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Solarus: a fantástica fábrica de Legend of Zelda

Quer criar o seu próprio The legend of Zelda? Então conheça o Solarus, um kit de desenvolvimento voltado para RPGs de ação no estilo do jogo da Nintendo

2 anos atrás

Desenvolver um jogo está muito longe de ser uma tarefa simples. Para isso é preciso que as pessoas interessadas tenham conhecimento de diversas disciplinas, além de muita dedicação. Porém, hoje as ferramentas de desenvolvimento são muito mais acessíveis e para quem sempre sonhou em criar um RPG de ação nos moldes do The Legend of Zelda, uma ótima opção é a Solarus.

The Legend of Zelda: Mystery of Solarus DX (Crédito: Divulgação/Solarus Team)

Nascido da paixão de um sujeito conhecido como Christopho pela franquia de Shigeru Miyamoto, a engine gratuita e de código aberto foi a maneira que ele encontrou para dar vida a um sonho de criaça: criar a sua própria história protagonizada pelo Link.

Tudo começou quando, ainda com dez anos, o criador do Solarus teve o primeiro contato com o The Legend of Zelda: A Link to the Past e o The Legend of Zelda: Link's Awakening. Apaixonado por aqueles jogos, ele começou a desenhar no papel um mapa mundial, calabouços e missões. Christopho então colocava seus amigos e parentes para encarar aquela aventura, sem ter ideia de que um dia ela poderia se tornar um videogame.

Então, por volta do ano 2000 o aspirante a game designer teve acesso a um computador e usando o RPG Maker, dois anos depois lançou o seu primeiro fangame, o The legend of Zelda: Mystery of Solarus. Com várias outras pessoas tendo se interessado pelo jogo, ele conseguiu reunir uma equipe para iniciar outro projeto.

O problema era que aquela ferramenta mostrava muitas limitações para RPGs de ação e eles trataram de buscar alternativas. Primeiro o grupo testou o The Games Factory, depois o Multimedia Fusion, mas a dificuldade para colocar na tela aquilo que queriam sempre fazia com que desistissem de usar tais engines.

Foi aí que Christopho decidiu partir para algo próprio, um kit de desenvolvimento feito em C++ e que usasse a linguagem de programação Lua. O objetivo passou a ser usar a ferramenta para criar um remake do Zelda: Mystery of Solarus, o que consequentemente acabou servindo como uma ótima propaganda para a engine.

Solarus

Crédito: Divulgação/Solarus

Hoje o projeto está dividido em dois programas: o Solarus Launcher, que serve para rodar os jogos como se eles estivessem num emulador; e o Solarus Quest Editor, que oferece aos criadores um editor de mapas, um de sprites e outro de tilesets.

Com esse editor é possível criar jogos com muitos dos elementos presentes nos títulos 2D da série The legend of Zelda, dos tesouros aos quebra-cabeças, com ele nos permitindo configurar os movimentos dos personagens, áudio, gráficos, etc.

Já para quem não tem muito talento para desenhar, é possível encontrar uma grande quantidade de elementos visuais na página do Solarus, incluindo sprites de diversos capítulos do The legend of Zelda. Porém, se você quiser evitar possíveis dores de cabeça futuras, há ainda alguns pacotes distribuídos soba a licença GPL e até mesmo um voltado para visual novels.

Por se tratar de um kit de desenvolvimento baseado numa franquia da Nintendo, esse temor é justificável. Porém, o Solarus está disponível há vários anos e até agora a empresa japonesa não colocou seus advogados para trabalhar.

“A Nintendo nunca nos contactou até agora,” afirmou Christopho em uma entrevista concedida em 2017. “Se um dia a Nintendo nos disser para parar de usar seus gráficos, removeremos da página de download o pacote de recurso do Zelda e os nossos fangames do Zelda existentes. Mas o Solarus e o Quest editor continuarão funcionando com o pacote de recursos gratuitos.”

Os jogos nascidos no Solarus

Yarntown -Solarus

Yarntown (Crédito: Divulgação/Max Mraz)

Mas se na teoria algo como o Solarus parece interessante, é conhecendo os títulos criados com o kit de desenvolvimento que temos uma melhor noção da sua capacidade. Para quem gosta de The Legend of Zelda e sempre desejou o lançamento de mais capítulos em 2D, navegar pela página de projetos feitos com ele é quase estar no paraíso.

Por lá temos desde o Tunics!, um roguelike onde os calabouços são gerados aleatoriamente, até o The Legend of Zelda XD2: Mercuris Chess, um jogo criado em apenas 10 semanas e que brinca com vários elementos da série.

Porém, a engine também deu origem a títulos que se passam em universos completamente diferentes, como o Ocean's Heart (que inclusive possui uma versão para Nintendo Switch) ou o Osana's Revenge, que se passa numa cidade moderna. Porém, dos que se distanciam do The Legend of Zelda, aquele que mais chama a atenção é o Yarntown. Funcionando como uma versão 2D do Bloodborne, ele nos permitirá coletar itens típicos do jogo da FromSoftware, além de nos colocar para enfrentar figuras como o Cleric Beast ou o Father Gascoigne.

Portanto, com um pouco de criatividade, algum talento e muita dedicação, um kit de desenvolvimento como o Solarus pode dar origem às mais variadas histórias, não só novas versões de The Legend of Zelda. Eu até poderia dizer que tentarei fazer o meu, mas como sei que não levarei o projeto adiante...

Outros “Zelda Makers”

Super Dungeon Maker (Crédito: Divulgação/Firechik/Rockaplay)

Apesar do sucesso alcançado pela franquia Mario Maker, a Nintendo segue não dando ouvidos aos fãs que gostariam de ver algo parecido sendo feito para outra das suas populares franquias. Com o lançamento do The Legend of Zelda: Link's Awakening nós até recebemos algo parecido, com o modo Chamber Dungeon, mas a investida da empresa nesta área se limitou a ele e a uma declaração de Eiji Aonuma de que eles não descartavam um jogo completo no estilo daquele usando o Mario.

Sendo assim, tem sobrado para outras pessoas e empresas a missão de suprir a demanda dos fãs e um desses casos é do Super Dungeon Maker. Permitindo que as aventuras sejam compartilhadas com outros jogadores, ele está disponível como em Acesso Antecipado no Steam, com a maioria das pessoas elogiando essa ferramenta/jogo.

Outro projeto que também mirou nessa proposta foi o Legend Maker. Embora tenha nascido usando os gráficos da franquia da Nintendo, o seu criador se assustou quando recebeu um aviso da empresa ameaçando um processo. Ele então mudou toda a identidade visual, deixando o título mais parecido com os RPGs da época do Super Nintendo, o que de forma alguma pode ser considerado ruim.

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