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Atlus processa fãs e coloca preservação de MMOs em xeque

Alegando "danos irreparáveis", a Atlus entrou com uma ação contra dois grupos que mantinham servidores do Shin Megami Tensei: Imagine

1 ano e meio atrás

O fim de um MMO é um momento muito triste, com várias pessoas sendo impossibilitadas de continuar aproveitando um título que tanto gostava. Felizmente alguns desses jogos acabam sendo ressuscitados pela comunidade, mas uma recente atitude da Atlus poderá mudar completamente este cenário.

Shin Megami Tensei: Imagine - Atlus

Crédito: Divulgação/Atlus

Como pode ser visto no site Court Listener, em dezembro de 2021 a empresa entrou com uma ação contra dois grupos que se dispuseram a manter servidores privados para o Shin Megami Tensei: Imagine. Tendo estreado nos Estados Unidos em 2008, o título desenvolvido pela Cave e posteriormente mantido pela GungHo Online Entertainment teve suas atividades encerradas em 2016.

Com sua história se passando entre os eventos mostrados entre o primeiro e o segundo Shin Megami Tensei, o projeto nasceu como uma tentativa de adicionar elementos online ao Shin Megami Tensei: Nine. Com batalhas em tempo real e a possibilidade de recrutarmos demônios para lutarem ao nosso lado, o jogo nos colocava para explorar uma Tóquio pós-apocalíptica.

Segundo o pedido feito pela Atlus, os grupos conhecidos como Rekuiemu Games e COMP_hack estariam violando as leis americanas de direitos autoriais, o que podia ser visto até no site que mantinham para distribuírem gratuitamente o SMT Imagine.

Crédito: Reprodução/Tapio/MobyGames

“Eles fizeram isso ao criar e operar uma cópia exata do site original usado pela Atlus para distribuir o jogo Imagine,” diz um trecho do documento. “Ao criar e distribuir uma cópia exata ou quase exata do Imagine, que os usuários podem baixar no site infrator” e “ao criar e distribuir um servidor não autorizado, isso emula o servidor original usado pela Atlus e permite que usuários exibam e joguem o jogo infrator com outros jogadores.”

O processo fala ainda que ao atribuir o copyright ao seu nome e citar a Atlus, a Sega e a Cave, Rekuiemu “causou e continuará causando um dano irreparável” à companhia. Assim, a desenvolvedora pediu que os envolvidos tirassem o site do ar, assim como o servidor e até o GitHub que mantinham, além de lhes fornecer uma compensação financeira no valor de US$ 25 mil por cada violação em que forem condenados.

Curiosamente, outro projeto parecido, o ReImagine não foi mencionado na ação, mas o seu site não está mais funcionando. Em uma suposta mensagem publicada no Discord, o responsável pelo grupo admitiu o medo de também se tornar alvo da Atlus e por isso decidiu deligar permanentemente o servidor do jogo. Eles até falaram em liberar os arquivos para que os interessados possam continuar jogando sozinhos, mas que isso só deverá acontecer após a poeira baixar.

Quando o Star Wars Galaxies ainda não estava numa galáxia muito distante (Crédito: Reprodução/PC Gamer/MobyGames)

Caso obtenha sucesso nesta investida, a Atlus poderá abrir um precedente horrível para aqueles que só gostariam de manter viva a história de alguns jogos. Se não fosse pela dedicação dos fãs, títulos como Warhammer Online, Star Wars Galaxies e City of Heroes teria desaparecido completamente, mas por sorte, aqueles que controlam tais marcas parecem não ver problema em grupos continuarem se divertindo nos mundos virtuais que criaram.

Há até mesmo quem defenda que o Digital Millennium Copyright Act (DMCA) deveria abrir uma exceção para esses casos, como o Museu de Arte e Entretenimento Digital (MADE, na sigla em inglês). Lá se vão quase cinco anos desde que a entidade lançou uma campanha pedido que nos fosse permitido manter servidores de jogos que foram terminados, mas sem que muito avanço tenha sido feito neste sentido.

Por outro lado, é compreensível que uma empresa queira proteger suas propriedades da maneira como acharem correto e se a lei os protege, não há muito o que os fãs possam fazer. Não é uma atitude simpática, pedir o fechamento do servidor de um jogo que eles não quiseram manter soa muito mal, mas se a justiça norte-americana der razão à Atlus, não ficarei surpreso se outros projetos assim forem abandonados.

O interessante é pensar que a medida foi tomada justamente por uma empresa que pertence à Sega. Há muito tempo a editora tem sido bastante complacente com aquilo que os fãs fazem com suas marcas. Isso os levou até a aceitar modificações para os jogos de Mega Drive, então o que teria feito com que o Shin Megami Tensei: Imagine não recebesse o mesmo tratamento?

Talvez a Atlus esteja secretamente trabalhando em outro MMO ambientado no universo da franquia, mas o certo por enquanto é que o estúdio conseguiu atrair uma atenção que não lhe fará bem. O que resultará deste processo? Aguardemos cenas dos próximos capítulos.

Fonte: PCGamer

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