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Acredite: a moda agora são Digital Influencers Digitais.

A era dos Influenciadores Digitais pode estar chegando ao fim. Startups estão criando influenciadores 100% digitais, com computação gráfica e redatores. Pior, sob um certo ponto de vista nem é tão errado.

6 anos atrás

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Digital Influencers são criaturas complicadas. Surgem meio aleatoriamente e do nada arrebanham números imensos de seguidores. Marcas correm para aproveitar dessa influência, mas invariavelmente o deslumbramento com o dinheiro fácil, a pouca idade e a falta de bons exemplos transformam o influenciador em um monstrinho. Ou ele faz algum comentário racista e as marcas fogem feito desesperadas em modo contenção de crise.

Idealmente as marcas criariam um influenciador digital do zero. Da primeira vez que isso foi tentado pegaram 1 ano de dejetos da lata de lixo da Dra Sandra Lee, misturaram com uma tonelada de péssimas idéias e saiu o Logan Paul.

Lição aprendida, partiram do zero de novo e observaram que no Japão há toda uma indústria de Idols robôs e até Idols virtuais, que são basicamente cantoras japinhas em computação gráfica ruim, e se você acha que ninguém seria burro a ponto de gastar dinheiro enchendo um estádio pra ver uma CGI tosca de PS2 projetada numa parede de acrílico, tenho péssimas notícias.

Kevin Quirós A — Hatsune Miku, Magical Mirai 2016 Full Concert (with Download Link) , Makuhari Messe

Vendo isso o pessoal começou a pensar… será que poderiam criar Digital Influencers de redes sociais, claramente artificiais, para evitar a acusação de fraude como foi o caso da Lonelygirl15. uma YouTuber dos primórdios da plataforma que ganhou bastante atenção em 2006 mas logo foi desmascarada como um projeto de ficção.

Com o exemplo japonês, era razoável apostar que os millennials ocidentais também comprariam a idéia de celebridades virtuais, e deu certo. A “moça” da imagem de abertura se chama Miquela, é mais uma entre várias personalidades artificiais criadas por uma startup chamada Brud.

Personalidades artificiais é um bom termo, não há nada de natural ali, tudo é escolhido para ressoar com o público-alvo, de gostos musicais e roupas até a lacração obrigatória. Miquela tem em seu perfil do Instagram referências ao Black Lives Matter. Claro que elas mattam  mas para fantoches virtuais?

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E o quanto isso deu certo? Miquela tem 1,2 MILHÃO de seguidores. Anuncia constantemente marcas e eventos.

A gente bate sempre na tecla de que o que vende é conteúdo de qualidade, mas caindo na real, o público compra qualquer coisa. A Miquela é uma enorme coleção de banalidades, é como se alimentassem um anfitrião de Westworld com 50 anos de revistas de bordo de empresas aéreas. E ela Não está sozinha.

Temos a Shudu Gram, a “primeira supermodelo virtual”.

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Tem o B Lawko

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E até a Bermuda, uma Digital Influencer Digital que aparentemente fugiu do Second Life pro Instagram, e é militante alt-right, afinal de contas trumpinhos também gastam dinheiro.

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Bermuda inclusive foi acusada pelo fundador da Brud de ter hackeado o perfil da Miquela no Instagram, fato confirmado em email para o TechCrunch, só que mais tarde descobriu-se que ambos os personagens são da Brud, a invasão foi só teatrinho pra agitar as redes sociais.

As marcas, elas adoram. Influencers com popularidade mas com risco zero de pisarem na bola, sem ego ou vontade própria, dispostos a anunciar quem pagar melhor dizendo o que for escrito pelo departamento de marketing, sem questionamentos. Melhor que isso não fica.

O fenômeno todo como um todo é fascinante: a existência virtual é tão dissociada da realidade que o jovem moderno não tem prolemas em acompanhar o dia a dia de pessoas que não existem. O que importa é que apertem os botões certos.

Faz sentido, se você pensar que acompanhar a vida de personagens fictícios é o que fazemos ao assistir séries, mas o que não me conformo é como alguém pode acompanhar vidas fictícias onde nada de interessante acontece. A tal Bermuda não é abduzida por aliens, fica postando memes Lula, digo Hillary Presa Amanhã. São totalmente indistinguíveis de 985.450.230 outros perfis.

Será a necessidade de validação? Será que as pessoas em suas vidinhas mais ou menos acompanham vidinhas mais ou menos e as tornam famosas, na intenção de se sentirem especiais em sua normalidade?

Não sei, não sei mesmo, a única coisa que eu sei é que esse tipo de perfil não afeta conteúdo de qualidade com o que a gente produz no Meio Bit, e mesmo que surjam milhares de Digital Influencers 100% digitais, eles só tornarão inviável a vida de quem tem como conteúdo banheiras de Nutella e similares.

Ok, que sejam bem vindos os Influencers digitais digitais.

Fonte: CNN.

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