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Resenha: Greyhound - um filme de navio extremamente enxuto

Greyhound é tudo que se espera de um filme curto e objetivo sobre o perrengue dos comboios atravessando o Atlântico na Segunda Guerra

4 anos atrás

Greyhound é um raríssimo filme que cumpre tudo que promete, mesmo prometendo muito pouco. Baseado no livro The Good Shepherd, de C. S. Forester, o filme com roteiro de Tom Hanks, que também estrela a película, é simples, linear, enxuto e perfeito.

Já contamos sobre a Batalha do Atlântico neste post aqui, quando comboios levando suprimentos para o Reino Unido eram incessantemente caçados por submarinos alemães, primeiro sozinhos depois em matilhas que chegaram a ter 50 submarinos em ataques sincronizados.

No meio do Atlântico a única defesa eram os destróiers de escolta, como o fictício USS Greyhound, um contratorpedeiro classe Fletcher de 2500 toneladas, 114 metros de comprimento e armado até os dentes.

O filme começa com um encontro entre o Comandante Ernest Krause, personagem de Tom Hanks, e uma jovem senhora chamada Evelyn, papel de Elisabeth Shue. Ele está celebrando seu primeiro comando, e convida Evelyn para acompanhá-lo pelos vários lugares aonde irá treinar antes de efetivamente ser enviado para combate.

 

Junto com o convite, uma pré-proposta de casamento, a qual Evelyn recusa. Pronto, dramalhão, ele vai ficar chorando a morte da bezerra, vão ficar de idas e vindas o filme todo, certo?

Errado. Essa cena absolutamente desnecessária só existe para cumprir cotas de festivais que exigem “diversidade”, sem nenhuma mulher no elenco não poderiam concorrer a prêmios.

Passada essa cena de abertura, voltamos pro Greyhound, aonde Tom Hanks é um comandante severo mas justo, extremamente competente mas confrontado com chances impossíveis. Saindo do alcance das aeronaves decolando de solo americano, o comboio enfrenta o meio do Atlântico, aonde os U-Boats estão esperando.

Greyhound mostra com extrema precisão esse dia-a-dia. Não há longos diálogos expositórios, não há reflexões filosóficas sobre a inutilidade da guerra, Tom Hanks não tem momentos de extrema humanidade e salva seus inimigos.

Principalmente, Greyhound não tem nada de cinza, é um raro filme de guerra moderno que ousa partir de um princípio raro no cinema atual: Nazistas são malvados, nazistas são do mal, nazista é tudo alemão. Não há qualquer tentativa de humanizar o inimigo. Não vemos sequer o interior dos submarinos.

Na maior parte do filme os nazistas se resumem a vozes no rádio trollando o Greyhound. Quando vemos homens nos submarinos, estão comandando as armas do convés atirando no comboio.

Há gente reclamando que os personagens não são profundos, que não há desenvolvimento, mas quanto desenvolvimento você conseguiria ter no meio do Oceano por três dias cercado de alemães querendo te matar?

Greyhound é um filme de guerra sem nenhuma gordura, são 91 minutos de uma roída, respiração presa e, como foi dito em algum lugar, fog of war. Conseguiram algo bem difícil, manter a tensão sem mostrar o inimigo e sem você ter ideia de quando ele iria aparecer.

O mais incrível foi que conseguiram isso com um filme extremamente barato. Foram meros US$50 milhões, a metade gasta em CGI e o resto nas duas semanas de filmagens no USS Kidd, um destróier classe Fletcher da 2a Guerra, hoje um navio-museu na Louisiana.

A História de Greyhound:

Dá pra resumir em uma linha: Tom Hanks tem que defender seu comboio por três dias até estar ao alcance dos aviões aliados do outro lado do Atlântico.

É isso que o filme promete, é isso que o filme entrega e crianças, acreditem: entrega de bandeja.

Corra pra sua Apple TV+ ou qualquer outro meio que use para assistir, e assista. Só vá ao banheiro antes.

Cotação:

5/5 Markos Ramius

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