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Cratera sugere hipótese de extinção por múltiplos impactos

Cratera Nadir, na costa da África, surgiu quando os dinossauros foram extintos; impacto na península de Yucatán pode não ter sido o único

2 anos atrás

Um enorme asteroide colidiu com a Terra 66 milhões de anos atrás, causando um evento cataclísmico que repercutiu no planeta inteiro. Entretanto, não estou falando do bólido que caiu na penínslua de Yucatán, geralmente atribuído à extinção dos dinossauros, mas de outro asteroide, que deixou uma cratera enorme na costa da África, e que teria nos atingido quase que ao mesmo tempo.

Impacto de asteroide na cósta africana levanta novas questões sobre evento que extinguiu os dinossauros (Crédito: acervo internet)

Impacto de asteroide na cósta africana levanta novas questões sobre evento que extinguiu os dinossauros (Crédito: acervo internet)

Por décadas, cientistas se debruçaram sobre os motivos que levaram à extinção dos grandes terápodes, e a hipotese de que o Evento de Extinção em Massa teria sido causado pelo asteroide (a hipótese de um cometa foi descartada) que deixou para trás a cratera de Chicxulub, é bem recente e mesmo hoje, novos dados vão surgindo e corroborando a ideia.

O que se sabe é que o objeto que criou a cratera tinha pelo menos 10 km de diâmetro, e a explosão do impacto foi estimada em 100 mil gigatons, ou 4,5 bilhões de bombas de Hiroshima detonando simultaneamente. A água dos oceanos foi acidificada, toneladas de enxofre e detritos lançados na atmosfera impediram que a luz do Sol atravessasse, o que derrubou a temperatura do planeta, sem contar que boa parte dos destroços foram lançados para fora da Terra, no que parte reentrou na atmosfera e se incendiou na reentrada, causando incêndios em pelo menos 70% das florestas.

Como resultado, boa parte dos biomas da época foram extintos, inclusive todos os dinossauros não-voadores e outras espécies. No entanto, sedimentos e materiais propiciaram uma rápida (na escala cósmica) recuperação da vida, como podemos atestar.

De qualquer forma, até então pensava-se que o asteroide de Chicxulub era único, e por isso, a descoberta por acaso de uma cratera submarina de 8 km de diâmetro, nas Terras Altas da Guiné, África ocidental, está deixando os pesquisadores empolgados.

Cratera criada por asteroide de 400 m

A formação, chamada pelos cientistas de Cratera Nadir, teria sido formada por um asteroide de aproximadamente 400 metros de diâmetro, que embora muito menor que o de Chicxulub, não é necessariamente menos ameaçador para a vida da época.

Sedimentos analisados sugerem que ele colidiu com a Terra praticamente na mesma época que o impacto no México, há cerca de 66 milhões de anos, com uma margem de erro de 1 milhão, para mais ou para menos.

Sozinho, ele teria desencadeado terremotos por toda a costa africana, e um maremoto que varreu boa parte do Oceano Atlântico, que na época era bem mais estreito; a deriva continental entre o que seria a África e a América do Sul, após a separação do supercontinente Pangeia, ainda estava em curso, quando comparada com a posição atual das porções de terra.

Diagrama de como a cratera de Nadir se formou (Crédito: Republic of Guinea/TGS)

Diagrama de como a cratera Nadir se formou (Crédito: Republic of Guinea/TGS)

Segundo Uisdean Nicholson, professor-assistente da Universidade Heriot-Watt em Edimburgo, a cratera Nadir foi descoberta por acaso, enquanto sua equipe analisava dados para outro estudo, sobre a deriva continental e a separação dos continentes africano e sul-americano.

Nicholson reconhece que, mesmo que o asteroide de Nadir tenha caído na Terra ao mesmo tempo que o de Chicxulub, o impacto de Yucatán o teria eclipsado, devido ao nível das consequências globais. Por outro lado, se provados que ambos bólidos estão ligados, isso muda o conhecimento de como o evento foi causado.

Uma das possibilidades, por exemplo, é que ambos asteroides podem ter sido partes desmembradas de um corpo celeste muito maior, enquanto outra aponta para a possibilidade de que a Terra foi atingida por uma chuva intensa de asteroides ao longo de muito tempo.

Claro, há também a hipótese de que, considerando a margem de erro, ambos asteroides não tenham colidido com a Terra em simultâneo, visto que as chances para um evento dessa magnitude ocorrer são de uma a cada 700 mil anos. E se ambas crateras se formaram na mesma época, é possível que hajam outras pelo globo, prontas para serem descobertas.

Referências bibliográficas

NICHOLSON, U., BRAY, V. J., GULICK, S. P. S., ADUOMAHOR, B. The Nadir Crater offshore West Africa: A candidate Cretaceous-Paleogene impact structure. Science Advances, Volume 8, N.º 33, 13 páginas, 17 de agosto de 2022. Disponível aqui.

Fonte: ExtremeTech, CNN

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