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O2Jam Online: uma lição de como não tratar o público

Com uma mensalidade cobrada diariamente e diversos outros problemas, O2Jam Online conseguiu a façanha de se tornar "o pior jogo no Steam"

1 ano atrás

Mesmo não sendo um serviço perfeito, o Steam foi um divisor de águas para os desenvolvedores de jogos. Com ele, os estúdios menores se tornaram capazes de publicar suas criações sem depdener de intermediadores, mas isso também permitiu que uma enxurrada de títulos ruins ou rodeados de problemas alcançassem o público. Essa é a inacreditável história do O2Jam Online.

O2Jam Online

Crédito: Divulgação/Valofe

Nascida em meados dos anos 2000, a franquia O2Jam foi desenvolvida na Coreia do Sul e conquistou alguns admiradores com sua jogabilidade típica de jogos de ritmo. Mesmo assim, em 2012 a O2Media optou acabar com o jogo, fazendo com que ele se mantivesse vivo apenas através de servidores mantidos pela comunidade.

Após uma passagem pelos dispositivos mobile alguns anos depois, aqueles que continuavam gostando da série ficaram empolgados com o anúncio de que ela estava chegando ao Steam, mas essas pessoas mal sabiam o que estava por vir. Tendo estreado na loja da Valve em 16 de janeiro, as reclamações sobre o O2Jam Online tem sido tão grandes que ele já se tornou um dos piores títulos disponíveis por lá.

Para começar, é preciso esclarecer o nome do jogo. Ao olhar para ele, é natural imaginarmos se tratar de algo com suporte a partidas multiplayer, um dos principais recursos do original, mas não é isso o que temos aqui. A especulação é de que a Valofe, novos responsáveis pela marca, tenha usado a palavra para atrair mais interessados, pois a simples presença de um placar mundial não justifica o nome que adotaram.

Passemos então para a parte técnica, pois de acordo com relatos dos jogadores, tem sido comum o áudio ficar dessincronizado, algo obviamente péssimo para o jogo de ritmo. Some a isso travadas e um atraso nas respostas dos comandos e temos a tempestade perfeita para que as reclamações ao O2Jam Online sejam plenamente justificáveis. 

Outro aspecto que também tem sido criticado é a parte visual, com o jogo sendo incapaz de alcançar uma resolução 1080p, com a interface não se adaptando corretamente à tela. Numa época em que os jogadores investem pesado para poder aproveitar jogos de ponta em 4K, é difícil encontrar uma justificativa para essa falha.

Crédito: Divulgação/Valofe

Contudo, de todos os problemas relacionados ao jogo, certamente o pior deles está na sua forma de monetização. Distribuído como um free-to-play, a princípio isso pode nos fazer imaginar que os jogadores precisarão pagar por cada música que quiserem “tocar”, certo? Pois não é assim que a editora imaginou que obteria lucro.

Sem que as faixas possam ser desbloqueadas permanentemente, a única maneira de termos acesso a elas é fazendo uma assinatura semanal ou mensal. Mesmo as skins para as notas só permanecerão disponíveis enquanto formos um assinante, mas acredite, este ainda está longe de ser o pior problema do O2Jam Online.

Acontece que, segundo os relatos de vários usuários, aqueles que aceitaram pagar a mensalidade para aproveitar o jogo estão gastando muito mais do que imaginavam. O motivo para isso é que, ao invés de a cobrança estar sendo feita apenas após um mês, ela tem acontecido diariamente! Ou seja, quem pensou que pagaria US$ 13/mês para se divertir pode acabar tendo que gastar absurdos US$ 400!

Sem informações claras sobre o que teria levado a esse erro, quero acreditar que tudo não passa de um mal-entendido, uma configuração errada que pesará bastante nos bolsos dos desavisados. Contudo, lá se vai uma semana desde que o O2Jam Online estreou no Steam e sem que uma atitude tenha sido tomada, tanto pela editora como pela loja.

Isso tem feito com que as avaliações do jogo sejam as piores possíveis, com ele contando com um índice de aprovação de apenas 4% (de 1.088 análises). Só para termos uma ideia do quão odiado ele tem sido, o segundo título mais mal avaliado no Steam é o War of the Three Kingdoms, que conta com 16% de votos positivos. Lembra do Godus, aquele criticado jogo de Peter Molyneux? 25% de aprovação. E o Battlefield 2042, que também apanhou bastante dos fãs? Com seus 33% de aprovação, ele parece uma obra de arte perto do O2Jam Online.

Crédito: Divulgação/Valofe

Para muitas pessoas, a principal responsável pelo problema é a própria Valve, se não por aceitar a publicação do jogo, ao menos pela demora em varrê-lo do Steam. Se tal afirmação é injusta ou não, talvez possamos tirar a dúvida em breve, afinal o título foi anunciado para ser lançado também no Switch. Parece improvável que a Nintendo permita que algo com tantos problemas dê as caras no seu híbrido, mas vale lembrar que a eShop receberá um título que foi impedido de sair lá na loja de Gabe Newell.

O fato é que, seja por má intenção, seja pela mais pura incompetência, esse jogo musical serve para mostrar o quão vulnerável pode ser o sistema de distribuição digital. A expectativa é para que as pessoas lesadas sejam ressarcidas e a cobrança indevida deixe de ser praticada quanto antes. Mas até isso acontecer, aqueles que foram afetados provavelmente continuarão com a sensação de que ninguém deveria passar por isso, ainda mais numa indústria que se considera tão profissional e avançada.

Fonte: PCGamer

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