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Conseguirá Charles Chaplin fazer sucesso também nos games?

Desconhecido estúdio B Df'Rent Games faz o improvável e adquire os direitos para criar um jogo baseado no artista Charles Chaplin

1 ano atrás

Apesar de as indústrias de videogame e do cinema terem estreitado relações nos últimos anos, com inúmeras franquias saltando de uma para a outra, ainda existem muitas marcas cujos diretos não foram aproveitados em adaptações. Entre elas está o nome de Charles Chaplin, mas isso deverá mudar em breve.

Charles Chaplin

Tempos Modernos (Crédito: Reprodução/Taste of Cinema/Wikimedia Commons)

Nascido na Inglaterra em 1889, Charles Spencer Chaplin Jr. teve uma infância difícil, com sua mãe sofrendo para sustentar sozinha a casa em que moravam. A situação era tão ruim que ainda criança ele foi enviado duas vezes para abrigos e aos 14 viu sua mãe ser internada numa instituição psiquiátrica.

A vida o levou a começar a atuar muito cedo e quando completou 19 anos, ele assinou um contrato com uma companhia de teatro. Foi assim que Charles Chaplin foi levado aos Estados Unidos e lá o jovem conseguiu uma vaga na indústria do cinema, além de ter criado o personagem pelo qual ficaria conhecido mundialmente, The Tramp (que por aqui ficou conhecido como Carlitos).

Com sua carreira tendo se estendido por 75 anos, ele morreu na Suíça em 1977, para onde se refugiou após ser perseguido na Terra do Tio Sam pelas “ideias comunistas” presentes em seus filmes e por diversas acusações de pedofilia. Ainda assim, ele passou a ser cultuado como um dos maiores nomes da sétima arte, com o diretor René Clair tendo chegado a descrevê-lo como “um monumento do cinema, de todas as nações e todos os tempos... o mais belo presente que o cinema nos deu.”

No entanto, as desenvolvedoras e editoras sempre tiveram dificuldade para obter os direitos para criar jogos baseados em Carlitos, o que torna a façanha da B Df'Rent Games ainda mais surpreendente. Fundado na cidade de Quebec, Canadá, o estúdio independente contou com a ajuda de um especialista no artista, Yves Durand, e assim fez uma proposta à família de Charles Chaplin, que a aceitou.

Chaplin e Jackie Coogan, no filme O Garoto (Crédito: Reprodução/Domínio Público/Wikimedia Commons)

Segundo a CBS News, a condição imposta pelos herdeiros de Sir Chaplin foi de que o jogo em questão não abordasse temas como violência, sexismo e racismo, além de contar com um enredo genuíno. E com o contrato fechado, quem declarou sua empolgação por ter conseguido os direitos foi Robert Young, cofundador da B Df'Rent Games.

De acordo com o executivo, eles passaram os últimos cinco anos conversando com a família de Chaplin, numa tentativa de alinhar os valores entre as duas partes e negociando os royalties. Young ainda afirmou que a percepção de que os longas-metragens do artista só fazem sucesso entre os mais velhos é equivocada, já que mais de 200 milhões de pessoas os assistem anualmente no Youtube e a média de idade fica entre 15 e 35 anos.

“Uma das coisas fascinantes sobre Chaplin é que se você mostra um filme do Chaplin a um grupo de jovens, de 10 a 15 anos, começa a ver pessoas sorrindo, mesmo hoje em dia," defendeu Young. "O que ele fez e como ele fez, como se expressava, como se movia continua fazendo as pessoas rirem atualmente. Elas ainda se divertem com isso... Ele se presta muito bem a um jogo.”

A minha curiosidade no momento é em saber como a imagem de Charles Chaplin será aproveitada em um jogo. Mesmo com os videogames tendo evoluído muito nas últimas décadas, a comédia é um gênero que não costuma ser muito aproveitada nesta mídia. Por isso, se for bem produzido, esse “Chaplin The Game” poderá se destacar justamente por explorar um campo sem muitos concorrentes.

Charles Chaplin

O jogo Charles Chaplin, da U.S. Gold (Crédito: Reprodução/St. Martyne/Moby Games)

Para ser sincero, não consigo ter uma ideia do que poderá nascer deste projeto, com a aposta mais segura sendo num adventure no melhor estilo LucasArts. Um jogo assim poderia não parecer muito original, mas desde que contasse com um enredo de qualidade e respeitasse o estilo dos filmes protagonizados pelo Carlitos, acredito que um bom público poderia se interessar.

Vale citar que esta não será a primeira tentativa de explorar a poderosa marca nos games. Em 1988 a U.S. Gold lançou para DOS, ZX Spectrum e Amstrad um jogo chamado simplesmente Charles Chaplin. Feito em preto e branco, nele tínhamos que controlar o ator em cenas de alguns dos seus filmes, podendo editá-las e exibi-las ao público.

Com uma mecânica bastante singular, não dá para dizer que o jogo foi um grande sucesso, mas ele chamava atenção justamente por nos colocar como uma espécie de produtor, tendo que tomar decisões que impactariam em filmes que seriam aprovados ou não pelas pessoas.

Já em relação ao estúdio responsável pelo jogo que aparentemente se chamará Chaplin The Little Tramp Mobile Game, trata-se de uma desenvolvedora sem um longo histórico, mas formada por pessoas com experiência na área. Isso certamente acende um sinal de alerta em muita gente, mas também pode ser o indicativo de que, sem terem que se limitar às imposições de uma grande editora, a liberdade criativa poderá render um título inovador.

Resta saber se esse pessoal será capaz de aproveitar uma das marcas mais poderosas do cinema, mas como diria o Tio Ben, “com grandes poderes...”

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