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Peter Moore sai em defesa do FIFA Ultimate Team

Enquanto muitas pessoas lutam pelo fim das loot boxes, ex-executivo da EA defende o FIFA Ultimate Team e diz que modo está distante dos jogos de azar

3 anos atrás

Uma das maiores discussões na indústria de games nos últimos anos é sobre as loot boxes. De um lado temos os consumidores e governos, que veem nessa prática uma forma de jogo de azar, já do outro temos as desenvolvedoras e editoras, que não querem ver secar uma fonte de faturamento tão generosa. E com um consenso parecendo estar distante, um ex-executivo da Electronic Arts tratou de ficar do lado do FIFA Ultimate Team (FUT).

FIFA Ultimate Team

Crédito: Divulgação/EA Sports

Tendo sido um dos nomes mais importantes da EA por quase uma década, Moore concedeu uma entrevista ao site GamesIndustry onde um dos principais assuntos foi a sua visão sobre o modo da série FIFA em que montamos uma equipe com cards virtuais encontrados em pacotes. Para ele, o modelo oferecido pelo jogo não pode ser comparado a um sistema de apostas.

Você sempre ganha algo. Não é como se abrisse [um pacote] e não houvesse jogadores ali. Esta é uma visão pessoal, mas o conceito de surpresa e deleite vs jogos de azar… em contínuo, eles estão muito distantes um do outro. Você compra ou abre caminho para conseguir um pacote ouro, você o abre e então, ou fica feliz ou acha que é uma bela porcaria. Eu não vejo isso como jogo de azar, por si só — mas novamente, esta é a minha visão pessoal como alguém de fora, agora.”

Para ilustrar sua linha de raciocínio, Moore comparou os pacotes do FIFA Ultimate Team aos cartões de jogadores que vinham em maços de cigarros nas décadas de 20 e 30, ou então as Lucky Bags, que eram sacos de doces onde os ingleses poderiam encontrar diversas coisas, até mesmo joguinhos, livros de colorir e lápis de cor. Segundo ele, “as pessoas adoram isso”, sendo maravilho o senso de incerteza em relação a o que receberemos e então “bang, Ronaldo ou Messi rolam [para fora do pacote].

Mas se você não gostou muito do que o executivo disse em relação as loot boxes, espere até saber sua opinião sobre a EA, mais precisamente sobre a polêmica envolvendo as microtransações no Star Wars Battlefront II. Para Peter Moore, ”uma coisa que eles sempre foram bons é em pegar o feedback e perceber, ‘Sabe o que? Provavelmente não deveríamos ter feito isso’ ou ‘Aquela foi uma decisão errada, não coloca o gamer em primeiro lugar,’ e então recuar e tomar uma decisão diferente.

Para ser sincero, nunca vi problema no modelo utilizado pelo FUT, mas tenho consciência de que isso provavelmente está relacionado ao fato de que não o jogo. Para mim, a ideia de encontrar jogadores em pacotes de figurinhas sempre pareceu algo divertido, mas entendo o enorme potencial viciante que algo assim possui e compreendo o medo que ele desperta nas pessoas e o quão nocivo financeiramente pode ser para quem perder o controle.

Uma mina de ouro sem fim

Crédito: Divulgação/EA Sports

Voltando à entrevista, outro argumento utilizado por Peter Moore para defender esse tipo de negócio são os números que giram em torno de um modo como o FIFA Ultimate Team. Segundo ele, o valor gasto pelas pessoas indica o quanto elas adoram esse modelo e que na época em que estava na EA, as únicas reclamações que a empresa recebia era quando os servidores caíam e as pessoas não podiam jogar ou abrir os pacotes.

Mas já que Moore tocou nos números, de quanto exatamente estamos falando? Pois de acordo com o relatório fiscal do ano que se encerrou em março de 2020, durante o período a Electronic Arts arrecadou impressionantes US$ 1,49 bilhão só com este modo. Isso significa um aumento de mais de US$ 100 milhões em relação ao ano anterior e praticamente o dobro ao que a empresa havia registrado em 2017.

Só para termos uma melhor noção do que tal valor representa para a EA, saiba que durante o ano fiscal de 2020 o faturamento total da empresa foi de US$ 5,5 bilhões e desses, US$ 2,7 bilhões vieram dos gastos dos jogadores com conteúdo in-game. Abaixo você confere quanto o FUT tem gerado para a editora, ano após ano:

  • 2015: US$ 587 milhões
  • 2016: US$ 660 milhões
  • 2017: US$ 775 milhões
  • 2018: US$ 1,18 bilhões
  • 2019: US$ 1,37 bilhões
  • 2020: US$ 1,49 bilhões

Assim fica mais fácil entender porque a EA tem brigado tanto para manter a venda de cartas dentro do seu jogo de futebol, pois mesmo com alguns políticos criticando duramente a prática e até recorrendo à justiça para impedir que o negócio continue em seus países, não será uma multa de € 10 milhões que fará a companhia norte-americana desistir deste bolo.

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