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Estariam os filmes de super-heróis com os dias contados?

Para o diretor James Gunn, filmes de super-heróis estão ficando chatos e se não mudarem, gênero poderá ter o mesmo trágico destino dos faroestes

3 anos atrás

Durantes várias décadas as histórias em quadrinhos foram uma forma de entretenimento voltada para um nicho e embora alguns personagens até tivessem se tornado bastante conhecidos, eles só caíram no gosto do grande público após os anos 2000. O grande responsável por esta popularização foi o cinema, com as adaptações se tornando cada vez mais bem produzidas e com tantos fãs sedentos por novos filmes de super-heróis, é natural pensarmos que este é um (sub)gênero que veio para ficar.

filmes de super-heróis

Crédito: Divulgação/Disney

Porém, há pessoas da própria indústria que não estão satisfeitas com o atual estágio destas produções e uma delas é o diretor James Gunn. Responsável por filmes como O Esquadrão Suicida, os dois Guardiões da Galáxia e atualmente produzindo o terceiro capítulo da saga do Senhor das Estrelas, recentemente o americano concedeu uma entrevista onde refletiu sobre o que tem sido feito atualmente e não se mostrou muito otimista sobre o futuro.

Sabemos o caminho que os filmes de cowboys seguiram e o caminho que os filmes de guerra seguiram. Eu não sei, acho que você não precisa ser um gênio para somar dois e dois e ver que existe um ciclo para este tipo de filmes, sabe e a única esperança para o futuro dos quadrinhos e para os filmes de super-heróis é mudá-los. Eles são realmente idiotas e na sua maior parte são chatos para mim agora.

Eu os adorei no início. Eu estava realmente empolgado quando começaram a fazer esses filmes. Se tratava dos efeitos especiais que vi em Superman: O Filme quando era criança. Eu ainda amo aquele filme. Ok, eu sei, é um cara com fios e uma tela azul com esse tipo de efeitos especiais ruins. E então quando o Homem de Ferro saiu, eu estava nele. Você era capaz de fazer um cara voar por aí parecendo como um cara voando por aí. E foi uma coisa linda de se poder fazer, mas se os filmes não mudarem, eles se tornarão muito, muito chatos.

Gunn ainda disse que o seu trabalho é muito influenciado por uma das revistas em quadrinhos mais importantes de todos os tempos, Watchmen. O que fascina o diretor naquela obra é a maneira como Dave Gibbons e Alan Moore fizeram com que os personagens nem sempre tivessem corpos perfeitos ou fossem lindos, com suas roupas as vezes parecendo um pouco desajeitadas. Tal comentário o levou a elogiar algumas pessoas que tem procurado criar filmes de super-heróis diferentes e que está aí o segredo para o estilo se reinventar.

O "simpático" Brandon, em Brightburn: Filho das Trevas (Crédito: Reprodução/Sony Pictures)

Embora não tenha citado exemplos, a primeira coisa que pensei ao ler as palavras de James Gunn foi no filme Brightburn: Filho das Trevas. Nesta criação de David Yarovesky temos a história de uma criança que chega a Terra e logo seus pais adotivos descobrem que ela tem superpoderes. Você certamente conhece um herói assim, mas ao contrário do nosso querido Kal-El, neste longa metragem o alienígena começa a usar suas habilidades para fazer o mal.

Com o roteiro escrito por Brian e Mark Gunn (sim, irmãos de James), alguns poderão dizer que a história deste filme não é exatamente original, com essa ideia de mostrar como um ser superpoderoso poderia se corromper e abusar da inferioridade dos humanos tendo sido usada antes, mas ainda assim gostei da produção. O principal motivo foi por ela ter me mostrado que, mesmo sem ter noção previa disso, eu precisava de um filme de super-herói que pendesse para o lado do terror.

Quem também usou a magia do cinema para mostrar que “com grandes poderes (nem sempre) vêm grandes responsabilidades”, foi Peter Berg. Em 2008 ele colocou Will Smith para estrelar Hancock, um filme em que o protagonista beberrão está sempre salvando o dia, mas nunca da maneira gloriosa como normalmente vemos nas histórias em quadrinhos.

Um que eu também indicaria é o Super-Heróis, documentário que está disponível no HBO Max. Nele Michael Barnett fala sobre pessoas reais que se dedicam a combater o crime em diversas cidades dos Estados Unidos, mas não estamos falando de policiais, mas sim de professores, tatuadores, seguranças e todo tipo de maluco cidadão que veste uma fantasia feita em casa e sai pelas ruas tentando acabar com os “vilões”. Um material muito legal, que tenta desvendar o que há por trás das motivações desse pessoal e que conta com entrevista até do Stan Lee.

Mas de todas as tentativas de levar o gênero a uma direção diferente, acredito que aquele que conseguiu fazer a abordagem mais interessante foi o M. Night Shyamalan, começando lá com o Corpo Fechado. Neste caso, o mais legal é a maneira como os dois primeiros capítulos da trilogia nos dão apenas pequenas pistas que indicam se tratar de filmes de super-heróis, fazendo com que mesmo aqueles que não gostam de quadrinhos sejam arrastados para um universo fantástico enquanto pensam que aquelas são apenas histórias “comuns”.

James McAvoy e um dos melhores vilões dos "quadrinhos" (Crédito: Reprodução/Universal Pictures)

Estes exemplos mostram que James Gunn está correto ao dizer que há algumas tentativas de oxigenar os filmes de super-heróis, mesmo com elas sendo tão raras. Eu também acho que produções assim poderão perder relevância com o passar do tempo, assim como aconteceu com outros gêneros, mas não concordo com a ideia de que as adaptações baseadas nos quadrinhos estão se tornando chatas. Por enquanto ainda consigo me divertir com esse tipo de filme — alguns mais, outros menos — e muitas vezes ainda aguardo o próximo lançamento com uma grande expectativa.

A minha curiosidade agora é para ver como as palavras do diretor poderão interferir na percepção do público em relação ao Guardiões da Galáxia Vol. 3, já que ele jogou uma responsabilidade muito grande sobre seus ombros e tal crítica poderá acabar sendo usada contra ele mesmo no futuro.

Fonte: The Mary Sue

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