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Carmageddon, zumbis e as bizarrices geradas pelos crossovers

Enquanto o Carmageddon chega ao Wreckfest, universos do Zombie Army 4 e Left 4 Dead 2 se fundem e mostra como os crossovers podem gerar situações estranhas

3 anos atrás

Com muitos jogos atualmente tentando estender seus ciclos de vida, as desenvolvedoras têm buscado diferentes maneiras para atrair a atenção dos jogadores no pós-lançamento e uma delas tem sido através da utilização de personagens ou marcas de outros títulos, os famosos crossovers. Para alguns, isso pode acabar prejudicando a imersão, para outros pode ser a maneira ideal de revisitar franquias que andavam um tanto esquecidas e foi justamente isso o que vimos acontecer recentemente.

crossovers - Left 4 Dead 2 e Zombie Army 4

Ellis na 2ª Guerra? As loucuras dos crossovers (Crédito: Divulgação/Rebellion Developments)

Uma empresa que decidiu adotar a fusão de universos para chamar a atenção do público foi a Bugbear Entertainment e o seu Wreckfest. Lançado há pouco mais de sete anos, o jogo de corrida que nasceu como Next Car Game recebeu versões para diversas plataformas desde então, incluindo para os consoles da nova geração e tem divertido muitas pessoas que gostavam de jogos como FlatOut e Destruction Derby.

Pois foi de olho justamente na nostalgia que o estúdio finlandês fechou uma parceria para trazer à sua criação um dos jogos mais queridos pelo público que joga no PC desde a década de 90, o clássico Carmageddon. Graças a uma atualização gratuita já disponível, agora podemos ter um pouquinho daquele controverso título dentro do Wreckfest, num daqueles crossovers que só fomos saber que queríamos após ele ser anunciado.

Com isso, todos que possuem o jogo ganharam o novo Torneio Carmageddon, onde teremos acesso às pistas Bleck City e Death Canyon, e ainda poderemos desbloquear o famoso carro Eagle R, do Carmageddon Max Damage. Para aumentar ainda mais a sensação de estarmos voltando no tempo (e diminuir as chances de reclamações), a novidade conta com gráficos parecidos com os daquela época e as pessoas (e vacas) que encontraremos pelas ruas foram transformadas em zumbis.

Com dois eventos estando presentes, em Carnage Accumulator seremos jogados em um mapa onde precisaremos atropelar a maior quantidade possível de mortos-vivos e tentar destruir os carros controlados pelo computador, numa prova que durará três minutos. Já em Death Race precisaremos passar por diversos checkpoints enquanto também teremos que causar a maior destruição que conseguirmos.

Mesmo não sendo uma novidade que deverá fazer com que alguém compre o Wreckfest apenas por causa dela, considero um agrado bacana a todos que possuem o jogo e que pelo menos deverá ser suficiente para despertar a vontade de muitos voltarem a disputar algumas provas.

Outro jogo que também recorreu a estratégia dos crossovers foi o Zombie Army 4: Dead War. Neste título produzido pela Rebellion Developments, o nosso objetivo é encarnar um personagem que precisa lutar contra um exército de zumbis criados pelos nazistas, com a história se passando em 1946, logo após os eventos mostrados na trilogia. Assim passaremos por diversas cidades da Itália e pela Croácia enquanto tentamos evitar as hordas de inimigos que avançarão ferozmente em nossa direção.

Bom, aparentemente despreocupados em prejudicar a imersão dos jogadores, o estúdio achou uma boa ideia adicionar ao seu elenco quatro personagens bastante conhecidos entre aqueles que gostam de multiplayers cooperativos e/ou jogos de zumbis: Coach, Ellis, Nick e Rochelle. Protagonistas do Left 4 Dead 2, agora o quarteto também pode ser escolhido para aniquilar alguns nazistas, o que poderá parecer bastante estranho.

Mantendo suas roupas características do L4D2 e sem a dublagem original, o que deixa a mistura ainda mais bizarra, eu não consigo deixar de pensar em como o grupo parece deslocado na Segunda Guerra Mundial, mas como estamos falando de um conteúdo adicional distribuído gratuitamente e que só será aproveitado caso assim desejarmos, reconheço não se tratar de um problema. Talvez possamos classificar este como um DLC desprezável e o interessante é que ele nem foi a primeira fusão entre as franquias. Em junho o Zombie Army 4 já havia recebido o Left 4 Dead Character Pack 1, que como o próprio nome deixa claro, trazia os personagens do primeiro jogo da Valve.

Como emprestar a sua franquia para outras empresas não é novidade para a Valve, fica a dúvida se um dia veremos os personagens dos Left 4 Dead aparecerem naquele que promete ser o seu sucessor espiritual, o Back 4 Blood. Em desenvolvimento pelo pessoal da Turtle Rock Studios, mesma empresa que criou o primeiro jogo para os donos do Steam, desconfio que haverá uma certa disputa de egos envolvidas nesta possível negociação, mas não tenho dúvida de que se tem um título em que eles se encaixariam perfeitamente, é neste que será lançado em 12 de outubro.

Contudo, crossovers que não fazem muito sentido é algo relativamente comum nesta mídia e esta mistura de Zombie Army 4 com Left 4 Dead me fez pensar em até onde as empresas estão dispostas a irem para aumentar seus lucros. Uma que sempre me incomodou neste sentido é a série Mortal Kombat e nem estou falando da vez em que os lutadores da Netherealm encontraram os heróis e vilões da DC.

Nos últimos capítulos da franquia principal vimos várias adições de personagens consagrados do cinema, o que permitiu presenciarmos duelos entre Jason Voorhees e o Alien, ou controlar o Leatherface em uma batalha contra o Predador. Uma luta entre o exterminador T-800 e o Spawn? Sem problema. E o que você acha de o Robocop medir forças com o Rambo?

Eu não tenho dúvidas de que tais personagens ajudaram a desenvolvedora a vender muitas cópias, até porque alguns dos combates permitidos sempre estiveram na imaginação dos fãs. Do lado do jogador, entendo que a diversão pode acabar justificando esta farofa toda, mas pensando unicamente na imersão, sempre tive um certo preconceito com essas fusões que considero absurdas.

Quem também gosta de aproveitar as poderosas marcas de outras empresas é a Epic Games. Basta dar uma rápida olhada em qualquer site sobre jogos para ver que semanalmente o Fortnite está recebendo os mais variados personagens, o que vez ou outra dá origem a situações inusitadas. De um Thanos superpoderoso a uma campanha de divulgação do filme It - Capítulo 2 que apenas acrescentou balões vermelhos a alguns bueiros, o battle royale ainda colocou Kratos e o Master Chief num mesmo universo, além de nos permitir assistir o Cavaleiro das Trevas dançando sobre o local em que seus pais foram assassinados.

Pois é esta “liberdade” permitida pelos crossovers o que explica porque a Nintendo costuma ser tão protetora com suas marcas e se pensarmos em todas as maluquices em que o Mario e cia. poderiam ter sido envolvidos, quem poderá condenar os japoneses por não quererem fazer parte desta bagunça?

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