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Sony acredita nos jogos single-player, mas apostará pesado nos GaaS

Mesmo defendendo os jogos single-player, ao falar da compra do Haven Studios executivo da Sony mostra empolgação com os Game as a Service (GaaS)

2 anos atrás

Entre aqueles que admiram a Sony, um dos maiores elogios é sobre a maneira como a empresa investe pesado na criação de jogos voltados para o single-player. Porém, com a fabricante do PlayStation 5 tendo declarado abertamente o interesse nos Game as a Service (também conhecidos como jogos live service, ou simplesmente, GaaS), será que os títulos para serem aproveitados sozinhos perderão apoio?

Será que single-players como o The Last of Us perderão força? (Crédito: Divulgação/Naughty Dog)

Pois quem tratou de tranquilizar os jogadores que gostam de uma experiência solo foi o chefe do PlayStation Studios, Hermen Hulst. Ao conversar com o site GamesIndustry sobre a recente aquisição do Haven Entertainment Studios, o executivo até afirmou que a empresa não deixará os jogos single-player de lado, mas não escondeu o quanto eles estão interessados nos GaaS:

Obviamente, sempre seguiremos fazendo esses jogos single-player baseados em narrativa, como o Ghost of Tsushima, The Last of Us e Horizon Forbidden West. Mas você percebeu corretamente que temos investido em jogos live service, porque eles são incrivelmente empolgantes para nós. Eles nos permitem construir mundos maiores, nos permitem criar conexões sociais realmente significativas entre os jogadores.

Temos alguns deles em desenvolvimento e conceitualização no momento, então sim, estamos nos organizando internamente. Mas exatamente por esta razão, é tão empolgante para nós darmos as boas-vindas à família a um grupo de pessoas [Haven Studios] que possuem tanta experiência com jogos live service.

Ainda segundo Hulst, o conhecimento que os profissionais do recém-adquirido estúdio possuem sobre os GaaS é algo que eles pretendem aproveitar em outras desenvolvedoras mantidas pela Sony. Na visão do executivo, isso será fundamental para a companhia continuar diversificando os jogos que oferecem aos usuários.

Garantindo que a desenvolvedora manterá sua liberdade criativa, Hermen Hulst afirmou que o fato de a Sony agora ser dona do Haven Studios fará apenas com que os funcionários não precisem se preocupar com outras coisas. Isso significa que um dos maiores desafios para um estúdio independente, que é a falta de dinheiro, não deverá ser um problema.

Jade Raymond, quando ainda estava na Ubisoft (Crédito: reprodução/ZCooperstown/Wikimedia Commons)

Mas quem ou que é o Haven Studios, você pode estar se perguntando. Fundada em 2021 na cidade de Montreal, essa desenvolvedora não lançou nenhum jogo e mesmo assim vem chamando a atenção da mídia e do público, principalmente devido a uma pessoa: Jade Raymond.

Tendo sido a fundadora da Ubisoft Toronto e da EA Motive Studios, além de ter liderado brevemente o Stadia Games & Entertainment Studio, a canadense fez seu nome na indústria ao trabalhar na criação das franquias Assassin's Creed e Watch Dogs. Atuando como presidente e CEO do novo estúdio, ela conseguiu o apoio da Sony para desenvolver uma franquia inédita descrita como uma “experiência multiplayer moderna que une os jogadores de maneira positiva e significativa.

Conforme explicou Hulst no anúncio da aquisição do Haven Studios, a forma como a equipe evoluiu durante esse ano impressionou o alto escalão da Sony e somando a experiência de Jade e da equipe que a cerca, eles decidiram fechar o negócio.

Mesmo sem ainda termos maiores detalhes sobre o que está sendo desenvolvido nas salas do estúdio, essa aposta no multiplayer casa perfeitamente com o repentino foco da Sony nos GaaS. Durante um evento para acionista a empresa chegou a falar em lançar 10 títulos com essas características até 2026, confirmando assim as palavras do CEO Jim Ryan, que no início de 2022 revelou o interesse da empresa em investir pesadamente nos jogos live service.

De maneira mais concreta, essa aposta no gênero pôde ser vista quando a Sony anunciou a compra da Bungie, o que custou US$ 3,6 bilhões aos cofres da fabricante do PlayStation, mas que deverá lhe fazer saltar algumas etapas quando se trata dos GaaS.

Destiny 2 - GaaS

Destiny 2 deverá ser o carro-chefe da Sony nos GaaS (Crédito/Divulgação/Bungie)

Pensando no tempo que esses títulos podem se manter relevantes e na quantidade de dinheiro que podem render, consigo entender o motivo para a Sony estar tão interessada nos Games as a Service. Quando bem-sucedidos, esses jogos se transformam em verdadeiras minas de ouro, capazes até de mudar o destino de uma empresa, como aconteceu com a Epic Games e o seu Fortnite.

Do lado dos jogadores eles também costumam ser vistos com bons olhos por muita gente, com as comunidades que se formam em torno deles permitindo a criação de amizades e os novos conteúdos que estão sempre chegando mantendo as pessoas interessadas por vários anos.

Porém, para cada League of Legends, Warframe ou Path of Exile existem vários outros jogos que nunca conseguiram cair no gosto do público e sem o apoio massivo dos jogadores, os GaaS estão fadados ao fracasso. A EA foi uma que sofreu com o Anthem, já a Square Enix tem lutado (e não obtido muito sucesso) para aumentar a relevância das suas apostas neste mercado: Marvel's Avengers, Outriders e Babylon's Fall.

Será que a Sony terá uma melhor sorte com esse tipo de jogo? Eu acredito que sim, mesmo porque eles já largam com todo o conhecimento da Bungie. Se isso acontecer, só espero que a empresa realmente não vire as costas para os jogos single-player e que num futuro não muito distante não tenhamos que aturar todo God of War, Uncharted ou Ratchet & Clank estando repletos de microtransações, passes de temporada e um bando de moleques se xingando até ver qual o último que permanece de pé.

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