderá acontecer com esta nova geração de terror?

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