Ronaldo Gogoni 4 anos atrás
O TikTok, o app musical que se tornou uma febre entre jovens do mundo não anda tendo uma semana agradável nops Estados Unidos: o app é o mais novo alvo de escrutínio do Comitê de Investimentos Estrangeiros (CFIUS), que cogita a possibilidade dele fornecer dados dos usuários ao governo chinês, país de origem da ByteDance, dona do software.
Nesse meio tempo, o site Bloomberg publicou uma notícia de que a empresa estaria cogitando vender parte do TikTok a investidores, o que foi desmentido.
O TikTok é um aplicativo para iPhone (apps.apple.com) e Android (play.google.com) de edição de vídeos e rede social; ele permite que usuários gravem vídeos curtos, de 15 a 60 segundos, com um fundo musical dentre as várias canções disponíveis na sua biblioteca, todas licenciadas. Com ele, é possível realizar desde uma dublagem a sonorizar atividades diversas, e incrementa-lo com adesivos, filtros 3D e recursos de Realidade Aumentada.
O TikTok originalmente se chamava Musica.ly, e era mantido por uma empresa de mesmo nome originária de Xangai, mas que possuía escritório em Santa Monica. Em novembro de 2017, a chinesa ByteDance adquiriu o app, e em agosto de 2018, o fundiu ao TikTok original (que possuía uma versão para o mercado chinês, chamada Douyin), passando a ser um app global e único, o TikTok atual.
Hoje o app é uma febre entre jovens e influenciadores digitais, e se consolidou como uma das principais redes sociais na faixa etária de 15 a 29 anos.
Hoje, a ByteDance é a startup "unicórnio" mais valiosa do mundo, com um valor de mercado de US$ 75 bilhões; ela chegou a ultrapassar o Uber quando o app de transportes ainda encabeçava a lista (seu capital está avaliado atualmente em US$ 50 bilhões). Dado seu tamanho, não demoraria muito para os órgãos de segurança mirarem também na empresa, apontando riscos aos dados dos usuários, como ocorrem com outras companhias chinesas, tais como ZTE e Huawei, entre outras.
A desconfiança do CFIUS e outras agências é de que a ByteDance possa ser compelida a compartilhar dados de todos os usuários do TikTok com o governo chinês (se já não o faz), o que inclui nome, idade, endereço de e-mail, número do telefone, dados de localização, credenciais da conta (e há a suspeita de que o app coleta dados de outros serviços, como redes sociais de terceiros usadas para criar os perfis) e o conteúdo original criado na plataforma. A Marinha inclusive baniu o app, proibindo militares de acessarem a rede do governo com seus celulares, caso eles tenham o app instalado.
A reportagem do Bloomberg afirmava que a ByteDance não quer que aconteça com ela o mesmo que com a Beijing Kunlun Tech, que foi obrigada pelo CFIUS a vender sua parte no Grindr, e por isso estaria oferecendo várias alternativas para tranquilizar os órgãos de segurança, desde separar a operação do TikTok de seus outros produtos, à venda de uma parte majoritária a grupos de investidores, como o SoftBank Group ou o Sequoia Capital.
No entanto, a companhia respondeu à matéria, que chamou de “imprecisa” e “sem mérito”, dizendo que não há planos para vender o TikTok ou uma parte dele. Já Alex Zhu, responsável pelo app disse em uma nota que o Bloomberg foi contatado antes de publicar a matéria e alertado de que a fonte (que afirmava que a ByteDance esperava lucrar até US$ 10 bilhões com a venda) era imprecisa, mas a matéria foi para o ar mesmo assim.
De qualquer forma, a situação da ByteDance frente ao governo norte-americano pode degringolar para uma resolução desagradável para a empresa, dados os ânimos entre EUA e China.