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The Callisto Protocol sofre com o peso da expectativa

Após surgir como um promissor sucessor para o Dead Space, The Callisto Protocol recebe críticas e tem desempenho comercial aquém do esperado

1 ano atrás

Quando o The Callisto Protocol foi anunciado, não demorou para que os fãs dos jogos de terror ficassem empolgados. Embora estivesse sendo produzido pelo estreante estúdio Striking Distance, a equipe responsável pelo projeto tinha bastante experiência, com cerca de 30 dos 150 profissionais envolvidos tendo participado do desenvolvimento do Dead Space — incluindo o seu cocriador, Glen Schofield. Porém, tamanha expectativa cobrou seu preço.

The Callisto Protocol

Crédito: Divulgação/Striking Distance Studios

Apontado por muitos como um promissor sucessor espiritual para a série da então Visceral Games, The Callisto Protocol tinha tudo para ser um enorme sucesso. Da sua história que nos colocaria no meio de uma prisão espacial repleta de monstros à jogabilidade que remetia diretamente ao tão adorado Dead Space, a impressão era de estarmos diante de mais um excelente jogo.

Contudo, conforme as primeiras análises eram publicadas, pudemos ver reclamações que iam desde problemas de performance até uma mecânica de combate confusa. Muitas pessoas ainda criticaram a falta de variedade dos inimigos, personagens pouco interessantes e uma exagerada semelhança com o título que lhe serviu de inspiração. Em resumo, The Callisto Protocol podia ser descrito como um bom jogo, apenas.

O problema é que quando uma desenvolvedora trata seu produto como um título de grande porte, chegando ao cúmulo de classificá-lo como um “AAAA” (sim, quatro!), inevitavelmente o público esperará por um nível de qualidade bem alto. Ainda assim, estamos falando de um gênero que não é tão popular e talvez a aposta da Striking Distance Studio e da editora Krafton tenha sido muito arriscada.

O primeiro indicativo de que o desempenho comercial do jogo estava muito abaixo do esperado foi dado pelo site MK-Odyssey. Segundo ele, se inicialmente a expectativa da editora era de que o survival horror venderia entre quatro e cinco milhões de cópias, hoje eles trabalham com algo em torno de apenas dois milhões.

Só para termos uma ideia do quão absurda parecia a projeção feita antes do lançamento, podemos olhar para o que conseguiu o Resident Evil Village. Mesmo pertencendo a uma franquia estabelecida e que está no mercado há mais de duas décadas, o jogo considerado bem-sucedido vendeu seis milhões de cópias nos seis primeiros meses após seu lançamento. Quer outro exemplo? O Alien: Isolation, uma produção bastante elogiada e pertencente a uma marca poderosa, vendeu apenas 2,1 milhões de cópias nos seus primeiros cinco meses.

Crédito: Divulgação/Striking Distance Studios

Ou seja, esperar que uma nova franquia para um gênero que não é conhecido por vender muitas cópias conseguisse alcançar números tão alto me faz pensar em duas possibilidades: ou essas pessoas foram muito ingênuas, ou jogaram as previsões lá em cima numa tentativa de justificar o altíssimo valor investido na criação do The Callisto Protocol.

Sim, porque por mais difícil que seja acreditar, a Krafton teria desembolsado algo na casa dos US$ 159 milhões para a criação do jogo e isso sem contar os valores gastos com a divulgação. Obviamente, tanto dinheiro envolvido deve ter acendido o alerta nos executivos da editora quando as análises começaram a ser publicadas e eles perceberam que a média das notas não passava de 70.

A situação se tornaria ainda pior com a divulgação do relatório mensal do NPD Group. Nele descobrimos que o The Callisto Protocol ficou na 17ª posição da lista dos jogos mais vendidos nos Estados Unidos em dezembro, atrás de títulos como Sonic Frontiers e Mario + Rabbids: Sparks of Hope, ou dos “velhinhos” Minecraft, Super Smash Bros. Ultimate e Mario Kart 8 Deluxe.

Alguém poderá argumentar que todas essas são franquias já consagradas, o que é verdade, mas saber que a criação da Striking Distance Studio não alcançou o top 10 no Xbox e ficou apenas na 10ª colocação entre os jogos mais vendidos para PlayStation é algo que certamente desagradou quem colocou dinheiro (e muito) no projeto. Vale citar que o The Callisto Protocol foi lançado para várias plataformas e ficou quase o mês inteiro nas lojas.

Dead Space no cinema (mas sem Carpenter)

Crédito: Divulgação/EA

Mas enquanto a nova propriedade intelectual sofre para aumentar suas vendas, o futuro parece bem mais promissor pelos lados daquela que a inspirou. Além do remake do Dead Space que chegará nos próximos dias ao PC, Xbox Series S|X e PlayStation 5, tudo indica que uma adaptação para o cinema está perto de ser anunciada.

Quem revelou a novidade foi o John Carpenter, diretor consagrado por filmes como Halloween: A Noite do Terror, Fuga de Nova York, O Enigma de Outro Mundo e Os Aventureiros do Bairro Proibido. Em entrevista ao site Variety ele foi questionado sobre a possibilidade de dirigir um filme baseado no Dead Space, quando respondeu:

“Não, não, não. Não acredito em como isso se espalhou. Eu sou um grande fã de videogames, então joguei todos eles. Eu estava olhando para as novas câmeras digitais, as RED, e mencionei que adoraria fazer um filme Dead Space. Aquilo circulou e todos disseram: ‘Oh, quando você fará isso?’ Eu não farei isso. Acho que eles já possuem outro diretor envolvido e não me pediram para fazer o filme. Então, até que alguém me peça, eu não farei isso.”

Carpenter então lembrou haver uma nova versão do primeiro jogo prestes a ser lançada e que quando isso acontecer, ele estará pronto para experimentá-la.

Rumores sobre uma adaptação para o Dead Space tem circulado pela internet desde 2008, quando diziam que DJ Caruso (Controle Absoluto, Paranoia) ficaria encarregado da direção. Alguns anos depois, o próprio John Carpenter afirmou gostar muito da série e disse que adoraria dirigir um possível filme sobre ela. No entanto, parece que os figurões de Hollywood não gostaram muito da ideia, o que é uma pena.

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