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O que a compra do GitHub pela Microsoft significa para a empresa e a comunidade Open Source

A Microsoft foi às compras mais uma vez e levou o GitHub para casa por US$ 7,5 bilhões; descubra o que a aquisição representa para ambas companhias e o que muda (ou não) para o desenvolvedor de código aberto.

6 anos atrás

A aquisição do GitHub pela Microsoft por US$ 7,5 bilhões pegou muita gente de surpresa. O serviço que hoje hospeda 85 milhões de repositórios e conta com 28 milhões de desenvolvedores ativos é a maior e mais popular plataforma de desenvolvimento colaborativo do mundo, e muita gente ficou preocupada com a compra principalmente pelo medo das coisas desandarem.

Porém, observando o histórico da Microsoft junto ao Open Source é seguro afirmar que vai acontecer exatamente o inverso.

De acordo com Satya Nadella, a principal mudança externa diz respeito a uma maior aceitação da plataforma pelas corporações, incentivando sua adoção junto a seus clientes tradicionais. Sendo assim, a Microsoft irá injetar esforço e dinheiro para fazer com que o serviço se torne mais popular principalmente no que diz respeito a suas soluções corporativas, que são pagas e hoje representam mais da metade do lucro anual do GitHub.

Tal ponto foi inclusive levantado pelo CEO e co-fundador Chris Wanstrath, de que não faz sentido dizer que corporações e código aberto não se misturam; para ele é importante permitir que o desenvolvedor tenha a liberdade de trabalhar código público, privado ou intermediário como desejar, e a visão da empresa é permitir que todos tenham acesso ao GitHub. O que a Microsoft vai prover é tração e capital para isso.

Ambos CEOs afirmam categoricamente que o modo de operação do GitHub não vai mudar, pelo contrário: o serviço estava muito mal das pernas, acumulando um prejuízo de US$ 66 milhões (paywall) em apenas três trimestres de 2016, em meio a esforços de expansão; a companhia não estava contente com o comando de Wanstrath tampouco, e não só buscava outra pessoa para substituí-lo como o CSO Julio Avalos havia assumido boa parte das operações.

A única mudança anunciada pela Microsoft diz respeito à cadeia de comando: quando a aquisição for concluída o GitHub integrará a divisão técnica da companhia e dessa forma, ficará sob a supervisão do vice-presidente executivo de Nuvem e IA Scott Guthrie; Chris Wanstrath será movido do cargo de CEO para a equipe técnica, dando lugar ao atual VP corporativo de Serviços de Desenvolvedor Nat Friedman. Ele é conhecido pela comunidade Open Source como o fundador do Xamarin, plataforma pública para a criação de aplicativos móveis que a Microsoft adquiriu em 2016.

Da esq. para a dir.: Chris Wanstrath, atual CEO e co-fundador do GitHub; Nat Friedman, vice-presidente corporativo de Serviços de Desenvolvedor; Satya Nadella, CEO e Amy Hood, CFO da Microsoft

Em última análise, manter a maior plataforma de código aberto do mundo é uma tarefa complexa e cara, e o GitHub tinha duas alternativas para conter o sangramento: abrir o capital ou ser comprado. A Microsoft, especificamente Satya Nadella conseguiu convencê-los de que a aquisição por Redmond é a melhor alternativa (muito melhor do que a Oracle comprá-la, com certeza), dado o compromisso de não mexer em nada e injetar fundos para que o serviço se torne ainda mais forte.

Do lado da Microsoft, que já era a companhia privada que mais colabora com o GitHub a compra é essencial para concentrar seus esforços nas quatro principais frentes que Nadella considera cruciais: Nuvem, IA, Serviços (incluso Windows, Office e Xbox) e mercado corporativo. Desde que Steve Ballmer deixou o comando, sua visão de que o Linux era um câncer e um antro de comunistas foi completamente abandonada em prol de fortalecer a relação entre a Microsoft e os desenvolvedores de código aberto.

Nadella sabe que empresas não podem ficar de birra, a meta é sempre gerar lucro e o melhor a fazer é reconquistar a confiança dos desenvolvedores Open Source, oferecendo plataformas e ferramentas robustas. A compra do GitHub é uma jogada de longo prazo, o serviço só tem a ganhar e isso pode e irá se converter em mais desenvolvedores criando produtos para Redmond.

Para isso foi importante abraçar o Open Source liberando o PowerShell, o Skype e o SQL Server, entrar para o Projeto Eclipse e lançar distribuições Linux de grande porte e para dispositivos da Internet das Coisas. O GitHub já hospedava boa parte de seu código, do .NET ao Visual Studio e qualquer um poderia contribuir, corrigir bugs ou mesmo desenvolver outros produtos em cima.

Do lado do desenvolvedor, só melhoras: o GitHub continuará sendo o livre e a Microsoft não irá se meter em nada relativo ao desenvolvedor independente, que poderá continuar usando qualquer linguagem de programação ou ferramenta de desenvolvimento. Na frente corporativa, no entanto seus canais próprios e parceiros de vendas passarão a vender os serviços pagos do GitHub Enterprise, o que significa um alcance e aceitação muito maior no mercado graças ao selo de qualidade e confiança provido pela Microsoft.

E aos freetards que fugiram para o GitLab porque huehue Micro$oft não quero meu código na mão de corporações malignas, apenas uma nota: ainda que a plataforma tenha abandonado o Microsoft Azure, ela está hospedada hoje na nuvem do Google, que também não é nenhuma ONG.

Fontes: Microsoft e GitHub.

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