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Cientistas querem se comunicar com aliens atirando neles com lasers gigantes

Cientistas estão propondo que em vez de rádio, a melhor forma de se comunicar com aliens é… atirar na direção deles com lasers gigantes.

5 anos atrás

Um dos problemas de pesquisas como SETI — Busca por Inteligências Extra-Terrestres é que o espaço é grande, muito grande. A ponto de tornar cômico um dos maiores perigos da ficção científica, um salto no hyperespaço fazer a nave reaparecer dentro de um planeta. Neil DeGrasse Tyson fez as contas em um podcast e dado o espaço entre planetas e sistemas solares, as chances eram uma porcentagem de 0,0000000001% ou menor, pelo que me lembro bem menor, com muitos zeros.

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Quando você tem um monte de estrelas para monitorar e um número limitado de radiotelescópios, fica complicado varrer um a um, mas existem satélites que monitorar centenas, às vezes milhares de estrelas de uma vez, acompanhando sua variação luminosa. Se uma civilização conseguir fazer sua estrela piscar (ok, isso ficou estranho) pode anunciar sua presença para todo mundo em volta.

O problema é que alterar o brilho de uma estrela demanda um tiquinho de energia a mais do que somos capazes de produzir, e por tiquinho entenda uma quantidade boçal de energia. Qual a alternativa?

LASERS!

Em um paper escrito por James R. Clark e Kerri Cahoy foi discutida a idéia de em vez de ondas de rádio, usarmos lasers super-poderosos em conjunto com telescópios para concentrar os raios e gerar uma alteração visível no espectro de luz emitida pelo Sol, facilmente detectável à distância.

Qual distância? Longe. Em teoria um laser de 100 GW como o DE-STAR 4 (Directed Energy System for Targeting of Asteroids and exploRation) seria detectado a uma distância de 100 milhões de anos-luz, mas há alguns empecilhos. Primeiro, não estamos nem perto de criar um laser de 100 gigawatts. Segundo, qual a vantagem de acenar para aliens a 100 milhões de anos-luz de distância? Eles só nos verão daqui a 100 milhões de anos, se recebermos resposta deles hoje a mensagem será “Olá, terráqueos, belas escamas, cuidado com asteróides”.

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Área da galáxia atingida por nossas transmissões de rádio, desde Marconi. É aquela bolinha azul.

Já um laser na casa de 1 MW, algo que estamos quase conseguindo criar, e um telescópio com 40 m de abertura seria capaz de mandar sinais claros para qualquer civilização num raio de 20 mil anos-luz.

A principal vantagem é que, independente da distância, a relação sinal/ruído entre o laser e a luz do Sol continua a mesma. Outra é que o laser pode ser apontado diretamente para exoplanetas, e não na direção genérica das estrelas, aumentando a intensidade do sinal recebido e as chances de ser detectado.

Os pesquisadores admitem que as chances de conseguir que a Força Aérea dos EUA empreste seu futuro laser de 1 MW, e que os europeus o instalem no telescópio do ESO e usem para mandar mensagens para aliens é bem pequena, mas a observação de sinais pode ser feita até por telescópios caseiros. Se a idéia for boa um monte de gente (ou mais provavelmente aliens) estará transmitindo sinais luminosos.

O outro lado é que talvez não seja uma boa idéia.

Por mais que não haja motivo para temermos uma invasão (não há nada de especialmente valioso na Terra) a História provou que toda vez que uma cultura mais avançada encontra uma mais atrasada, não importa que tenham a melhor das intenções, a cultura menor é dizimada, assimilada ou desaparece.

Somente no Universo dos Quadrinhos os governos mantém programas espaciais enquanto o Super-Homem pode levar um robô até Marte em alguns minutos. Imagine justificar no Congresso que você quer 4 bilhões de dólares para desenvolver um foguete ao mesmo tempo em que o Thor e o Tony Stark viajam para todo canto da Galáxia sem esforço.

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Imagine uma Civilização generosa transmitindo pra gente os volumes da Enciclopaedia Galactica. Alguns ramos como biologia e História não seriam muito afetados, outras ciências seriam dizimadas. Teríamos que correr atrás de Séculos, talvez milênios de conhecimento. Por mais inteligente que fosse o melhor curandeiro da Idade do Bronze levaria uma vida para entender um aparelho de ressonância magnética.

Indústrias inteiras desapareceriam, substituídas por fábricas de equipamentos que não compreenderíamos como funcionam, e por isso não criaríamos sua próxima geração. Um presente para a Terra, geradores de energia de ponto zero, energia infinita e não-poluente? Maravilhoso, e toda a indústria de energia do planeta acaba de falir.

E nem toquei nos campos mais complicados, envolvendo filosofia e teologia. Pense na batata-quente de explicar que os alienígenas não têm conceito de religião ou tem mas o modelo deles não se encaixa com o nosso.

Quando Jornada nas Estrelas fala da Primeira-Diretriz, que proíbe qualquer tipo de interferência com sociedades primitivas parece cruel, mas se pararmos pra pensar, é a mais importante regra da Federação. É possível inclusive que a Primeira-Diretriz seja uma explicação para ninguém responder nossas mensagens.

Fonte: o paper Optical Detection of Lasers with Near-term Technology at Interstellar Distances.

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