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NASA quer rebocador de US$ 1 bi para descomissionar a ISS

NASA quer US$ 1 bilhão para construir um rebocador espacial, que deverá manobrar a ISS, quando chegar a hora de desligá-la

52 semanas atrás

A NASA está conduzindo os planos de descomissionamento da Estação Espacial Internacional (ISS), que deverá fazer uma reentrada controlada na atmosfera da Terra, e mergulhar no Oceano Pacífico Sul em janeiro de 2031. A questão principal é, como fazer isso da melhor maneira.

A agência espacial tem opções, mas como redundância nunca é demais, na proposta de orçamento para 2024, foram solicitados US$ 1 bilhão a serem alocados na construção de um rebocador espacial, destinado a ajudar nas manobras de descida da ISS, facilitando o seu mergulho final.

NASA não pode (e não quer) contar com uma mão da Rússia para descomissionar a ISS (Crédito: Divulgação/NASA)

NASA não pode (e não quer) contar com uma mão da Rússia para descomissionar a ISS (Crédito: Divulgação/NASA)

Em fevereiro de 2022, a NASA revelou de forma oficial os planos para o encerramento das operações da ISS. Em uso desde 1998, ela foi resultado do esforço coordenado de diversas nações (você não, Brasil), mas tudo tem limite. Na falta de uma substituta, visto que os planos para a Estação Gateway estão mais do que enrolados, a NASA já prevê um cenário onde terá que limitar o uso da estação atual, sem ter outra.

O plano consiste em reduzir aos poucos a órbita da ISS nos próximos anos, enquanto a agência espacial toca projetos e experimentos em menor escala, e vai desligando e movendo o que poderá ser aproveitado em terra. A previsão é que a estação atinga o ponto de não-retorno entre setembro de 2030 e janeiro de 2031, no que ela será capturada pelo poço gravitacional da Terra, e começará a cair em direção ao planeta.

Para controlar a descida, a NASA originalmente planejava usar tanto os motores principais, quanto os dos módulos acoplados, de modo a controlar a velocidade e direcionara as instalações para um mergulho no Pacífico, mas a invasão da Rússia à Ucrânia complicou as coisas.

O ROS, ou Segmento Orbital Russo, é o módulo responsável pelos sistemas de propulsão, controle de altitude e de manobras da estação, e a Roscosmos, enquanto administrada por Dmitry Rogozin, ameaçou desacoplá-lo quando a guerra começou, reforçando a previsão de que o país se removerá do consórcio da ISS em 2024. Seu sucessor, o ex-vice Primeiro-ministro Yury Borisov, reforçou a ameaça.

A verdade é que a ISS foi projetada para funcionar de modo que os módulos dependam uns dos outros; embora o ROS gere propulsão, ele não tem sistemas de energia próprios, estes presentes no módulo principal, administrado pelos Estados Unidos, e assim, as chances de um desacoplamento são muito baixas.

Porém, o plano para "derrubar" a ISS dependia também das cápsulas Progress russas, para gerar o deslocamento necessário. Estas não deverão mesmo ser disponibilizadas por Moscou, dadas as tensões atuais. Isso posto, a NASA aventou a possibilidade de um plano alternativo, usando um projeto antigo e descartado: um rebocador espacial.

Conceito de 1970 mostra os vários veículos propostos no Sistema de Transporte Espacial da NASA, entre eles o rebocador espacial; só os ônibus espaciais saíram do papel (Crédito: NASA)

Conceito de 1970 mostra os vários veículos propostos no Sistema de Transporte Espacial da NASA, entre eles o rebocador espacial; só os ônibus espaciais saíram do papel (Crédito: NASA)

Originalmente, o rebocador fazia parte do Sistema de Transporte Espacial, um projeto da NASA para o desenvolvimento de diversos veículos reutilizáveis, uma abordagem diferente do programa Apollo e seus foguetes/módulos de uso único. Nos planos, a agência propôs três estações orbitais distintas, sendo uma de órbita baixa, outra geoestacionária, e a última na Lua.

Neste programa, havia também uma balsa geoestacionária, movida a energia nuclear via motores NERVA, que serviria como estação de trânsito entre as órbitas da Terra e da Lua, ou para outros pontos do Sistema Solar (provavelmente Marte e/ou Vênus), de espaçonaves a tripulação e carga. Para trânsito entre as duas órbitas terrestres, o rebocador seria mais do que suficiente, embora ele pudesse ser adaptado para voar até a Lua.

Na prática, o único veículo proposto pela NASA que se tornou realidade, ao ter seu orçamento aprovado pelo Congresso dos EUA, foi o ônibus espacial.

A Rússia também chegou a propor um projeto de veículo para transferências entre órbitas, o Parom, mas foi a missão MEV-1 a primeira bem sucedida do tipo, quando em 2020, ela se acoplou ao satélite Intelsat 901, reajustando-o a uma órbita segura. Em 2021, o MEV-2 fez o mesmo com o Intelsat 10-02, o primeiro a ganhar um "empurrãozinho" enquanto ainda em operação, o que estendeu seu tempo de via útil.

Agora, a NASA quer aplicar o mesmo princípio à ISS. O rebocador seria responsável por fornecer a propulsão adicional adequada ao ROS, de modo a garantir a redução controlada da órbita e a eventual queda em direção ao oceano, para não prejudicar ninguém.

Os dados do orçamento apontam que os trabalhos iniciais para o desenvolvimento do rebocador espacial custem US$ 180 milhões; o valor final está em aberto, pois dependerá das propostas que a agência receber de empresas interessadas na empreitada, mas a estimativa é de que o valor final fique em torno de US$ 1 bilhão.

Pode parecer muito, mas é um preço pequeno para não deixar a ISS cair sem controle nenhum, como certas agências fazem com seus lançamentos.

Fonte: SpaceNews

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